Todos já ouvimos falar que o "avestruz enfia a cabeça no buraco" quando está diante de um perigo!
Em parte é verdade, mas não no todo! A analogia seria que o avestruz acreditaria que por não estar vendo o perigo, estaria protegido. Esta historia na verdade é uma lenda, pois os avestruzes encostam apenas o pescoço e a cabeça no chão, quando estão cansados ou ameaçados, mas não chegam a metê-la em buracos. Assim, ao pôr a cabeça no chão, o animal escuta melhor a aproximação de algum inimigo. Ao mesmo tempo, arruma uma boa camuflagem, pois deixa à mostra apenas a parte do corpo coberta de penas, o que, de longe, pode parecer um arbusto para um predador. Apesar disto, é possível nos dias de hoje muitas pessoas se comportando como um avestruz desta lenda, ou seja, diante de uma situação de dificuldades, medo e de perigo, resolvem se esconder em alguma coisa, deixando exposta toda a sua vida para que os outros vejam e resolvam. O processo de alienação é exatamente isto! Dominados por algo que absorve sua atenção ao extremo, o sujeito não precisa pensar nas grandes decisões que a vida nos pressiona para tomar. Enquanto um adolescente fica horas diante de um vídeo games, de uma série netflits, do facebook e do whatssap, ele não precisa pensar na necessidade de procurar um emprego e escolher sua profissão. Estudar para prova fica para depois. Este mesmo processo nós estamos percebendo em crianças, adultos e até idosos. Pais de famílias que absorvidos em trivialidades, como cortina de fumaça, negligenciam os cuidados de si mesmo, tornam isupotável o relacionamento pessoal e familiar. Os compromissos afetivos e sociais são esquecidos sem nenhuma cerimônia e sem culpa. Da mesma forma, os codependentes negam os problemas diante dos seus olhos. A racionalização e as justificativas são mecanismos de defesa eficiente para não enxergar o óbvio. Desta maneira, vão adiando a decisão de buscar ajuda e, como consequência, a doença vai evoluindo de tal forma que quando buscam ajuda o caos já está instalado. Em muitos casos o tratamento é doloroso e difícil. Alguns a situação se torna irreversível, restando apenas cuidados paliativos. Diante desta realidade, não adianta “tapar o sol com a peneira”.
É preciso sim, fazer como a "avestruz real", que fica atenta aos riscos da aproximação do inimigo e utiliza de suas armas para se defender. No nosso caso, buscar ajuda o mais rápido possível, afinal é a saúde da nossa família e da sociedade que está em jogo!
O título desse post foi adaptado de um estudo publicado pela Universidade Carnegie Mellon, da Pensilvânia (EUA). Segundo esses estudiosos, os avestruzes encostam o pescoço e a cabeça no chão para escutar melhor a aproximação de predadores e ficarem melhor camuflados, pois assim ficam basicamente com a parte do corpo coberta de penas à mostra, o que de longe pode parecer apenas um arbusto para o predador. As fêmeas da espécie também, cavam buracos no chão, que servem de ninhos para seus ovos, e aí enfiam a cabeça nesses buracos várias vezes por dia para virar os ovos, para que fiquem aquecidos por igual e choquem bem. Ao contrário do medo, essa atitude de sobrevivência, é muito mais um sinal de inteligência evolutiva que ajudaram a espécie ser o que são até os nossos dias.
Mas
continuamos com essa ideia no nosso imaginário coletivo há muito tempo, de que
quando algo perigoso ou ruim chega, "enfiamos a cabeça no buraco" e
nos escondemos "como um avestruz". Mais correto seria dizer que esse
é o "efeito humano" mesmo, para não difamar a famosa ave, já que é no
nosso cérebro em que estão alguns vieses cognitivos que nos fazem agir assim.
As
emoções mudam nossa abertura ao feedback!
O estudo americano citado, mostra que, principalmente em casos que as pessoas estão envolvidas emocionalmente de alguma maneira com os resultados (investimentos financeiros expressivos, relações pessoais ou familiares, possíveis condições adversas de saúde etc), elas tendem a buscar mais informações favoráveis sobre a situação, evitando todos os tipos de feedback que possam ser neutros ou negativos. Isso pode ter diretamente a ver com o "viés de confirmação" dos humanos, que nos leva a buscar muitas vezes só informações e opiniões que corroborem aquilo que já queremos, ignorando as que contradizem nossas crenças. Um exemplo disso é o de pessoas que fazem testes de HIV, mas não visualizam ou vão buscar seus resultados, com medo de que seja positivo. Obviamente irracional, já que não saber a resposta não vai alterar qualquer que seja a condição, esse comportamento é mais comum do que se possa imaginar, e se estende para várias áreas da nossa vida, incluindo trabalho e relacionamentos. E não se dão conta do quanto isso é perigoso, pois pode justamente adiar ações concretas para evitar problemas maiores ou melhorar situações que já são complexas. Há casos até mesmo de pais e mães que buscam ignorar sinais de que seus filhos têm autismo, problemas mentais, usam drogas, ou envolvidos com crimes, e vão adiando o confronto para não ter de aceitar uma realidade que não é a que esperavam em suas vidas.
O
problema do "buraco sem fundo" que só cresce!
Na vida, nos relacionamentos, e negócios, também vemos isso acontecer, por conta de um outro viés cognitivo humano: o do compromisso e consistência, que nos faz querer manter a coerência com decisões anteriores ao decidir o que fazer agora/em seguida, mesmo quando as escolhas passadas já se mostram não serem as mais acertadas. Por exemplo, um projeto que está tendo continuamente maus resultados, mas como já recebeu muito investimento de tempo e recursos ficamos dando murro em ponta de faca. Igual ao jogador compulsivo, que aposta mais dinheiro buscando recuperar o valor que já perdeu, e o problema só aumenta.
Isso ocorre também por conta do viés da "ilusão do conhecimento, autosuficiência, e autoreferencialidade": eu me basto!
Muitas
vezes, acreditamos saber mais profundamente sobre algum tema do que realmente
sabemos, e com isso não percebemos nossas lacunas de entendimento sobre a
coisa, levando a decisões mal informadas pela falta de interesse em buscar mais
informações a respeito (pois "já sabemos tudo o que precisamos",
afinal). Isso vale para muita gente e situações bem diversas, desde líderes muito preocupados com sua imagem na empresa, até pessoas que não
querem fazer psicoterapia porque "já sabem quais seus problemas" - mesmo
quando não sabem o que fazer exatamente com eles. E assim as situações adversas
acabam se perpetuando desnecessariamente.
O
que dizem os estudos sobre o tema?
É muito interessante ver como esse fenômeno se manifesta em alguns estudos comportamentais liderados por Lauren Eskreis-Winklera, professora em instituições famosas como a Wharton School (Universidade da Pensilvânia) e Booth School of Business (Universidade de Chicago) e que participou de um podcast para quem se interessa por psicologia comportamental: Hidden Brain. Nele, ela traz um colorido muito legal sobre o assunto e diz que nossa crença geral como sociedade é: se orientarmos as pessoas sobre o melhor tipo de conduta sobre algo, elas entenderão as informações e agirão de acordo, para seu próprio bem estar - como cuidar melhor da saúde, como obter melhores resultados acadêmicos ou como crescer na carreira.
Mas a verdade na prática é outra! O que foi observado é que as pessoas tendem a buscar e considerar mais feedbacks positivos quando são iniciantes em uma área (supostamente isso ocorre pois não se sentem seguras naquilo ainda, e um "elogio" ainda é raro de chegar), e quem já é mais expert no ramo busca mais o feedback "negativo", ou seja, o que pode ser melhorado.
A
hipótese principal é a de que o feedback sobre coisas que não estão saindo bem
ameaça o ego da pessoa (no sentido psicológico mais profundo da coisa, não
apenas "figurativo") a quem ele é direcionado, e isso faz com que ela
queira se defender, apresentando justificativas para os problemas levantados,
pois aquilo soa como uma ameaça à própria pessoa. Quem já se considera bastante
experiente no assunto que é foco do feedback teria segurança suficiente em sua
competência para acomodar melhor o apontamento de problemas sem se sentir
pessoalmente prejudicado, e consegue aprender melhor com isso, encarando o
feedback negativo como um reflexo dos resultados de suas ações e como uma ajuda
para sua própria melhora, não como um ataque pessoal. O problema é que para
virar expert, "temos que passar pela fase de aprendiz antes", e conciliar tudo
isso ao longo do caminho.
As
doenças psicossomáticas são aquelas que ocorrem após um estresse ou trauma
emocional e "provocam sintomas físicos"!
Há uma variedade de doenças psicossomáticas, que causam uma série de desconfortos e problemas em diferentes partes do corpo. De forma geral, o sofrimento psicológico causa ou agrava os sintomas de uma doença física. Veja doravante, detalhes sobre as causas das doenças psicossomáticas, como é feito o diagnóstico e qual especialista procurar?
O
que são realmente as doenças psicossomáticas?
As doenças psicossomáticas são problemas físicos causados por sofrimento emocional. Elas representam a ligação direta entre a saúde emocional e a física. Ou seja: quando há um sofrimento psicológico, ele pode, de alguma forma, acabar causando ou agravando uma doença física. Geralmente, o sofrimento psíquico é involuntário e inconsciente e vem acompanhado de alterações de algumas funções orgânicas e corporais. Traumas, pressão social e familiar, violência psicológica, esgotamento profissional, bullying, e autocobrança, têm um impacto enorme sobre a saúde psíquica e podem provocar as doenças psicossomáticas.
Quais
são os principais sintomas de doença psicossomática?
•Ansiedade;
•Irritabilidade;
•Dores crônicas;
•Alterações no apetite;
•Fadiga e fraqueza;
•Distúrbios gastrointestinais, como
diarreias, náuseas, vômitos ou constipação;
•Problemas respiratórios, como falta de
ar;
•Problemas cardíacos, como
taquicardia;
•Distúrbios dermatológicos, como
coceiras ou erupções cutâneas;
•Distúrbios de sono, como insônia.
Entre
as doenças psicossomáticas mais comuns, podemos citar:
1)-Síndrome do intestino irritável - Trata-se de um distúrbio gastrointestinal que provoca dores abdominais, constipação ou diarreia constante. O estresse emocional desencadeia ou agrava os sintomas.
2)-Enxaqueca - A dor de cabeça constante costuma ser intensa e debilitante e é acompanhada de outros sintomas, como náuseas, vômitos e sensibilidade à luz. É comum que fatores emocionais piorem as crises de enxaqueca. Vale lembrar que nem sempre a enxaqueca tem uma base psicossomática.
3)-Dermatite atópica - É uma doença de pele crônica que causa coceira, vermelhidão, descamação e erupções cutâneas, que pode piorar em decorrência de fatores emocionais.
4)-Dores musculares e nas articulações - Podem surgir dores musculares e nas articulações sem causas aparentes (Ex. A fibromialgia (FM) é considerada uma doença psicossomática, pois está associada a sofrimento psicológico e a fatores emocionais, como ansiedade e depressão: a FM é uma doença crônica que se caracteriza por dor generalizada no corpo, fadiga, rigidez matinal, e sono não reparador).
5)-Disfunção erétil - Conhecida também como impotência sexual, a condição provoca dificuldades para manter uma ereção e ter relações sexuais. Entre as causas, estão os fatores psicológicos, que podem contribuir com o surgimento do problema ou o agravamento dos sintomas.
6)-Gastrite - Os fatores emocionais e psicológicos contribuem com o desenvolvimento e agravamento da gastrite, que é uma inflamação do revestimento interno do estômago.
Como
é feito o diagnóstico?
O diagnóstico das doenças psicossomáticas envolve uma avaliação complexa dos fatores psicológicos e físicos. Em um primeiro momento, o especialista analisará o histórico do paciente. Em seguida, pode solicitar exames complementares para descartar outras condições de saúde. Além disso, pode ser preciso realizar uma avaliação psicológica para identificar traumas, estresse e transtornos psiquiátricos que podem contribuir com sintomas físicos.
Como
é feito o tratamento?
O tratamento das doenças psicossomáticas é focado na doença de base e pode ser feito com medicamentos para o controle dos sintomas físicos. Além disso, é importante ampliar o cuidado com a alimentação, com a prática regular de atividade física e com a saúde mental, com psicoterapia. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de antidepressivos e ansiolíticos para tratar sintomas depressivos e ansiedade, além do estresse. Vale destacar que o tratamento das doenças psicossomáticas deve ser individualizado e varia de acordo com a gravidade dos sintomas.
Qual
especialista médico procurar?
É
essencial "procurar um psiquiatra, que é o profissional de saúde mental
qualificado" para uma avaliação e indicação de um tratamento adequado, de acordo
com a doença psicossomática.
Adaptado de: Lívia Beraldo, psiquiatra do Hospital Nove de Julho (SP).
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