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#Palmas na missa e dança litúrgica - Pode ou não pode? Por que?

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 24 de novembro de 2013 | 12:36






Por *Francisco José Barros Araújo 





Dizem os Rad Trad e Sedevacantistas: "Se a Santa Missa é única e exclusivamente memorial da morte de Cristo, não se pode aplaudir e nem se fazer danças litúrgicas, pois seria um sacrilégio e desrespeito com a morte de Cristo!" Certo?...


-Errado!










Errado? Então se pode aplaudir?... Por que, e para que?






A santa missa é: Atualização do sacrifício de Cristo sim! Mas não restrita exclusivamente ao calvário, pois nela se estende também, a celebração da proclamação de sua gloriosa ressurreição:




-"Anunciamos, Senhor, a vossa morte, e proclamamos a vossa ressurreição!"



















Em primeiro lugar, é preciso entender o significado de palmas e aplausos: "Palmas não são sinônimos de deboche", mas de aprovação e louvor!


 










Em alguns ambientes católicos, ultraconservadores e sedevacantes, tem-se afirmado com certa constância que a Missa é tão somente renovação da paixão e morte de Cristo, e que portanto, bater palmas seria um desonroso sacrilégio, e fazer o papel dos inimigos de Cristo! Ora, é preciso entender que “o Mistério Pascal engloba tanto uma como a outra”, ou seja, morte e ressurreição! De fato, Cristo ressuscitado Se faz presente em todas as missas posteriores à sua Páscoa, ou seja, em todas as missas com exceção da primeira missa na qual se deu na Última Ceia, e tudo isso por um motivo bastante óbvio: Ele ressuscitou! E é dessa forma ressuscitado, que age através do sacerdote celebrante! A sua ressurreição é motivo de alegria e não de tristeza! Quando Cristo (o sacerdote) pronuncia as palavras “Isto é o meu corpo...”, é o Cristo Glorioso quem as pronuncia, porque são palavras pronunciadas no presente! A comprovação cabal da ressurreição no rito litúrgico da missa todavia, se torna presente à recordação, e não sacramentalmente; a inserção de um pedaço do pão consagrado no cálice, é símbolo da ressurreição, não sua renovação mística, que é desnecessária, pois Cristo Se encontra ressuscitado!
















A Ressurreição já se prolonga nos tempos por esse fato somente, o de que o Senhor encontra-se vivo e já não pode mais morrer , ao contrário do sacrifício do Calvário, o qual, se não fosse renovado misticamente na Missa, seria um fato passado, presente somente à nossa memória e na medida em que suas graças nos são aplicadas através dos demais sacramentos. A ressurreição, então, está presente em todas as Missas posteriores à Última Ceia, porque o Senhor Glorioso é quem toma o pão e o vinho e os consagra e oferece ao Pai, portanto, é plenamente correto dizer que o Ressuscitado encontra-se presente em toda Missa. A celebração memorial do Santo Sacrifício da Missa é renovação ou atualização do sacrifício, recordando-nos os fatos históricos tanto da paixão quanto da ressurreição de Cristo.






A carta encíclica "Ecclesia de Eucharistia de São João Paulo II" nos remete a esta verdade:






















Nº 14. "A Páscoa de Cristo inclui, juntamente com a paixão e morte, a sua ressurreição. Assim o lembra a aclamação da assembleia depois da consagração: Proclamamos a vossa ressurreição! Com efeito, o sacrifício eucarístico torna presente não só o mistério da paixão e morte do Salvador, mas também o mistério da ressurreição, que dá ao sacrifício a sua coroação. Por estar vivo e ressuscitado é que Cristo pode tornar-se pão da vida (João 6, 35.48), pão vivo (João 6, 51), na Eucaristia. S. Ambrósio lembrava aos neófitos esta verdade, aplicando às suas vidas o acontecimento da ressurreição: Se hoje Cristo é teu, Ele ressuscita para ti cada dia! Por sua vez, S. Cirilo de Alexandria sublinhava que: a participação nos santos mistérios é uma verdadeira confissão e recordação de que o Senhor morreu e voltou à vida por nós e em nosso favor ".









A frase seguinte do Papa S. João Paulo II trata de explicar em que sentido a ressurreição se faz presente:









“É Cristo vivo que pode tornar-Se pão da vida, e assim oferecer-Se ao Pai. A primeira presença, do sacrifício, é a presença mística do sacrifício do Calvário; a segunda, da ressurreição, equivale mais propriamente à presença real, pela transubstanciação, do Ressuscitado. A Eucaristia, enquanto sacramento, nos traz a presença real do Ressuscitado; e enquanto sacrifício  inseparável da confecção” do sacramento  nos traz a presença mística do Seu sacrifício na Cruz.”
















O mesmo Santo Papa havia dito um pouco antes na mesma encíclica:







“Esta [a Eucaristia ] tem indelevelmente inscrito nela o evento da paixão e morte do Senhor. Não é só a sua evocação, mas presença sacramental. É o sacrifício da cruz que se perpetua através dos séculos” (n. 11).







Talvez a frase seguinte pudesse corroborar a tese de uma renovação mística da Ressurreição (de si, sem sentido, como já falamos):









“Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do seu Senhor, este acontecimento central de salvação torna-se realmente presente e  realiza-se também a obra da nossa redenção”.


















Vê-se, então, como a Eucaristia é atualização sacramental do sacrifício da Cruz, e como a ressurreição se faz presente de modo indireto, seja porque é “coroação” desse sacrifício, que permite ao Senhor estar presente sobre o altar para oferecer-Se ao Pai, seja porque o fato histórico (da Ressurreição) é comemorado em cada Missa  como, ademais, o é, de forma mais especial e solene, na Páscoa e durante todo o Tempo Pascal!





Seria interessante, para a reflexão presente, buscar esclarecer o conceito de “memorial”









Classicamente, se falava de “representação” e “memória” do sacrifício (cf. Doutrina sobre o Santíssimo Sacrifício da Missa do Concílio de Trento). A primeira noção se refere ao “tornar-se presente”, ao “atualizar-se”, ao “renovar-se” ou “perpetuar-se” (da substância) do sacrifício do Calvário; e a segunda, à rememoração do evento histórico, o que é feito de modo especial na Sexta-Feira da Paixão, e constitui a especificidade mesma desse Ofício Solene. A teologia litúrgica contemporânea trouxe à tona o conceito de “memorial”, que significaria, na mentalidade judaica, “uma recordação que torna efetivamente presente aquilo que recorda” (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 1363-1364).Nesse sentido, a Missa seria “memória” (do evento) da Paixão, no sentido clássico, e “memorial” (da substância) do Sacrifício, no sentido contemporâneo. O termo “memorial” entrou no Magistério contemporâneo, significando ora recordação, ora atualização, e é preciso discernir cuidadosamente, em cada contexto, qual é a conotação exata!















Assim, por exemplo, nos diz o papa São João Paulo II (em passagem já citada aqui):







“Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do seu Senhor...” (n.11).



















Uma das quatro Constituições dogmáticas, a Sacrossanctum Concilium do Concílio Vaticano II,  menciona o “memorial”










Nº47. “O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o "memorial da sua morte e ressurreição": sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura.”








Tudo o que Cristo realizou foi pela redenção dos homens: Sua morte, ressurreição e glorificação! O conjunto da obra redentora, é motivo sim, de todo nosso louvor!















Claro que a mesma não é uma realidade monolítica! Entretanto, para evitar uma "leitura alegórica da Santa Missa", muito comum na idade média (pré-tridentina), onde esse magistério ainda não estava bem esclarecido e definido, é preciso ver a atualização do sacrifício no seu sentido mais estrito da entrega da vida do Senhor Jesus ao Pai, que é o significado pela consagração separada das espécies eucarísticas, e concomitante, oferta das mesmas pelo sacerdócio ministerial (no Rito Romano Tradicional e nos Ritos orientais essa oferta fica evidenciada pelo Rito do “Ofertório”, o qual foi atenuado no Novo Rito Romano) e compreender que aqui o Papa está falando do “memorial” como “memória” dos demais eventos que se congregam ao redor do fato essencial do sacrifício!








Podemos concluir, retomando o ponto de partida dessa reflexão, que a vida, Paixão, morte e Ressurreição de Jesus se fazem presentes na Missa!




















A Paixão é atualizada, é tornada realmente presente, substancialmente presente. Já a Ressurreição o é de modo meramente memorial  no sentido clássico, proclamando que ela, um dia, ocorreu  historicamente e que a partir de então, se perpetua no ser mesmo do Ressuscitado, sem necessidade de atualização sacramental. A morte é anunciada porque misticamente ela é renovada, é atualizada, é tornada real e substancialmente presente. A ressurreição não é anunciada, mas proclamada porque se deu no tempo  e segue perpetuada no corpo mesmo de Cristo. Se a Paixão e a Ressurreição fossem recordadas de igual modo na Missa, não seria preciso duas expressões distintas. Bastaria anunciar a morte e a ressurreição. Alguns tradicionalistas querem ver nessa expressão uma mitigação do caráter propiciatório do sacrifício da Missa, quando o contexto mostra que se está falando simplesmente de “Sacrifício da Eucaristia”, como sinônimo de “Sacrifício da Missa” (não existe o adjetivo “míssico”, para falar “sacrifício míssico”!), que o mesmo perpetua o Sacrifício da Cruz, não fica margem para compreender que a “morte” e a “ressurreição”, das quais dito Sacrifício eucarístico é “memorial”. Veja-se que o Sacrifício tomado como um todo, a “representação” ou “perpetuação” do sacrifício da Cruz, é que é “memorial” enquanto “memória” (dos eventos) da morte e ressurreição , estão presentes na Missa com o mesmo caráter conforme a Sacrossanto Concílum nº 47.






Por isso, na resposta dos fiéis ao Mysterium fidei, usa-se duas expressões diferentes e complementares:





-Anunciamos, Senhor, a vossa morte... 


-E proclamamos a vossa ressurreição!









(Glória a Deus nas alturas!)









Vamos ao que diz a palavra de Deus e o Magistério da Igreja: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós"(João 1,14). "A palavra de Deus é viva e eficaz" (Hb 4, 12). Aplaudir pois a Palavra de Deus é aplaudir o verbo de Deus Vivo no meio de nós, como palavra de Salvação a qual deve ser alegremente acolhida (conforme Neemias 8,1-11). Não se lembram também,  de como o rei Davi dançou diante da Arca da Aliança (1Cr 15)? Quem se escandalizou de sua atitude foi Mical que "viu o rei Davi saltar e dançar e, em seu coração, o desprezou" (1Cr 15,29).Quanto à alegação de que a missa é só sacrifício, isto uma meia-verdade e desonestidade intelectual. Na missa celebramos a sua vida, paixão, morte, ressurreição, ascensão e glorificação em nosso favor, do nosso Senhor Jesus Cristo - "Recordamos, ó Pai, neste momento, a paixão de Jesus, nosso Senhor, sua ressurreição e ascensão…" (Oração Eucarística V).





 


Por isso, após a consagração aclamamos Cristo vivo e ressuscitado, no meio de nós, e não um cristo apenas morto. Esta não é a maneira apenas minha de entender, mas também do papa São João Paulo II:  "Na Liturgia, especialmente na Eucaristia, celebra-se a realidade fundamental da Páscoa: morte e ressurreição de Jesus Cristo..." (João Paulo II, Diretrizes aos Bispos do Brasil, Loyola, 1991, p. 44). E tem mais: na última Ceia os apóstolos (exceto Judas que abandonou o recinto antes) entoaram cânticos (cf. Mt 26,30 e Mc 14,16). E se isto o incomoda ao tradicionalismo engessado que não gosta, passem a analisar melhor de que lado estão? Na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, os fariseus que queriam fazer calar o povo, diziam a Jesus: "Mestre, repreende os teus discípulos! Ele respondeu: Eu vos digo: se eles se calarem, as pedras gritarão"(Lc 19, 39-40). Na Santa Missa ao se afirmar que se anuncia e se celebra apenas "a morte do Senhor", há aí a afirmativa apenas de um fato, portanto, uma meia verdade, pois se omite propositalmente outros de igual relevância, pois os textos tanto de Trento como do Vaticano II não diz que na missa se anuncia tão-somente e exclusivamente a morte do Senhor, mas também, outros fatos tais como: a sua ressurreição, ascensão e glorificação a direita do Pai em nosso favor. E citando o Concílio de Trento lembramos um argumento a nosso favor que defendemos o aplauso, bem como, a sadia e oportuna dança litúrgica, pois no Cânon nº 3 do Concílio de Trento recomenda-se o "louvor", coisa que os tradicionalistas, Rad Trads, sedevacantista e afins, têm verdadeiro pavor e ojeriza, pois não gostam, o que é uma pena! Como inicialmente exortamos: Não é uma mera questão de pode, ou não pode! Mas por que e para que? Realmente, em alguns momentos da celebração eucarística seria inoportuno e quase um sacrilégio bater palmas como nos atos penitenciais cantados, e na elevação do corpo e sangue do Sr. 




Mas, existem sim, durante a celebração da Santa Missa (quando os cânticos são apropriados e tempos litúrgicos favorecem), momentos em que podemos bater palmas, tais como: 




-No cântico de entrada (excetuando-se o tempo quaresmal, bem como também, para os momentos abaixo).



-Na liturgia da palavra antes da aclamação e proclamação do Evangelho (como Boa Nova)! 


-No Santo (Hosana).


-No glória. 


-No abraço da paz !


-E no cântico final, nos motivando alegremente para anunciar a BOA NOVA! Ide!









CONCLUSÃO

 




-Jesus entra entra em Jerusalém de forma humilde, mas triunfal, com cânticos de alegria, vivas e palmas! É assim que iniciamos a Santa Missa com a procissão de entrada.





-Jesus passa por momentos de dor e sofrimentos, mas sai de Jerusalém, ressurreto, triunfante e glorioso! 

 

 

 

É assim que devemos também, sair da missa: Motivados para a missão de anuncia-lo e testemunha-lo com alegria, confiantes na Ressurreição e na Vida Eterna!

 












*Francisco José Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636 do Processo Nº  003/17







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Anônimo
15 de janeiro de 2014 às 13:47

Perdão, fiquei um pouco confusa, então não pode bater palma?

15 de janeiro de 2014 às 20:42

Amada irmã Sara,

Não só pode como deve, claro respeitando os momentos oportunos: No canto de entrada, no glória, na aclamação do evangelho e no canto final.

Shalom !!!

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