Sinopse a partir dos Evangelhos:
"No monte das Oliveiras, Jesus entrou em agonia e orava ainda com
mais instância, e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela
terra. Depois de ter rezado, levantou-se, foi ter com os discípulos e achou-os
adormecidos. Disse-lhes: Por que dormis? Levantai-vos, orai, para
não cairdes em tentação. Ele ainda falava, quando apareceu uma multidão de
gente; e à testa deles vinha um dos Doze, que se chamava Judas. Achegou-se de
Jesus para o beijar..." (Lc 44, 47ss)
"Os que haviam prendido Jesus levaram-no à
casa do sumo sacerdote Caifás, onde estavam reunidos os escribas e os anciãos
do povo..." (Mt 26, 57).
"Logo pela manhã se reuniram os sumos sacerdotes com
os anciãos, os escribas e com todo o conselho. E tendo amarrado Jesus, levaram-no
e entregaram-no ao governador Pilatos, onde fora interrogado por este e condenado a morte de Cruz..."(Mc 15, 1)
A Paixão de Cristo é um filme católico, baseada sobretudo nos
Evangelhos de João, Marcos, Mateus e Lucas e em fatos que a tradição legou a
Igreja, podemos dizer que este filme é inegavelmente católico, por isso, penso
eu se realmente devo observar apenas a ótica católica do filme ou se posso
ousar-me em passar uma visão não católica dele, observando os seus diversos
pontos técnicos ou não. A verdade é que este filme foi, antes mesmo de seu lançamento,
um dos mais comentados filmes de toda a história do cinema. Eram notícias
veiculadas na TV, Revistas, Jornais e sobretudo na internet, que só pelo fato
de ser dito pela crítica como “excessivamente polêmico” entre outras coisas, já
foi um belo marketing gratuito para o sucesso de audiência de A Paixão de
Cristo. Mas, convenhamos que não se precisa deste tipo de marketing quando se
trata da pessoa de Jesus, sendo este o mais influente e impactante personagem
da história da humanidade, seja para os que Nele creem ou não. O filme A Paixão de Cristo foi um grande marco na história das
produções religiosas no mundo do cinema, rompeu de maneira invariavelmente com
aquelas produções que sempre pareciam teatralizar demais a vida de Jesus. Os
cuidados técnicos com figurino, cenários, efeitos técnicos e sobretudo, pela
sua espetacular fotografia, lançou o filme numa categoria elevada que ainda não
havia sido atingida por outros filmes deste gênero. E não é só isso, A Paixão
de Cristo influenciou e modificou os padrões dos filmes de gênero religioso no
cinema.Como
já foi dito, o filme gerou inúmeras controvérsias, eram advogados
entrando na Justiça para proibir a exibição do filme no Brasil, associações
e confederações religiosas se manifestando fortemente contra o filme, notícias
de pessoas que morreram ao assisti-lo entre outros
fatos. Antes mesmo de sua estréia, suscitou debates sérios sobre o conteúdo do
filme, seja pela sua fidelidade aos trechos do Evangelho ou pelas exposição
brutal com que o filme exibe os sofrimentos de Cristo durante a sua paixão. Alguém aí se lembra do comentário: “é como foi”, supostamente
atribuído ao Papa João Paulo II que teria dito a sentença após assistir o filme
em particular? Apenas esta frase fez com que jornais e veículos de notícia do
mundo todo acorressem a sala de imprensa do Vaticano para confirmar ou não a
veracidade desta opinião do Santo Padre. Não adiantou tanta correria, não foi
comprovada a menção da citada frase pelo referido Papa.Este filme elevou a uma intensa reflexão sobre quem matou Jesus, quem foi o responsável pela sua morte. Não que a Igreja
nunca havia tratado deste tema ou que este fosse um tema ignorado, mas
certamente o tornou intenso. Enfim, a Igreja nos ensina que nem judeus, nem
romanos, nem gregos e nem prosélitos mataram Jesus, mas que o gênero humano,
devido a sua natureza imersa no pecado tenha rejeitado a Jesus Cristo e o
Evangelho. “Veio para o que
era seu, mas os seus não o receberam” (Cf.
Jo 1, 1). O filme, à sua época, foi tão polêmico que o diretor Mel Gibson chegou a
advertir profeticamente ao ator Jim Caviezel que representou Jesus:
“Você nunca voltará a trabalhar nesta cidade
(Hollywood). Ao que o ator respondeu: Todos temos que abraçar nossas cruzes.
Jesus é tão polêmico hoje como sempre foi. As coisas não mudaram muito em dois
mil anos..."
Como assistir a este filme?
Assistir filmes é muito bom e importante para o desenvolvimento
do senso crítico, relacionado à fé ou não, o que não podemos é permitir nunca é
que as nossas emoções tomem as rédeas da nossa Fé e da nossa razão. Pode ser
que aconteça que a emoção transmitida pelo filme, afinal, esta é uma das razões
de existir filmes, atinja o telespectador de maneira positiva ou negativa e
isso não nos é conveniente. Devemos manter o espírito crítico com relações a
obras cinematográficas, aproveitar de suas emoções e ao fim, tratar as coisas
como elas mesmas são. Ou seja, o filme não substitui em nenhuma forma os
ensinamentos da leitura bíblica ou os adquiridos na freqüência às Santas
Missas.
Qualidades da Produção:
A produção do Filme, bem como todos os cuidados relacionados a
esta, foi muito criteriosa, e isso não se pode negar. A fotografia do filme foi
inspirada nas ilustrações do pintor Caravaggio e vemos esta relação, sobretudo nos
momentos iniciais do filme, ainda no quando no Horto das Oliveiras. Luzes e
sombras se harmonizam e prestam uma impressão artística e de relevo estético à
obra. Foi considerado também como “assustadora” a reconstrução do
idioma aramaico, suposta língua nativa de Cristo. Tanto o trabalho de tradução
do inglês para o aramaico, realizado pelo Padre Jesuíta William Fulco, os
atores tiveram um intenso treinamento para articular o idioma do filme. Uma
curiosidade é que a princípio o filme não possuiria legendas e nem dublagens,
isso não aconteceria nem nos DVDs, ou seja, assistiríamos ao filme sem entender
nada e esta era uma intenção do Diretor, mas comercialmente poderia ser ruim e
as distribuidoras exigiram que o filme tivesse a possibilidade de legendas e
assim permaneceu. O Roteiro é um bem selecionado trechos dos Evangelhos de Mateus,
Marcos, Lucas e João. Há momentos fidelíssimos aos trechos extraídos dos
Evangelhos e as cenas foram filmadas sem aquela velha expressão teatral, o que
nos impacta de maneira positiva pelas expressões que nos causam. Uma história
bi-milenar conhecida vista sob um ponto de vista que não a agride em sua
essência e que nos consiga despertar sentimentos e questionamentos
interessantes.
The Passion of The Crist recebeu 3 indicações ao Oscar, nas
seguintes categorias:
-Melhor Fotografia,
-Melhor Maquiagem
-Melhor Trilha
Sonora.
É bem verdade que entre os trechos evangélicos há também outras
fontes, como a própria Via Sacra e a cena de Verônica (que não é o nome da
mulher do tecido e sim do tecido que teria sido usado para enxugar o rosto de
Cristo). Inserções de reflexões Bíblicas que variam entre contextos presentes
no Gênesis e no Apocalipse. Outra fonte freqüente é o livro de Anna Catherine
Emerick, uma freira que escreveu: “Visões místicas” chamadas de: A Dolorosa
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Estes escritos foram publicados pela
primeira vez em 1833. Nascida em 8 de
setembro de 1774, em Flamske, uma comunidade agrária, atualmente na diocese de
Münster , e morreu na Vestfália Dülmen , em 9 de fevereiro de 1824 aos 49 anos.
Foi uma freira agostiniana, mística e escritora alemã. Foi beatificada pelo
papa João Paulo II em 3 de outubro de 2004.
Resumindo – A finalidade do filme é
mostrar uma só coisa:
“Ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos
sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e
humilhado. Mas Ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas
iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre Ele; fomos curados graças às
suas chagas.” (Isaías
53, 4-5).
IMPORTANTE: O filme pelas "cenas brutais", não é indicado para menores de 14 anos.
Contem cenas que podem ferir a sensibilidade de algumas pessoas.
-Título
Original: "The Passsion of the Christi"
-Gênero: Drama/Religião
-Ano: 2004
-Direção:
Mel Gibson
-Elenco principal:
Jim Caviezel (como Jesus);
Maia Morgenstern,
Monica Bellucci,
Hristo Shopov,
Hristo Jivkov.
-Produção: Icon Productions
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