Há alguns anos atrás,
numa quarta-feira, celebrávamos a fumata bianca expelida pela chaminé da Capela
Sistina e pouco tempo depois, ansiosos, ouvíamos pela TV secular o secular
anúncio do Habemus Papam. Era o (então desconhecido) cardeal Jorge Maria
Bergoglio, qui sibi nomen imposuit Franciscum.Olhando em retrospectiva, creio
que se pode dizer ao contrário do que parece à primeira vista, que estamos
diante de um dos Papas mais odiados da história da Igreja. Sim, é certo que a
mídia anticatólica, os católicos progressistas e alguns não-católicos enaltecem
[aquilo que acreditam ser] o Papa Francisco; no entanto, só o enaltecem naquilo que lhes agrada e lhes é conveniente.
Os inimigos da Igreja
falam muito do Papa Francisco, é verdade, e falam dele em tom laudatório, Por
que “amam” o Papa Francisco?
Estas pessoas não amam realmente o Papa Francisco.
E não o amam por uma razão dupla: primeiro que não se afeiçoam ao Papa de
verdade, senão a uma sua caricatura grotesca; segundo porque atribuem a ele
características idealizadas, e não aquilo que realmente ele é: Pastor universal
da Igreja, e não de grupos. Seja progressistas, tradicionalistas, ou moderados.Não
é portanto verdade que os anticlericais tenham passado a amar o Papa: os
anticlericais continuam odiando o Papa. Apenas o fazem agora por outro meio.Em contrapartida, muitos dos que
se dizem católicos debandaram tristemente para o ódio escancarado e a
perseguição aberta ao Soberano Pontífice. Engolem
da maneira mais acrítica possível as maiores barbaridades que os inimigos da
Igreja dizem a respeito do Papa: dão mais crédito ao burburinho do mundo que à
oração de Nosso Senhor para que a Fé de Pedro não desfalecesse. Acreditam em
tudo o que se diz de depreciativo sobre o Papa Francisco, e o divulgam e
alardeiam, contribuindo assim para o fortalecimento da má fama de Sua
Santidade. Eis porque o atual Pontífice é um dos mais odiados de todos os
tempos: porque aos odiadores tradicionais que o continuam odiando, somaram-se
multidões de católicos que, fazendo coro aos anticlericais, vêem no Papa mais o
Anticristo que o doce Cristo-na-Terra, como dizia Santa Catarina de Sena, que
viveu uma crise papal pior que a atual, com dois papas na Cátedra de Pedro.Bento
XVI era odiado pelo mundo, mas amado por parte significativa dos católicos
tradicionais. Francisco continua odiado pelo mundo e é também odiado por grande
parte destes católicos que enxergam no
Papa mais um inimigo que um aliado. No final das contas, quem é que ama o Papa
Francisco pelo que ele é, e não pelo que [acredita que] ele representa? Quase
ninguém. E não se justifique o
próprio ódio sob a alegação de que o Papa não ajuda a desfazer a imagem errada
que têm dele. São Valentino também é um dos santos menos amados do mundo,
apesar de milhões de pessoas celebrarem alegremente o Valentine’s Day a cada 14
de fevereiro. São Francisco de Assis também é um dos santos mais impopulares pelos
tradicionalistas da história, a despeito de a “Oração de São Francisco” ser
mais conhecida que o Hino Nacional. Não é privilégio do Papa Francisco ter uma
imagem pública destoante da que se espera de um católico de verdade.Além disso, o esforço exigido para desfazer o senso comum é hercúleo e não
pode ser exigido de ninguém, muito menos de um Papa, aliás, a quem
absolutamente ninguém pode ditar a melhor forma de governar a Igreja. Se Sua
Santidade poderia ser mais claro e não o é, disto ele haverá de prestar contas
ao Altíssimo e não aos leigos católicos da internet da corrente
tradicionalista. Eventuais defeitos dos superiores não elidem o dever de
submissão dos subordinados, e nem muitíssimo menos justificam a falta de
respeito cada vez mais generalizada que se tem tristemente observado nos
últimos quatro anos.Finalmente, para
venderem a imagem do
Papa-que-não-é-católico, os inimigos da Igreja praticam o cherry-picking mais
descarado. Jamais divulgam aquilo que o Papa diz e faz de católico, mas
conferem grande alarde a tudo que se possa mal interpretar. Um exemplo
entre muitos, os que defendem a comunhão dos adúlteros dizem que isto é um ato
de «misericórdia» pastoral, com o qual a Igreja deve temperar a «justiça»
inflexível das normas canônicas. Mas o Papa Francisco, há menos de um mês,
comentando o Evangelho de S. Mateus, deu-nos esta belíssima lição:“Jesus não responde se é lícito
[para um marido repudiar a própria mulher] ou não; não entra na lógica
casuística deles. Porque eles pensavam
na fé somente em termos de ‘pode’ ou ‘não pode’, até onde se pode, até onde não
se pode. É a lógica da casuística: Jesus não entra nisso. E faz uma
pergunta: ‘Mas o que Moisés vos ordenou? O que está na vossa lei?’. E eles
explicam a permissão que Moisés deu de repudiar a mulher, e são eles a cair na
própria armadilha. Porque Jesus os qualifica como ‘duros de coração’: ‘Foi por
causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento’, e
diz a verdade, sem casuística. Depois, uma pessoa de mentalidade casuística
pode se perguntar: ‘Mas o que é mais importante em Deus? Justiça ou
misericórdia?’. Este também é um pensamento doente.O que é mais importante? Não
são duas: é somente uma, uma só coisa. Em Deus, justiça é misericórdia e
misericórdia é justiça. Que o Senhor nos ajude a entender esta estrada, que não
é fácil, mas nos fará felizes, a nós, e fará felizes muitas pessoas”.Não existe oposição
entre misericórdia e justiça! A misericórdia verdadeira não pode senão ser
justa, e a justiça verdadeira é ela própria misericordiosa. A idéia de conferir
sacramentos de vivos a pecadores formais sob a justificativa da misericórdia, portanto,
é uma falsa idéia, é «um pensamento doente». Que duro golpe nos divorcistas.Quem,
no entanto, dos “admiradores” do Papa Francisco, prestou atenção a esta
homilia, preocupou-se em divulgar este ensinamento ?...É preciso entender que o papa não governa com
interesse de agradar a grupos, mas pensando no bem de toda a Igreja a qual é
chamado a pastorear. Desde que George Bush propôs, durante uma entrevista, uma
distinção entre “unificadores” e “divisores”, a mídia norte-americana vem se
perguntando continuamente sobre cada presidente dos Estados Unidos: "Será
que ele é um unificador ou um divisor?".Francisco é um papa impossível
de enquadra-lo em nossos estereótipos pré concebidos, e que pode
desagradar conservadores e progressistas ao mesmo tempo.Muitos católicos que se
identificam como conservadores ou como progressistas vão se decepcionar com o
Papa Francisco, cujo programa de renovação espiritual, continuidade doutrinal e
ênfase nos pobres não se encaixa em nenhum dos moldes tradicionais, disse o
eminente cardeal alemão Walter Kasper, teólogo e presidente emérito do
Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, disse que o Papa
Francisco também vai enfrentar resistência dentro da Cúria, que precisa tanto
de uma renovação organizacional quanto de uma mudança de mentalidade.As
tentativas de reforma irão trazer resistências e dificuldades, "assim como
com todas as grandes instituições", disse ele em uma entrevista ao jornal
italiano Il Foglio:"No entanto, esse papa é muito determinado: ele sabe
o que quer", disse.O cardeal de 80 anos, que era elegível por apenas
cinco dias para ser parte do conclave que elegeu o novo papa, é muito apreciado
pelo Papa Francisco, que chamou o cardeal de um "teólogo em forma".
Durante o seu primeiro discurso público, no Ângelus, o papa se referiu a uma
das obras publicadas recentemente pelo cardeal que "me fez muito
bem".Kasper disse ao jornal italiano que "não é possível enquadrar
(o papa) no clássico debate europeu conservadores-progressistas", que já é
um esquema esgotado.Muitas pessoas estão entusiasmadas com ele: ele é um
pastor de verdade, tem um grande charme e uma abordagem imediata com as
pessoas" e fala de uma forma direta e compreensível, disse Kasper. Há
aqueles "que o acusam de fazer um show, mas, a meu ver, ele está dando um
testemunho autêntico: ele vive o que diz".O fato de o papa tentar viver
simplesmente "lhe dá credibilidade. Ele não vive como um príncipe. Bento
XVI também era uma pessoa simples, mas havia se adequado um pouco com certas
formas que Francisco rejeita", disse o cardeal alemão."Muitos vão
se decepcionar com Francisco", disse ele, presumindo que o chamado ramo
conservador já se sente decepcionado "porque ele não tem a estatura
intelectual de Bento XVI e, depois, porque ele aboliu a corte pontifícia – algo
pelo qual eu lhe sou grato, era um barroquismo anacrônico". O
cardeal prevê também, que a chamada ala progressista não ficará feliz, até
porque, mesmo que o papa tenha dado início a uma mudança de estilo,
"ele não vai mudar o conteúdo". Entre ele e Bento XVI, há
continuidade na doutrina, disse.O Papa Francisco não vai mudar nada no
celibato dos padres e não vai abrir às ordenações das mulheres,nem promover
outras questões "progressistas" que não fazem parte do ensino da
Igreja.O Papa Francisco "não é um conservador nem um progressista. Ele
quer uma Igreja pobre e dos pobres", e está ciente de que uma grande parte
do mundo vive na extrema pobreza, disse o cardeal.Dado o nível de miséria no
mundo, "eu acredito que ele vai mudar a agenda da Igreja" de modo ela
"leve mais a sério os problemas" do mundo em desenvolvimento."O
modelo de civilização ocidental não funciona mais", e "o liberalismo
não responde aos problemas da miséria difusa no mundo", afirmou.O
cristianismo é a única força espiritual e intelectual no mundo de hoje que tem
uma alternativa para o futuro", disse o cardeal. O seu sucesso não depende
da força nos números, mas sim na determinação dos católicos de serem, como
chamou o Papa Bento XVI, uma "minoria criativa", influenciando o
mundo secularizado e conturbado.O chamado do Papa Bento XVI a combater o
secularismo está sendo posto em prática com o seu sucessor, disse Kasper.
"Hoje, com Francisco, abre-se uma temporada de renovação
espiritual".A renovação envolve a própria Igreja, afirmou Kasper,
começando pela Cúria. O Papa Francisco já começou a trabalhar na forma como as
autoridades da Cúria pensam em si mesmas, insistindo que a mentalidade da Cúria
"não deve ser de poder e burocracia, mas sim de serviço".A reforma da
Cúria era um "desejo quase unânime dos cardeais" presentes no conclave
que elegeu o Papa Francisco em março.O maior problema da Cúria, segundo ele, é
a falta de comunicação entre os presidentes de todos os escritórios vaticanos.
"A mão direita não sabe o que faz a mão esquerda"."Os chefes de
dicastério devem se ver frequentemente, ao menos uma vez por mês", e devem
ser capazes de "ter acesso diretamente ao papa, sem passar pela Secretaria
de Estado, que ultimamente funcionava como órgão de governo
intermediário", disse o cardeal.
Há quem o odeie porque não querem
entender que a fé cristã é a fé em um Deus onipotente que decidiu operar a
salvação da humanidade tornando-se homem junto conosco. Prefeririam um Deus
muçulmano, que lhes ordenasse usar a força.Aliás, a sua obsessão com o islã é o
reflexo da sua inveja e a expressão do seu pesar por não poderem exaltar a
própria vontade de poder, tal como aqueles muçulmanos que justificam a própria
vontade de dominar invocando a jihad.Do mesmo modo que o amor nos torna
inteligentes, a maldade nos torna cegos. De tanto atribuir ao Papa o que ele
nunca disse, os inimigos do Papa Francisco se condenam a não entender nada.Ao
fazer um diagnóstico sem complacências sobre a realidade de certos matrimônios
celebrados meramente na forma, o Papa destacou as consequências da apostasia e
da frouxidão dos responsáveis do clero que renunciaram a iluminar consciências
quando as condições de validade para um matrimônio sacramental não eram
cumpridas.Negando-se a escutar o que o Papa
realmente diz e dando preferência à calúnia, os católicos que desfrutam do
próprio ódio ao Papa se condenam a uma cegueira voluntária.A histeria que o
Papa Francisco desencadeia em alguns não nos diz nada sobre o que o Papa de
fato pensa e fala, mas nos ensina muito sobre o estado interior dos seus
detratores.Deste ponto de vista, a alergia ao Papa Francisco é um sintoma revelador
de incoerências e infâmias em alguns círculos católicos e, por isso mesmo, é uma
boa notícia: Com o papa Francisco as máscaras caem.
Oremos pelo papa como Cristo orou por Pedro, para
que a sua fé não desfaleça!
Na Igreja – diferentemente das confissões protestantes, nas quais cada fiel tem o seu próprio magistério –, existe uma autoridade, um fundamento visível colocado pelo próprio Cristo e ao qual todos os cristãos devem amor e obediência. Este fundamento é a confissão que o Apóstolo Pedro fez há dois mil anos: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" ( Mt 16, 16), e que os seus sucessores são chamados a imitar. De fato, em meio às tempestades que agitam o barco da Igreja, " aquilo que a salva não são as qualidades nem a coragem dos seus homens, mas a fé, que permite caminhar até no meio da escuridão, entre as dificuldades. A fé confere-nos a segurança da presença de Jesus sempre ao nosso lado, da sua mão que nos segura para nos proteger do perigo. Todos nós estamos neste barco, e aqui sentimo-nos seguros, não obstante os nossos limites e as nossas debilidades. Estamos seguros sobretudo quando sabemos ajoelhar-nos e adorar Jesus, o único Senhor da nossa vida"
V. Oremos pelo nosso Beatíssimo Papa...
R. O Senhor o conserve, lhe dê vida e o torne feliz na terra, e não o entregue em poder dos seus inimigos!
"Ó Deus, que na vossa Providência quisestes edificar a vossa Igreja sobre São Pedro, chefe dos Apóstolos, fazei que o nosso Papa..., que constituístes sucessor de Pedro, seja para o vosso povo o princípio e o fundamento visível da unidade da fé e da comunhão na caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, Amém!"
“No dia em que eu achar que sei mais que a
Igreja, seus apóstolos e o próprio Espírito Santo que a conduz, eu não preciso
mais dela! Se já não a obedeço, não me esforço em entendê-la, de ama-la
e defende-la, é porque há muito tempo já deixei de ser católico...” (Pe. Leo)
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Perfeito com esse comentário, acerto em tudo o que eu pensava. Sobre o Papa Francisco, no começo eu odiava mas hoje o vejo como Papa. Parabéns pelo assunto.
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