Gosto muito de alguns posicionamentos teológicos e doutrinários do pe. Fábio Marinho, mas como Teólogo de formação acadêmica, sou obrigado a discordar de sua posição teológica, pois ele está querendo por ponto final numa questão em aberto, e só quem tem autoridade para isso é a igreja.
Ele, em vídeo no seu instagran, mostra sua opinião teológica sobre o povo de Israel do passado e presente, fazendo uma aparente ruptura, onde praticamente se nega a existência do povo Judeu. E aqui é preciso lembrar que esse posicionamento teológico é pessoal, ou seja, é dele, e não do magistério oficial da Igreja, que é aquilo que está estabelecido na declaração "Nostra Aetate", o qual mudou a relação da Igreja Católica com os judeus, rejeitando o antissemitismo e reconhecendo a herança judaica comum entre as duas religiões.
Para esclarecer essas diferenças, usarei alguns
oportunos tópicos do missionário redentorista Padre Inácio Medeiros que é
historiador, onde ele fala a respeito da história dos judeus, narrada no Antigo
Testamento:
“Nós precisamos fazer uma diferença entre o povo judeu ou povo de Israel e o atual país que leva o nome de Israel. No passado, o povo judeu constituiu uma grande civilização que teve o seu auge principalmente com o período dos reis Saul, Davi e Salomão. Nós estamos falando de um período mais ou menos mil anos antes de Cristo. Após Salomão, o reino se dividiu, o povo se dividiu, criando dois reinos diferentes. O reino de Judá, que tinha como capital Jerusalém, e era formado por duas tribos dos filhos de Jacó, e também o reino de Israel, que tinha a sua capital na Samaria, nome moderno de Nablus, que ficava ao norte, sendo formado pelas outras dez tribos. A partir deste período, sobretudo do tempo do rei Salomão, nunca mais conseguiram a prosperidade de antes, até que foi sendo dominado. O povo foi sendo dominado de potência em potências até chegar ao tempo de Cristo, quando a Palestina (nome pejorativo dado aos Judeus pelas lideranças romana), formava uma das províncias do Império Romano”. No ano 70 d.C., mais ou menos 40 anos depois da ressurreição de Cristo, houve uma revolta e a cidade de Jerusalém foi destruída, sendo transformada numa cidade de característica pagã. Foi a partir daí que o povo judeu foi se espalhando pelo mundo, num movimento que é chamado de Diáspora. E em cada realidade, em cada cidade, em cada país para onde os judeus iam, eles formavam um bairro separado, chamado de gueto, porque ali eles mantinham a sua cultura, ali eles podiam manter os seus costumes."
Os Palestinos hoje em Gaza são os autênticos descendentes dos antigos Filisteus?
Sim e não! os palestinos atuais não são descendente puros e
uniformes dos filisteus da bíblia, mas um amálgama de povos conquistados e
conquistadores daquela região. Na realidade, se você ler qualquer livro de
história neutro, do oriente médio (não somente na versão tendenciosa dos
palestinos) você vai descobrir que na realidade os palestinos são em sua
grande maioria, descendentes de árabes que chegaram ali após a invasão
muçulmana no ano de 665 da EC. Entre eles também, há um grande número de descendentes
de egípcios (principalmente em Gaza), outros são descendentes de turcos e
outros até mesmo Judeus, que foram obrigados a se converterem durante a
dominação muçulmana.
Os filisteus originais, foram um povo oriundo dos
cretenses (Ilha de Creta) que foram exterminados pelos Romanos e Nabateus,
principalmente porque Roma conquistou a região a fim de controlar a rota do
incenso, isso são fatos históricos comprováveis e não narrativas carregadas de
ideologias polarizadas, como se verá a seguir. O topônimo Palestina é muito
utilizado por historiadores e teólogos modernos para designar o antigo
território de Israel como lugar da habitação do povo judeu e da origem do
Cristianismo. No entanto, a palavra Palestina
não aparece em nenhum mapa antigo se referindo ao território habitado pelo povo
judeu ou pelos primeiros cristãos.O vocábulo
Palestina está etimologicamente associado ao povo filisteu e à terra onde
habitavam, que se chamava Filístia. Esta era uma pequena faixa costeira onde os
filisteus, oriundos de Caftor, atual Creta, se estabeleceram em cinco
cidades-estados após serem expulsos do Egito pelo Faraó Ramsés III. O termo
Filístia nunca foi utilizado para denominar a região central daquela terra
prometida a Abrão que teve, até o segundo século d.C., os sucessivos nomes de
Canaã, Israel, Judá e Judeia, mas não Filístia ou Palestina.
O nome Palestina foi dado pelo imperador romano Adriano após
sufocar a segunda revolta dos judeus liderada por Bar Kochba em 135 d.C. Ele
mudou o nome da província romana da Judeia para Síria-Palestina. Também mudou o
nome de Jerusalém para Aelia Capitolina. Palestina é um nome pagão,
relacionado à terra e ao povo filisteu que foi dado à Judeia,
posteriormente ao tempo de Jesus, com o objetivo de anular, de maneira
difamatória, a cosmovisão judaica daqueles revoltosos habitantes. Ao
renomear a terra dos judeus com o nome da terra de seus piores inimigos,
Adriano intencionou destruir para sempre a identidade do povo judeu adicionando
a tortura psicológica aos que escaparam da morte e da deportação.
Chamar a Terra Santa de Palestina, além de ser um equívoco histórico-temporal, é também uma questão de incoerência, pois quem assim o faz deveria também rejeitar o nome de Jerusalém e usar apenas Aelia Capitolina, pois Adriano mudou os dois nomes, mas nenhum teólogo ou historiador jamais afirmou que Jesus ensinou ou morreu em um lugar chamado Aelia Capitolina.
Portanto, afirmar que o Cristianismo
nasceu na Palestina é compartilhar a assimilação cultural de um termo pagão que
não se encontra na narrativa bíblica. Na verdade, especialmente no meio
acadêmico e teológico, o correto, historicamente, é afirmar que o Cristianismo
nasceu na Judeia.
A
partir dessas premissas, Padre Inácio também explica a criação do novo estado de
Israel, em 1948:
"Para
que Israel pudesse ocupar as terras onde ele já viveu no passado, foi muito
conflituoso, porque as suas terras estavam ocupadas por outros povos. Isso
explica, por exemplo, o conflito com os palestinos (que estavam ali naquela
região misturados com alguns judeus remanescentes). Então, nós temos o antigo
povo de Israel e nós temos o novo estado de Israel, que tem como capital
religiosa a cidade de Jerusalém, e como capital política a cidade de Tel Aviv."
O
missionário redentorista também nos orienta que alguns valores entre católicos
e judeus são diferentes, mesmo o cristianismo tendo como origem o povo de
Israel:
"...os
judeus não aceitam Jesus como Filho de Deus e o Messias esperado. Para eles, é Jesus apenas um grande profeta, no mesmo pé de igualdade com os profetas do
Antigo Testamento. Eles ainda aguardam a vinda do Messias Salvador. Por isso é
uma confusão que as pessoas fazem, em misturar elementos do judaísmo, como é o
caso da chamada estrela de Davi, que recentemente foi usada de forma errônea
numa manifestação, com elementos do cristianismo. Por quê? O cristianismo
nasceu, sim, no seio de Israel, no seio de Jerusalém, onde aconteceu e viveu a
primeira comunidade cristã. Mas a partir, sobretudo, do Concílio de Jerusalém
(Atos 15), realizado nos anos de 50 ou 51 d.C., houve este rompimento, e já não
é mais possível misturar elementos do cristianismo com elementos do judaísmo,
foi o que decidiu esse primeiro concílio da Igreja."
Padre
Inácio ainda relembra que:
"Houve um tempo em que entre a Igreja e os judeus havia um verdadeiro estado hostil e revanchista de rompimento, especialmente no tempo da Idade Média e no começo da Idade Moderna, onde os judeus foram, inclusive, submetidos a processos inquisitórios e perseguições político-religiosas. Nesta época, os judeus contemporâneos, eram muitas vezes acusados como culpados pela morte de Jesus Cristo (seria o mesmo que acusar o atual povo Alemão pelo Holocausto Nazista). Apenas a partir do Concílio Vaticano II pra cá, é que começou um estado de reaproximação fraterna, política, e teológica, de forma concreta, iniciado por Pio XII durante a segunda guerra. Dando continuidade a esse processo, o Papa Paulo VI visitou a Terra Santa num movimento de aproximação fraterna e solidária com o povo judeu, e dando continuidade com demais papas desde então."
As três atuais versões, ou visões para Israel
1)-Profética: Há diferentes interpretações sobre a relação entre o
Israel bíblico e o atual, com algumas correntes religiosas considerando o
Estado moderno como um cumprimento de profecias bíblicas, enquanto outras
enfatizam as diferenças e os desafios relacionados à ocupação da terra e aos
conflitos com os palestinos.
2)-Política: A conexão entre o Israel bíblico e o atual tem sido
usada por diferentes grupos para justificar suas posições políticas e
territoriais, o que tem gerado tensões e debates.
3)-Espiritual: Algumas interpretações cristãs referem-se ao
"Israel espiritual" como o conjunto de pessoas que creem em Jesus,
independentemente da sua origem étnica, e que receberão as bênçãos prometidas a
Abraão.
A igreja católica, até esta data, ainda não deu nenhum veredito formal e oficial para essas três visões sobre Israel, permanecendo portanto, uma questão teológica "em aberto".
O padre Paulo Ricardo, em suas reflexões, aborda a relação entre o Israel bíblico e o Israel atual, destacando a importância da fé e da promessa divina para o povo judeu e a sua conexão com a Igreja. Ele explora como a história de Israel, desde o Antigo Testamento, revela um povo escolhido por Deus, mas também sujeito a provações e desafios. Além disso, o padre analisa a importância da fé, da conversão e da busca pela verdade para todos, incluindo o povo judeu e os cristãos.
Israel bíblico - Povo escolhido:
O padre Paulo Ricardo ressalta que Deus escolheu o povo de Israel para ser seu povo, um povo com o qual Ele estabeleceu uma aliança.
Promessas e desafios:
Essa escolha divina, no entanto, veio acompanhada de promessas, mas também de desafios, como a infidelidade e a necessidade de conversão.
Prefiguração:
O padre aponta para como a história de Israel no Antigo Testamento prefigura a vinda de Cristo e a formação da Igreja, como um novo Israel.
Israel atual - Continuação da história:
O padre Paulo Ricardo reconhece que
o povo judeu continua existindo e que sua história se estende até os dias
atuais.
Relevância da fé:
A fé, a esperança e a busca pela verdade continuam sendo elementos centrais na experiência do povo judeu, tanto no passado quanto no presente.
Diálogo e compreensão:
O padre incentiva o diálogo e a compreensão mútua entre judeus e cristãos, reconhecendo a importância do respeito à fé e à história de cada um.
O papel da fé/Conversão:
Tanto para o povo de Israel quanto para os cristãos, a conversão a Deus é um elemento fundamental na vida de fé.
Busca pela verdade:
A busca pela verdade, tanto em relação à história de Israel quanto à fé cristã, é um caminho para aprofundar a compreensão e o relacionamento com Deus.
Unidade na diversidade:
O padre Paulo Ricardo enfatiza a importância de reconhecer a unidade na diversidade entre judeus e cristãos, buscando construir pontes e promover o diálogo. O padre Paulo Ricardo, em suas reflexões, busca mostrar a relevância da história de Israel para a fé cristã e a importância da fé para todos, judeus e cristãos, na busca pela verdade e na construção de um mundo mais justo e fraterno.
O Vaticano, através do Vatican News,
frequentemente aborda o Israel bíblico em seus conteúdos, especialmente na
seção "Palavra do Dia" e em documentos relacionados à fé e à moral
cristã. O Israel bíblico é visto como um povo escolhido por Deus e o precursor
do povo de Deus na Nova Aliança, estabelecida por Jesus Cristo. O Vaticano
também enfatiza a importância da Igreja como mãe espiritual e educadora da fé,
seguindo o exemplo de Maria, a mãe de Jesus.
Documentos do Vaticano que abordam o tema:
•Vatican News:O site oficial do Vaticano, Vatican News, publica diariamente reflexões sobre o Evangelho, muitas vezes com referências ao Israel bíblico e à sua importância para a fé cristã.
•Documentos do Concílio Vaticano II: O Concílio Vaticano II, em documentos como a Lumen Gentium e Nosta Aetete, tratam da natureza da Igreja, da sua relação com Israel e da importância da unidade entre os cristãos e o povo Judeu herdeiros das promessas irrevogáveis de Deus.
•Bíblia e Moral: O documento "Bíblia e Moral" da Congregação para a Doutrina da Fé explora as raízes bíblicas do agir cristão e a relação entre a fé e a moral, com referências frequentes ao Antigo Testamento e ao povo de Israel. O Vaticano, portanto, reconhece a importância do Israel bíblico como parte integrante da história da salvação e como um povo com o qual a Igreja Católica compartilha uma herança de fé e esperança em Deus.
O Catecismo, em diversos parágrafos, aborda a história de Israel,
suas profecias e sua relação com o cristianismo, destacando a continuidade
entre a Antiga e a Nova Aliança:
A Igreja prefigurada e preparada no povo de Israel
§759 "O Pai eterno, por libérrimo e
arcano desígnio de sua sabedoria e bondade, criou todo o universo; decidiu
elevar os homens à comunhão da vida divina", à qual chama todos os homens
em seu Filho: "Todos os que crêem em Cristo, o Pai quis chamá-los a
formarem a santa Igreja". Esta "família de Deus" se constitui e
se realiza gradualmente ao longo das etapas da história humana, segundo as
disposições do Pai. Com efeito, "desde a origem do mundo a Igreja foi
prefigurada. Foi admiravelmente preparada na história do povo de Israel e na
antiga aliança. Foi fundada nos últimos tempos. Foi manifestada pela efusão do
Espírito. E no fim dos tempos será gloriosamente consumada".
§760 "O mundo foi criado em vista da Igreja", diziam os cristãos dos primeiros tempos. Deus criou o mundo em vista da comunhão com sua vida divina, comunhão esta que se realiza pela "convocação" dos homens em Cristo, e esta "convocação" é a Igreja. A Igreja é a finalidade de todas as coisas, e as próprias vicissitudes dolorosas, como a queda dos anjos e o pecado do homem, só foram permitidas por Deus como ocasião e meio para desdobrar toda a força de seu braço, toda a medida de amor que Ele queria dar ao mundo:Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação dos homens e se chama Igreja.
§762 A preparação longínqua da reunião do Povo de Deus começa com a vocação de Abraão, a quem Deus promete que será o pai de um grande povo. A preparação imediata tem seus inícios com a eleição de Israel como povo de Deus. Por sua eleição, Israel deve ser o sinal do congraçamento futuro de todas as nações. Mas já os profetas acusam Israel de ter rompido a aliança e de ter-se comportado como uma prostituta. Anunciam uma nova e eterna Aliança. "Esta Aliança Nova, Cristo a instituiu."
§1093 O ESPÍRITO SANTO PREPARA PARA ACOLHER A CRISTO Na economia sacramental o Espírito Santo leva à realização as figuras da antiga aliança. Visto que a Igreja de Cristo estava "admiravelmente preparada na história do Povo de Israel e na Antiga Aliança", a liturgia da Igreja conserva como parte integrante e insubstituível - tomando-os seus - alguns elementos do culto da Antiga Aliança:principalmente a leitura do Antigo Testamento; a oração dos Salmos; e sobretudo a memória dos eventos salvadores e das realidades significativas que encontraram sua realização no Mistério de Cristo (a Promessa e a Aliança, o Êxodo e a Páscoa, o Reino e o Templo, o exílio e a volta).
Aliança de Deus com Israel
§1611 Examinando a aliança de Deus com
Israel sob a imagem de um amor conjugal exclusivo e fiel, os profetas
prepararam a consciência do povo eleito para uma compreensão mais profunda da
unicidade e indissolubilidade do Matrimônio. Os livros de Rute e de Tobias dão
testemunhos comoventes do elevado sentido do casamento, da fidelidade e da
ternura dos esposos. A Tradição sempre viu no Cântico dos Cânticos uma
expressão única do amor humano, visto que é reflexo do amor de Deus, amor
"forte como a morte", que "as águas da torrente jamais poderão
apagar" (Ct 8,6-7).
§1612 O CASAMENTO NO SENHOR - A aliança
nupcial entre Deus e seu povo Israel havia preparado a nova e eterna aliança na
qual o Filho de Deus, encarnando-se e entregando sua vida, uniu-se de certa maneira
com toda a humanidade salva por ele, preparando, assim, "as núpcias do
Cordeiro (Cf Ap 19,7 e 9).
Amor de Deus para com Israel
§218 DEUS É AMOR Ao longo de sua história,
Israel pôde descobrir que Deus tinha uma única razão para revelar-se a ele e
para tê-lo escolhido dentre todos os povos para ser dele: seu amor gratuito. E
Israel entendeu, graças a seus profetas, que foi também por amor que Deus não
cessou de salvá-1o e de perdoar-lhe sua infidelidade e seus pecados.
§219 O amor de Deus por Israel é comparado
ao amor de um pai por seu filho. Este amor é mais forte que o amor de uma mãe
por seus filhos. Deus ama seu Povo mais do que um esposo ama sua bem-amada;
este amor se sobrepor até às piores infidelidades; ir até a mais preciosa
doação: "Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho único" (Jo
3,16).
Anúncio do nascimento de Cristo a
Israel
§437 O anjo anunciou aos pastores o
nascimento de Jesus como o do Messias prometido a Israel: "Hoje, na cidade
de Davi, nasceu-vos um Salvador que é o Cristo Senhor" (Lc 2,11). Desde o
inicio Ele é "aquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo" (Jo
10,36), concebido como "Santo" no seio virginal de Maria. José foi
chamado por Deus "a receber Maria, sua mulher", grávida "daquele
que foi gerado nela pelo Espírito Santo" (Mt 1,21), para que Jesus,
"que se chama Cristo", nascesse da esposa de José na descendência
messiânica de Davi (Mt 1,16).
§522 A vinda do Filho de Deus à terra é um
acontecimento de tal imensidão que Deus quis prepará-lo durante séculos. Ritos
e sacrifícios, figuras e símbolos da "Primeira Aliança", tudo ele faz
convergir para Cristo; anuncia-o pela boca dos profetas que se sucedem em
Israel. Desperta, além disso, no coração dos pagãos a obscura expectativa desta
vinda.
§719 João é "mais do que um
profeta". Nele, o Espírito Santo conclui a tarefa de "falar pelos
profetas". João encerra o ciclo dos profetas inaugurado por Elias. Anuncia
a iminência da Consolação de Israel, é a "voz" do Consolador que vem.
Como fará o Espírito de Verdade, "ele vem como testemunha, para dar
testemunho da Luz" (Jo 1,7). Aos olhos de João o Espírito realiza, assim,
as "pesquisas dos profetas" e o "desejo" dos anjos:
"Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer é o que batiza com
o Espírito Santo Eu vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus... Eis o
Cordeiro de Deus" (Jo 1,33-36).
Deus salva Israel do pecado
§431 Na História da Salvação, Deus não se
contentou em libertar Israel da "casa da escravidão" (Dt 5,6),
fazendo-o sair do Egito. Salva-o também de seu pecado. Por ser o pecado sempre
uma ofensa feita a Deus, só ele pode perdoá-lo. Por isso Israel, tomando
consciência cada vez mais clara da universalidade do pecado, não poder mais
procurar a salvação a não ser na invocação do Nome do Deus Redentor.
Espera e esperança de Israel
§529 A apresentação de Jesus no Templo
mostra-o como o Primogênito pertencente ao Senhor. Com Simeão e Ana, é toda a
espera de Israel que vem ao encontro de seu Salvador (a tradição bizantina
designa com este termo tal acontecimento). Jesus é reconhecido como o Messias
tão esperado, "luz das nações" e "Glória de Israel", mas
também "sinal de contradição". A espada de dor predita a Maria
anuncia esta outra oblação, perfeita e única, da Cruz, que dará a salvação que
Deus "preparou diante de todos os povos".
§673 A partir da Ascensão, o advento de
Cristo na glória é iminente, embora não nos "caiba conhecer os tempos e os
momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade" (At 1,7). Este
acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento, ainda que estejam
"retidos" tanto ele como a provação final que há de precedê-lo.
§674 A vinda do Messias glorioso depende a
todo momento da história do reconhecimento dele por "todo Israel".
Uma parte desse Israel se "endureceu" (Rm 5) na
"incredulidade" (Rm 11,20) para com Jesus. São Pedro o afirma aos
judeus de Jerusalém depois de Pentecostes: "Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados e deste modo
venham da face do Senhor os tempos de refrigério. Então enviará ele o Cristo que
vos foi destinado, Jesus a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração
de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos
profetas" (At 3,19-21). E São Paulo lhe faz eco: "Se a rejeição deles
resultou na reconciliação do mundo, O que será o acolhimento deles senão a vida
que vem dos mortos?" A entrada da "plenitude dos judeus" na
salvação messiânica, depois da "plenitude dos pagãos, dará ao Povo de Deus
a possibilidade de "realizar a plenitude de Cristo" (Ef 4, 13), na
qual "Deus ser tudo em todos" (1Cor 15,28).
Esperança de Israel
§64 Por meio dos profetas, Deus forma seu
povo na esperança da salvação, na expectativa de uma Aliança nova e eterna
destinada a todos os homens, e que será impressa nos corações. Os profetas anunciam
uma redenção radical do Povo de Deus, a purificação de todas as suas
infidelidades, uma salvação que incluirá todas as nações. Serão sobretudo os
pobres e os humildes do Senhor os portadores desta esperança. As mulheres
santas como Sara, Rebeca, Raquel, Míriam, Débora, Ana, Judite e Ester
mantiveram viva a esperança da salvação de Israel. Delas todas, a figura mais
pura é a de Maria.
§436 Cristo vem da tradução grega do termo
hebraico "Messias", que quer dizer "ungido". Só se toma o
nome próprio de Jesus porque este leva à perfeição a missão divina que
significa. Com efeito, em Israel eram ungidos em nome de Deus os que lhe eram
consagrados para uma missão vinda dele. Era o caso dos reis, dos sacerdotes e,
em raras ocasiões, dos profetas. Esse devia ser por excelência o caso do
Messias que Deus enviaria para instaurar definitivamente seu Reino. O Messias
devia ser ungido pelo Espírito do Senhor ao mesmo tempo como rei e sacerdote,
mas também como profeta . Jesus realizou a esperança messiânica de Israel em
sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei.
§453 O nome Cristo significa
"Ungido", "Messias". Jesus é o Cristo pois "Deus o
ungiu com o Espírito Santo e com poder" (At 10,38). Ele era "aquele
que há de vir" (Lc 7,19), o objeto da "esperança de Israel".
Israel e a fé no Deus UNO
§212 SÓ DEUS É - Ao longo dos séculos, a fé
de Israel pôde desenvolver e aprofundar as riquezas contidas na revelação do
nome divino. Deus é único, fora dele não há deuses. Transcende o mundo e a
história. Foi Ele quem fez o céu e a terra: "Eles perecem, mas tu
permaneces; todos ficam gastos como a roupa... mas tu existes, e teus anos
jamais findarão!" (S1102,27-28). Nele "não h mudança, nem sombra de
variação" (Tg 1,17). Ele é "AQUELE QUE É", desde sempre e para
sempre, e é assim que permanece sempre fiel a si mesmo e às suas promessas.
§587 Se a Lei e o Templo de Jerusalém
puderam ser ocasião de "contradição" da parte de Jesus para as
autoridades religiosas de Israel, foi o papel dele na redenção dos pecados,
obra divina por excelência, que constituiu para elas a verdadeira pedra de
escândalo.
§588 Jesus escandalizou os fariseus ao
comer com os publicanos e os pecadores com a mesma familiaridade com que comia
com eles. Contra os que, dentre os fariseus, estavam "convencidos de serem
justos e desprezavam os outros" (Lc 18,9), Jesus afirmou: "Eu não vim
chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento" (Lc 5,32). Foi mais
longe ao proclamar diante dos fariseus que, sendo o pecado universal, os que
pretendem não necessitar de salvação estão cegos para sua própria cegueira.
§589 Jesus escandalizou sobretudo porque
identificou sua conduta misericordiosa para com os pecadores com a atitude do
próprio Deus para com eles. Chegou ao ponto de dar a entender que, partilhando
a mesa dos pecadores, os estava admitindo ao banquete messiânico. Mas foi
particularmente ao perdoar os pecados que Jesus deixou as autoridades
religiosas de Israel diante de um dilema. Foi isto que disseram com razão,
cheios de espanto: Só Deus pode perdoar os pecados" (Mc 2,7). Ao perdoar
os pecados, ou Jesus blasfema - pois é um homem que se iguala a Deus -, ou diz
a verdade, e sua pessoa torna presente e revela o Nome de Deus.
§590 Somente a identidade divina da
pessoa de Jesus pode justificar uma exigência tão absoluta quanto esta: "Aquele que não está comigo está contra mim" (Mt 12,30);
assim, também, quando diz que nele está "mais do que Jonas... mais do que
Salomão" (Mt 12,41-42), "mais do que o Templo"; ou quando
lembra, referindo-se a si mesmo, que Davi chamou o Messias de seu Senhor, ao a
firmar "Antes que Abraão fosse, Eu Sou" (Jo 8,58); e até "Eu e o Pai somos um" (Jo 10,30).
§591 Jesus pediu às autoridades religiosas
de Jerusalém que cressem nele por causa das obras de seu Pai que ele realiza.
Tal ato de fé tinha de passar, no entanto, por uma misteriosa morte de si mesmo
em vista de um novo "nascimento do alto", sob o impulso da graça
divina. Essa exigência de conversão ante um cumprimento tão surpreendente das
promessas permite compreender o trágico desprezo do sinédrio ao estimar que
Jesus merecia a morte como blasfemo. Seus membros agiam assim por
"ignorância" e ao mesmo tempo pelo "endurecimento" da
"incredulidade".
Israel e a observância do sábado
§348 O Sábado constitui o coração da lei de
Israel. Observar os mandamentos é corresponder à sabedoria e à vontade de Deus
expressa em sua obra de criação.
§2170 No dia do Senhor, a Escritura revela
ainda um memorial da libertação de Israel da escravidão do Egito: "Recorda
que foste escravo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te fez sair de lá
com a mão forte e o braço estendido. E por isso que o Senhor teu Deus te
ordenou guardar o dia de sábado" (Dt 5,15).
§2171 Deus confiou o sábado a Israel, para
que ele pudesse guardá-lo em sinal da aliança inquebrantável. O sábado é, para
o Senhor, santamente reservado ao louvor de Deus, de sua obra de criação e de
suas ações salvíficas em favor de Israel.
Marcos 2,27: "Então Jesus disse: o sábado foi feito por causa
do homem, e não o homem por causa do sábado"
Israel filho de Deus
§238 A revelação de Deus como Trindade O
PAI REVELADO PELO FILHO A invocação de Deus como "Pai" é conhecida em
muitas religiões. A divindade é muitas vezes considerada "pai dos deuses e
dos homens". Em Israel, Deus é chamado de Pai enquanto Criador do mundo.
Deus é Pai, mais ainda, em razão da Aliança, e do dom da Lei a Israel, seu
"filho primogênito" (Ex 4,22). E também chamado de Pai do rei de
Israel. Muito particularmente Ele é "o Pai dos pobres", do órfão e da
viúva que estão sob sua proteção de amor.
§441 Filho de Deus, no Antigo Testamento, é
um título aos anjos, ao povo da Eleição, aos filhos de Israel e a seus reis.
Significa então uma filiação adotiva que estabelece entre Deus e sua criatura
relações de uma intimidade especial. Quando o Rei-Messias prometido é chamado
"filho de Deus", isso não implica necessariamente, segundo o sentido
literal desses textos, que ele ultrapasse o nível humano. Os que designaram
Jesus como Messias de Israel talvez não tenham tido a intenção de dizer mais do
que isto.
Israel povo "dos irmãos mais velhos"
§62 Depois dos patriarcas, Deus formou
Israel como seu povo, salvando-o da escravidão do Egito. Fez com ele a Aliança
do Sinal e deu-lhe, por intermédio de Moisés, a sua Lei, para que o
reconhecesse e o servisse como o único Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e
juiz justo, e para que esperasse o Salvador prometido.
§63 Israel é o Povo sacerdotal de Deus, aquele que "traz o
Nome do Senhor" (Dt 28,10). É o povo daqueles "aos quais Deus falou
em primeiro lugar", o povo dos "irmãos mais velhos" da fé de
Abraão.
§64 Por meio dos profetas, Deus forma seu
povo na esperança da salvação, na expectativa de uma Aliança nova e eterna
destinada a todos os homens, e que será impressa nos corações. Os profetas
anunciam uma redenção radical do Povo de Deus, a purificação de todas as suas
infidelidades, uma salvação que incluirá todas as nações. Serão sobretudo os
pobres e os humildes do Senhor os portadores desta esperança. As mulheres
santas como Sara, Rebeca, Raquel, Míriam, Débora, Ana, Judite e Ester mantiveram
viva a esperança da salvação de Israel. Delas todas, a figura mais pura é a de
Maria.
§762 A preparação longínqua da reunião do
Povo de Deus começa com a vocação de Abraão, a quem Deus promete que será o pai
de um grande povo. A preparação imediata tem seus inícios com a eleição de
Israel como povo de Deus. Por sua eleição, Israel deve ser o sinal do
congraçamento futuro de todas as nações. Mas já os profetas acusam Israel de
ter rompido a aliança e de ter-se comportado como uma prostituta. Anunciam uma
nova e eterna Aliança. "Esta Aliança Nova, Cristo a instituiu."
Israel povo eleito
§60 O povo originado de Abraão será o
depositário da promessa feita aos patriarcas, o povo da eleição, chamado a
preparar o congraçamento, um dia, de todos os filhos de Deus na unidade da
Igreja; será a raiz sobre a qual serão enxertados os pagãos tornados crentes.
§762 A preparação longínqua da reunião do
Povo de Deus começa com a vocação de Abraão, a quem Deus promete que será o pai
de um grande povo. A preparação imediata tem seus inícios com a eleição de
Israel como povo de Deus. Por sua eleição, Israel deve ser o sinal do
congraçamento futuro de todas as nações. Mas já os profetas acusam Israel de
ter rompido a aliança e de ter-se comportado como uma prostituta. Anunciam uma
nova e eterna Aliança. "Esta Aliança Nova, Cristo a instituiu."
Israel povo sacerdotal - Jesus e Israel
§539 Os evangelistas assinalam o sentido
salvífico desse acontecimento misterioso. Jesus é o novo Adão, que ficou fiel
onde o primeiro sucumbiu à tentação. Jesus cumpre à perfeição a vocação de
Israel: contrariamente aos que provocai outrora a Deus durante quarenta anos no
deserto, Cristo se revela como o Servo de Deus totalmente obediente à vontade
divina. Nisso Jesus é vencedor do Diabo: ele "amarrou o homem forte"
para retomar-lhe a presa. A vitória de Jesus sobre o tentador no deserto
antecipa a vitória da Paixão, obediência suprema de seu amor filial ao Pai.
§574 Desde o início do ministério público
de Jesus, fariseus e adeptos de Herodes, com sacerdotes e escribas,
mancomunaram-se para matá-lo. Por causa de certos atos por ele praticados
(expulsão de demônios, perdão dos pecados, curas em dia de sábado interpretação
original dos preceitos de pureza da Lei, de pureza da Lei, familiaridade com os
publicanos e com pecadores públicos), Jesus pareceu a alguns mal-intencionados,
suspeito de possessão demoníaca. Ele é acusado de blasfêmia e de falso
profetismo, crimes religiosos que a Lei punia com a pena de morte sob forma de
apedrejamento.
§575 Muitos atos e palavras de Jesus
constituíram, portanto, um sinal de contradição" para as autoridades
religiosas de Jerusalém - que o Evangelho de São João com freqüência denomina
"os judeus" - mas ainda do que para o comum do povo de Deus. Sem
dúvida, suas relações com os fariseus não foram exclusivamente polêmicas. São
os fariseus que o previnem do perigo que corre. Jesus elogia alguns deles, como
o escriba de Mc 12,34, e repetidas vezes come com fariseus. Jesus confirma
doutrinas compartilhadas por essa elite religiosa do povo de Deus: a
ressurreição dos mortos, as formas de piedade (esmola, jejum e oração) e o
hábito de dirigir-se a Deus como Pai, a centralidade do mandamento do amor a
Deus e ao próximo.
§576 Aos olhos de muitos, em Israel, Jesus parece agir contra as instituições essenciais do Povo eleito:a submissão à Lei na integralidade de seus preceitos escritos e, para os fariseus, na interpretação da tradição oral;a centralidade do Templo de Jerusalém como lugar santo, em que Deus habita de forma privilegiada;a fé no Deus único, cuja glória nenhum homem pode compartilhar.
§577 Jesus fez uma advertência solene no começo do Sermão da Montanha, em que apresentou a Lei dada por Deus no Sinai por ocasião da Primeira Aliança à luz da graça da Nova Aliança:Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado. Aquele, portanto, que violar um só destes menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo ser chamado o menor no Reino dos Céus; aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos Céus (Mt 5,17-19).
§578 Jesus, o Messias de Israel, portanto o
maior no Reino dos Céus, tinha a obrigação de cumprir a Lei, executando-a em
sua integridade até seus mínimos preceitos, segundo suas próprias palavras. Ele
é o único que conseguiu cumpri-la com perfeição. Os judeus, conforme sua
própria confissão, nunca conseguiram cumprir a Lei em sua integridade sem violar-lhe
o mínimo preceito. Esta é a razão pela qual, em cada festa anual da Expiação,
os filhos de Israel pedem a Deus perdão por suas transgressões da Lei. Com
efeito, a Lei constitui um todo e, como recorda São Tiago, "aquele que
guarda toda a Lei, mas desobedece a um só ponto, torna- se culpado da
transgressão da Lei inteira" (Tg 2,10).
§579 Esse princípio da integralidade da
observância da Lei, não somente em sua letra, mas em seu espírito, era caro aos
fariseus. Tomando-o extensivo a Israel, levaram muitos judeus do tempo de Jesus
a um zelo religioso extremo. Este zelo extremo, se não quisesse envolver-se em
uma casuística "hipócrita", só podia preparar o povo para essa
intervenção inaudita de Deus que será o cumprimento perfeito da Lei exclusivamente
pelo Justo em lugar de todos os pecadores.
§580 O cumprimento perfeito da Lei só podia
ser obra do Legislador divino nascido sujeito à Lei na pessoa do Filho. Em
Jesus, a Lei não aparece mais gravada nas tábuas de pedra, mas "no fundo
do coração" (Jr 31,33) do Servo, o qual, pelo fato de "trazer
fielmente o direito" (Is 42,3), se tornou "a Aliança do povo"
(Is 42,6). Jesus cumpriu a Lei até o ponto de tomar sobre si "a maldição
da Lei" in quod illi incurrerant "qui non permanent in omnibus, quae
scripta sunt, ut faciant ea", na qual incorrerreram aqueles que "não
praticam todos os preceitos da mesma, pois "a morte de Cristo aconteceu
para resgatar as transgressões cometidas no Regime da Primeira Aliança"
(Hb 9, 15).
§581 Jesus apareceu aos olhos dos judeus e
de seus chefes espirituais como um "rabi". Com freqüência argumentou
na linha da interpretação rabínica da Lei. Mas ao mesmo tempo Jesus só podia
chocar os doutores da Lei, já que não se contentava em propor sua interpretação
em pé de igualdade com as deles, senão que "ensinava como alguém que tem
autoridade, e não como os escribas" (Mt 7,28-29). Nele, é a mesma Palavra
de Deus que tinha ressoado no Sinai para a Moisés a Lei escrita, que se faz
ouvir novamente sobre o Monte Bem-aventuranças. Ela não abole a Lei, mas a
cumpre, fornecendo de modo divino a interpretação última dela:
"Aprendestes o que foi dito aos antigos... eu, porém, vos digo" (Mt
5,33-34). Com esta mesma autoridade divina, Ele desabona certas "tradições
humanas" dos fariseus que "invalidam a Palavra de Deus".
§582 Indo mais longe, Jesus cumpre a Lei a
respeito da pureza dos alimentos, tão importante na vida diária judaica,
revelando o sentido "pedagógico" dela por uma interpretação divina:
"Tudo o que de fora, entrando no homem, não pode torná-lo impuro..."
assim declarava puros todos os alimentos. "O que sai do homem, é isto que
o torna impuro. Pois é de dentro, do coração dos homens, que as intenções
malignas" (Mc 7,18-21). Ao dar com autoridade divina a interpretação
definitiva da Lei, Jesus acabou confrontando-se com certos doutores da Lei que
não aceitavam a interpretação da Lei dada por Jesus, apesar de garantida pelos
sinais divinos que a acompanhavam. Isto vale particularmente para a questão do
sábado: Jesus lembra, muitas vezes com argumentos rabínicos, que o descanso do
sábado não é lesado pelo serviço de Deus ou do próximo, executado por meio das
curas operadas por Ele.
§583 Jesus, como os profetas anteriores a
Ele, teve pelo Templo de Jerusalém o mais profundo respeito. Nele foi apresentado
por José e Maria quarenta dias após seu nascimento. Com doze anos, decide ficar
no Templo para lembrar a seus pais que deve dedicar-se às coisas de seu Pai.
Durante os anos de sua vida oculta, subiu ao Templo a cada ano, no mínimo por
ocasião da Páscoa; até seu ministério público foi ritmado por suas
peregrinações a Jerusalém para as grandes festas judaicas.
§584 Jesus subiu ao Templo como lugar
privilegiado de encontro com Deus. O Templo é para ele a morada de seu Pai, uma
casa de oração, e se indigna pelo fato de seu átrio externo ter-se tornado um
lugar de comércio. Se expulsa os vendilhões do Templo, é por amor zeloso a seu
Pai. "Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio. Seus discípulos
lembram-se do que está escrito: 'O zelo por tua casa me devorará' (Sl 69)"
(Jo 2,16-17). Depois de sua Ressurreição, os apóstolos mantiveram um respeito
religioso pelo Templo.
§585 Contudo, no limiar de sua Paixão,
Jesus anunciou a ruína desse esplêndido edifício, do qual não restará mais
pedra sobre pedra. Há aqui o anúncio de um sinal dos tempos finais que vão
abrir-se com sua própria Páscoa. Esta profecia, porém, pode ser relatada de
modo deformado por testemunhas falsas no momento do interrogatório de Jesus
diante do sumo sacerdote, sendo-lhe atribuída como injúria quando ele foi
pregado à cruz.
§586 Longe de ter sido hostil ao Templo,
local em que aliás, ministrou o essencial de seu ensinamento, Jesus fez questão
de pagar o imposto do Templo, associando a este ato Pedro, que acabara de
estabelecer como fundamento para sua Igreja futura. Mais ainda: identificou-se
com o Templo ao apresentar-se como a morada definitiva de Deus entre os homens.
Eis por que sua morte corporal decretada anuncia a destruição do Templo,
(destruição) que manifestará a entrada em uma nova era História da Salvação:
"Vem a hora em que nem sobre esta montanha nem em Jerusalém adorareis o
Pai" (Jo 4,21).
§587 Se a Lei e o Templo de Jerusalém
puderam ser ocasião de "contradição" da parte de Jesus para as
autoridades religiosas de Israel, foi o papel dele na redenção dos pecados,
obra divina por excelência, que constituiu para elas a verdadeira pedra de
escândalo.
§588 Jesus escandalizou os fariseus ao
comer com os publicanos e os pecadores com a mesma familiaridade com que comia
com eles. Contra os que, dentre os fariseus, estavam "convencidos de serem
justos e desprezavam os outros" (Lc 18,9), Jesus afirmou: "Eu não vim
chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento" (Lc 5,32). Foi mais
longe ao proclamar diante dos fariseus que, sendo o pecado universal, os que
pretendem não necessitar de salvação estão cegos para sua própria cegueira.
§589 Jesus escandalizou sobretudo porque
identificou sua conduta misericordiosa para com os pecadores com a atitude do
próprio Deus para com eles. Chegou ao ponto de dar a entender que, partilhando
a mesa dos pecadores, os estava admitindo ao banquete messiânico. Mas foi
particularmente ao perdoar os pecados que Jesus deixou as autoridades
religiosas de Israel diante de um dilema. Foi isto que disseram com razão,
cheios de espanto: Só Deus pode perdoar os pecados" (Mc 2,7). Ao perdoar
os pecados, ou Jesus blasfema - pois é um homem que se iguala a Deus -, ou diz
a verdade, e sua pessoa torna presente e revela o Nome de Deus.
§590 Somente a identidade divina da pessoa
de Jesus pode justificar uma exigência tão absoluta quanto esta: "Aquele
que não está comigo está contra mim" (Mt 12,30); assim, também, quando diz
que nele está "mais do que Jonas... mais do que Salomão" (Mt
12,41-42), "mais do que o Templo"; ou quando lembra, referindo-se a
si mesmo, que Davi chamou o Messias de seu Senhor, ao a firmar "Antes que
Abraão fosse, Eu Sou" (Jo 8,58); e até "Eu e o Pai somos um" (Jo
10,30).
§591 Jesus pediu às autoridades religiosas
de Jerusalém que cressem nele por causa das obras de seu Pai que ele realiza.
Tal ato de fé tinha de passar, no entanto, por uma misteriosa morte de si mesmo
em vista de um novo "nascimento do alto", sob o impulso da graça
divina. Essa exigência de conversão ante um cumprimento tão surpreendente das
promessas permite compreender o trágico desprezo do sinédrio ao estimar que
Jesus merecia a morte como blasfemo. Seus membros agiam assim por
"ignorância" e ao mesmo tempo pelo "endurecimento" da
"incredulidade".
§592 Jesus não aboliu a Lei do Sinai, mas a cumpriu com tal
perfeição que revela seu sentido último e resgata as transgressões contra ela.
§593 Jesus venerou o Templo, subindo a ele
nas festas judaicas de peregrinação, e amou com amor cioso esta morada de Deus
entre os homens. O Templo prefigura seu próprio mistério. Se anuncia a
destruição do Templo, é como manifestação de sua própria morte e da entrada em
uma nova era da História da Salvação, na qual seu Corpo será o Templo
definitivo.
§594 Jesus realizou atos como o perdão dos
pecados - que o manifestaram como o próprio Deus Salvador. Alguns judeus, não
reconhecendo o Deus feito homem e vendo nele um homem que se faz Deus",
julgaram-no blasfemo.
Jesus Messias de Israel
§438 A consagração messiânica de Jesus
manifesta sua missão divina. "É, aliás, o que indica seu próprio nome,
pois no nome de Cristo está subentendido Aquele que ungiu, Aquele que foi
ungido e a própria Unção com que ele foi ungido dado: Aquele que ungiu é o Pai,
Aquele que foi ungido é o Filho, e o foi no Espírito, que é a Unção." Sua
consagração messiânica eterna revelou-se no tempo de sua vida terrestre, por
ocasião de seu Batismo por João, quando "Deus o ungiu com o Espírito Santo
e poder" (At 10,38), "para que ele fosse manifestado a Israel"
(Jo 1,31) como seu Messias. Por suas obras e palavras será conhecido como
"o Santo de Deus".
§528 A epifania é a manifestação de Jesus
como Messias Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo. Com o Batismo de Jesus
no Jordão e com as bodas de Caná, ela celebra a adoração de Jesus pelos
"magos" vindos do Oriente. Nesses "magos", representantes
das religiões pagãs circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações que
acolhem a Boa Nova da salvação pela Encarnação. A vinda dos magos a Jerusalém
para "adorar ao Rei dos Judeus" mostra que eles procuram em Israel, à
luz messiânica da estrela de Davi, aquele que será o Rei das nações. Sua vinda
significa que os pagãos só podem descobrir Jesus e adorá-lo como Filho de Deus
e Salvador do mundo voltando-se para os judeus e recebendo deles sua promessa
messiânica, tal como está contida no Antigo Testamento. A Epifania manifesta
que "a plenitude dos pagãos entra na família dos patriarcas" e
adquire a "dignidade israelítica".
§535 A vida pública de Jesus tem início com
seu Batismo por João no rio Jordão. João Batista proclamava "um batismo de
arrependimento para a remissão dos pecados" (Lc 3,3). Uma multidão de
pecadores, de publicanos e soldados, fariseus e saduceus e prostitutas vem fazer-se
batizar por ele. Jesus aparece, o Batista hesita, mas Jesus insiste. E Ele
recebe o Batismo. Então o Espírito Santo, sob forma de pomba, vem sobre Jesus,
e a voz do céu proclama: "Este é o meu Filho bem-amado" (Mt 3,13-17).
É a manifestação ("Epifania") de Jesus como Messias de Israel e Filho
de Deus.
Judeus e observância da Lei
§578 Jesus, o Messias de Israel, portanto o
maior no Reino dos Céus, tinha a obrigação de cumprir a Lei, executando-a em
sua integridade até seus mínimos preceitos, segundo suas próprias palavras. Ele
é o único que conseguiu cumpri-la com perfeição. Os judeus, conforme sua
própria confissão, nunca conseguiram cumprir a Lei em sua integridade sem
violar-lhe o mínimo preceito. Esta é a razão pela qual, em cada festa anual da
Expiação, os filhos de Israel pedem a Deus perdão por suas transgressões da
Lei. Com efeito, a Lei constitui um todo e, como recorda São Tiago,
"aquele que guarda toda a Lei, mas desobedece a um só ponto, torna- se
culpado da transgressão da Lei inteira" (Tg 2,10).
§579 Esse princípio da integralidade da
observância da Lei, não somente em sua letra, mas em seu espírito, era caro aos
fariseus. Tomando-o extensivo a Israel, levaram muitos judeus do tempo de Jesus
a um zelo religioso extremo. Este zelo extremo, se não quisesse envolver-se em
uma casuística "hipócrita", só podia preparar o povo para essa
intervenção inaudita de Deus que será o cumprimento perfeito da Lei
exclusivamente pelo Justo em lugar de todos os pecadores.
Judeus
não podem ser imputados coletivamente da morte de Jesus
§597 Levando em conta a complexidade histórica do processo de Jesus manifestada nos relatos evangélicos, e qualquer que possa ser o pecado pessoal dos atores do processo (Judas, o Sinédrio, Pilatos), conhecido só de Deus, não se pode atribuirá responsabilidade ao conjunto dos judeus de Jerusalém, a despeito dos gritos de uma multidão manipulada e das censuras globais contidas nos apelos à conversão depois de Pentecostes. O próprio Jesus, ao perdoar na cruz, e Pedro, depois dele, apelaram para a "ignorância" dos judeus de Jerusalém e até dos chefes deles. Menos ainda pode-se, a partir do grito do povo: "Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos" (Mt 27,25), que significa uma fórmula de ratificação, estender a responsabilidade aos outros judeus no espaço e no tempo.Por isso a Igreja declarou muito oportunamente no Concílio Vaticano II: "Aquilo que se perpetrou em sua Paixão não pode indistintamente ser imputado a todos os judeus que viviam então, nem aos de hoje... Os judeus não devem ser apresentados nem como condenados por Deus nem como amaldiçoados, como se isto decorresse das Sagradas Escrituras".
§598 No magistério de sua fé e no testemunho de seus santos a Igreja nunca esqueceu que "foram os pecadores como tais os autores e como que os instrumentos de todos os sofrimentos por que passou o Divino Redentor". Levando em conta que nossos pecados atingem o próprio Cristo, a Igreja não hesita em imputar aos cristãos a responsabilidade mais grave no suplício de Jesus, responsabilidade que com excessiva freqüência estes debitaram quase exclusivamente aos judeus.Devemos considerar como culpados desta falta horrível os que continuam a reincidir em pecados. Já que são os nossos crimes que arrastaram Nosso Senhor Jesus Cristo ao suplício da cruz, com certeza os que mergulham nas desordens e no mal "de sua parte crucificam de novo o Filho de Deus e o expõem as injúrias" (Hb 6,6). E é imperioso reconhecer que nosso próprio crime, neste caso é maior do que o dos judeus. Pois estes, como testemunha o Apóstolo, "se tivessem conhecido o Rei da glória, nunca o teriam crucificado" (1Cor 2,8). Nós, porém, fazemos profissão de conhecê-lo. E, quando o negamos por nossos atos, de certo modo levantamos contra Ele nossas mãos homicidas. Os demônios, então, não foram eles que o crucificaram; és tu que com eles o crucificaste e continuas a crucificá-lo, deleitando-te nos vícios e. nos pecados.
§599 A morte violenta de Jesus não foi o
resultado do acaso um conjunto infeliz de circunstâncias. Ela faz parte do
mistério do projeto de Deus, como explica São Pedro aos judeus de Jerusalém já
em seu primeiro discurso de Pentecostes: "Ele foi entregue Segundo o
desígnio determinado e a presciência de Deus" (At 2,23). Esta linguagem
bíblica não significa que os que "entregaram Jesus" tenham sido
apenas executores passivos de um roteiro escrito de antemão por Deus.
Lei de Deus e povo Judeu
§708 Esta pedagogia de Deus aparece
especialmente no dom da Lei, a qual foi dada como um "pedagogo" para
conduzir o Povo a Cristo. Mas sua impotência para salvar o homem privado da
"semelhança" divina e do conhecimento maior que ela dá do pecado
suscitam o desejo do Espírito Santo Os gemidos dos Salmos atestam isto.
§709 A Lei, sinal da promessa e da aliança,
deveria ter regido o coração e as instituições do povo nascido da fé de Abraão.
"Se ouvirdes minha voz e guardardes minha aliança... sereis para mim um
reino de sacerdotes e uma nação santa" (Ex 19,5-6). Mas, depois de Davi,
Israel sucumbe à tentação de tornar-se um reino como as demais nações. Ora, o
Reino, objeto da promessa feita a Davi, ser obra do Espírito Santo; ele
pertencerá pobres segundo o Espírito.
§710 O esquecimento da Lei e a infidelidade
à Aliança desembocam na morte: é o Exílio, aparentemente fracasso das
Promessas, mas, na realidade, fidelidade misteriosa do Deus salvador e início
de uma restauração prometida, mas segundo o Espírito. Era preciso que o Povo de
Deus sofresse essa purificação; o Exílio já traz a sombra da Cruz no Projeto de
Deus, e o Resto dos pobres que volta de lá é uma das figuras mais transparentes
da Igreja.
§1965 A Nova Lei ou Lei evangélica A Nova
Lei ou Lei evangélica é a perfeição, na terra, da lei divina, natural e
revelada. Ela é a obra do Cristo e se exprime particularmente no Sermão da
Montanha. E também obra do Espírito Santo e, por ele, vem a ser a lei interior
da caridade: "Concluirei com a casa de Israel uma nova aliança. (...)
Colocarei minhas leis em sua mente e as inscreverei em seu coração; e eu serei o
seu Deus, e eles serão o meu povo" (Hb 8,8.10).
Liturgia hebraica e liturgia cristã
§1096 Liturgia judaica e liturgia cristã.
Um conhecimento mais aprimorado da fé e da vida religiosa do povo judaico, tais
como são professadas e vividas ainda hoje, pode ajudar a compreender melhor
certos aspectos da liturgia cristã. Para os judeus e para os cristãos, a
Sagrada Escritura é uma parte essencial de suas liturgias: para a proclamação
da Palavra de Deus, a resposta a esta palavra, a oração de louvor e de intercessão
pelos vivos e pelos mortos, o recurso à misericórdia divina. A Liturgia da
palavra, em sua estrutura própria, tem sua origem na oração judaica. A Oração
das horas, bem como outros textos e formulários litúrgicos, tem seus paralelos
na oração judaica, o mesmo acontecendo com as próprias fórmulas de nossas
orações mais veneráveis, entre elas o Pai-Nosso. Também as orações eucarísticas
inspiram-se em modelos da tradição judaica. As relações entre liturgia judaica
e liturgia cristã mas também a diferença de seus conteúdos são particularmente
visíveis nas grandes festas do ano litúrgico, como a Páscoa. Cristãos e judeus
celebram a Páscoa; Páscoa da história, orientada para o futuro, entre os
judeus; Páscoa realizada na morte e na Ressurreição de Cristo, entre os
cristãos, ainda que sempre à espera da consumação definitiva.
Oração da salvação dos judeus
§2591 Deus chama incansavelmente toda
pessoa ao encontro misterioso com Ele. A oração acompanha toda a história da
salvação como um apelo recíproco entre Deus e o homem.
§2592 A oração de Abraão e de Jacó se
apresenta como um combate da fé apoiada na confiança na fidelidade de Deus e na
certeza da vitória prometida à perseverança.
§2593 A oração de Moisés responde à
iniciativa do Deus vivo para a salvação de seu povo. Prefigura a oração de
intercessão do único mediador, Jesus Cristo.
§2594 A oração do povo de Deus floresce à
sombra da Casa de Deus, da Arca da Aliança e do Templo, sob a direção dos
pastores, principalmente do rei Davi, e dos profetas.
§2595 Os profetas chamam à conversão do
coração e, buscando ardentemente a face de Deus, como Elias, intercedem pelo
povo.
§2596 Os Salmos constituem a obra-prima da
oração no Antigo Testamento. Apresentam dois componentes inseparáveis; o
pessoal e o comunitário. Estendem-se a todas as dimensões da história,
comemorando as promessas de Deus já realizadas e esperando a vinda do Messias.
§2597 Rezados e realizados em Cristo, os
Salmos são um elemento essencial e permanente da oração de sua Igreja e são
adequados aos homens de qualquer condição e tempo.
Participação de Jesus no culto e na Lei de Israel
§527 A circuncisão de Jesus, no oitavo dia
depois de seu nascimento, é sinal de sua inserção na descendência de Abraão, no
povo da Aliança, de sua submissão à Lei e de capacitação para o culto de
Israel, do qual participará durante sua toda a vida. Este sinal prefigura
"a circuncisão de Cristo", que é o Batismo.
§531 Durante a maior parte de sua vida,
Jesus compartilhou a condição da imensa maioria dos homens: uma vida cotidiana.
Sem grandeza aparente, vida de trabalho manual, vida religiosa judaica submetida
à Lei de Deus, vida na comunidade. De todo este período é-nos revelado que
Jesus era "submisso" a seus pais e que "crescia em sabedoria, em
estatura em graça diante de Deus e diante dos homens" (Lc 2,52).
§578 Jesus, o Messias de Israel, portanto o
maior no Reino dos Céus, tinha a obrigação de cumprir a Lei, executando-a em
sua integridade até seus mínimos preceitos, segundo suas próprias palavras. Ele
é o único que conseguiu cumpri-la com perfeição. Os judeus, conforme sua
própria confissão, nunca conseguiram cumprir a Lei em sua integridade sem
violar-lhe o mínimo preceito. Esta é a razão pela qual, em cada festa anual da
Expiação, os filhos de Israel pedem a Deus perdão por suas transgressões da
Lei. Com efeito, a Lei constitui um todo e, como recorda São Tiago,
"aquele que guarda toda a Lei, mas desobedece a um só ponto, torna- se
culpado da transgressão da Lei inteira" (Tg 2,10).
Páscoa em Israel
§1363 No sentido da Sagrada Escritura, o
memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos dos acontecimento do
passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus realizou por todos os
homens. A celebração litúrgica desses acontecimentos toma-os de certo modo
presentes e atuais. É desta maneira que Israel entende sua libertação do Egito:
toda vez que é celebrada a Páscoa, os acontecimentos do êxodo tomam-se
presentes à memória dos crentes, para que estes conformem sua vida a eles.
Pecado na história de Israel
§401 A partir do primeiro pecado, uma verdadeira "invasão" do pecado inunda o mundo: o fratricídio cometido por Caim contra Abel; a corrupção universal em decorrência do pecado; na história de Israel, o pecado se manifesta freqüentemente e sobretudo como uma infidelidade ao Deus da Aliança e como transgressão da Lei de Moisés; e mesmo após a Redenção de Cristo, entre os cristãos, o pecado se manifesta de muitas maneiras. A Escritura e a Tradição da Igreja não cessam de recordar a presença e a universalidade do pecado na história do homem:O que nos é manifestado pela Revelação divina concorda com a própria experiência. Pois o homem, olhando para seu coração, descobre-se também inclinado ao mal e mergulhado em múltiplos males que não podem provir de seu Criador, que é bom. Recusando-se muitas vezes a reconhecer Deus como seu princípio, o homem destruiu a devida ordem em relação ao fim último e, ao mesmo tempo, toda a sua harmonia consigo mesmo, com os outros homens e com as coisas criadas.
Povo de Israel eleito por Deus
§781 "Em qualquer época e em qualquer
povo é aceito por Deus todo aquele que o teme e pratica a justiça. Aprouve,
contudo, a Deus santificar e salvar os homens não singularmente, sem nenhuma
conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo, que o conhecesse na
verdade e santamente o servisse. Escolheu, por isso Israel como seu povo.
Estabeleceu com ele uma aliança e instruiu-o passo a passo... Tudo isso, porém,
aconteceu em preparação e figura para aquela nova e perfeita aliança que se
estabeleceria em Cristo... Esta é a Nova Aliança, isto é o Novo Testamento em seu
sangue, chamando de entre judeus e gentios um povo que junto crescesse na
unidade, não segundo a carne, mas no Espírito.
§1539 O sacramento da Ordem na economia da
salvação O SACERDÓCIO NA ANTIGA ALIANÇA O povo eleito foi constituído por Deus
como "um remo de sacerdotes e uma nação santa" (Ex 19.6). Mas, dentro
do povo de Israel, Deus escolheu uma das doze tribos, a de Levi, reservando-a
para o serviço litúrgico; Deus mesmo é sua herança. Um rito próprio consagrou
as origens do sacerdócio da antiga aliança. Os sacerdotes são ai
"constituídos para intervir em favor dos homens em suas relações com Deus,
a fim de oferecer dons e sacrifícios pelos pecados".
Relação da Igreja com o povo judeu
§839 "Os que ainda não receberam o Evangelho também se ordenam por diversos modos ao Povo de Deus." A Igreja, Povo de Deus na Nova Aliança, descobre, ao perscrutar seu próprio ministério, seus vínculos com o Povo Hebreu" a quem Deus falou em primeiro lugar". Ao contrário das outras religiões não-cristãs, a fé hebraica já é resposta à revelação de Deus na Antiga Aliança. É ao Povo Hebreu que "pertencem a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas e os patriarcas, dos quais descende Cristo, segundo a carne" (Rm 9,4-5), pois "os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento" (Rm 11, 29).
Relação entre Judeus e Jesus
§581 Jesus apareceu aos olhos dos judeus e
de seus chefes espirituais como um "rabi". Com freqüência argumentou
na linha da interpretação rabínica da Lei. Mas ao mesmo tempo Jesus só podia
chocar os doutores da Lei, já que não se contentava em propor sua interpretação
em pé de igualdade com as deles, senão que "ensinava como alguém que tem
autoridade, e não como os escribas" (Mt 7,28-29). Nele, é a mesma Palavra
de Deus que tinha ressoado no Sinai para a Moisés a Lei escrita, que se faz
ouvir novamente sobre o Monte Bem-aventuranças. Ela não abole a Lei, mas a
cumpre, fornecendo de modo divino a interpretação última dela: "Aprendestes
o que foi dito aos antigos... eu, porém, vos digo" (Mt 5,33-34). Com esta
mesma autoridade divina, Ele desabona certas "tradições humanas" dos
fariseus que "invalidam a Palavra de Deus".
Revelação de Deus aos Judeus
§201 A Israel, seu eleito, Deus revelou-se
como o Único: "Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor!
Portanto, amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma
e com toda a tua força" (Dt 6,4-5). Por meio dos profetas, Deus chama
Israel e todas as nações a se voltarem para Ele, Único: "Voltai-vos para
mim e sereis salvos, todos os confins da terra, porque eu sou Deus e não há
nenhum outro!... Com efeito diante de mim se dobrar todo joelho, toda língua h
de jurar por mim, dizendo: Só no Senhor há justiça e força".
§228 "Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o Único
Senhor...". (Dt 6,4; Mc 12,29). "É preciso necessariamente que o
supremo seja único, isto é, sem igual... Se Deus não for único não é Deus"
§287 A verdade da criação é tão importante
para toda a vida humana que Deus, em sua ternura, quis revelar a seu Povo tudo
o que é útil conhecer a este respeito. Para além do conhecimento natural que
todo homem pode ter do Criador, Deus revelou progressivamente a Israel o
mistério da criação. Ele, que escolheu os patriarcas, que fez Israel sair do
Egito e que, ao escolher Israel, o criou e o formou, se revela como Aquele a
quem pertencem todos os povos da terra, e a terra inteira, como o único que
"fez o céu e a terra" (Sl 115,15; 124,8; 134,3).
§288 'Assim, a revelação da criação é
inseparável da revelação e da realização da Aliança de Deus, o Único, com o seu
Povo. A criação é revelada como sendo o primeiro passo rumo a esta Aliança,
como o testemunho primeiro e universal do amor Todo-Poderoso de Deus. Além disso,
a verdade da criação se exprime com um vigor crescente na mensagem dos
profetas, na oração dos salmos e da liturgia, na reflexão da sabedoria do Povo
eleito.
§2085 O Deus único e verdadeiro revela sua glória primeiramente a Israel. A revelação da vocação e da verdade do homem está ligada à revelação de Deus. O homem tem a vocação de manifestar Deus agindo em conformidade com sua criação "à imagem e semelhança de Deus" (Gn 1,26):Jamais haverá outro Deus, Trifão, nem houve outro, desde sempre (...) além daquele que fez e ordenou o universo. Nós não pensamos que nosso Deus seja diferente do vosso. É Ele o mesmo que fez vossos pais saírem do Egito "com sua mão poderosa e seu braço estendido". Não pomos as nossas esperanças em algum outro pois outro não existe , mas no mesmo que vós, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó.
Revelação do nome de Deus aos
Judeus
§203 A seu povo, Israel, Deus revelou-se,
dando-lhe a conhecer o seu nome. O nome exprime a essência, a identidade da
pessoa e o sentido de sua vida. Deus tem um nome. Ele não é uma força anônima.
Desvendar o próprio nome é dar-se conhecer aos outros; é, de certo modo,
entregar-se a si mesmo, tomando-se acessível, capaz de ser conhecido mais
intimamente e de ser chamado pessoalmente.
§204 Deus revelou-se progressivamente a seu
povo e com diversos nomes, mas é a revelação do nome divino feita a Moisés na
teofania da sarça ardente, pouco antes do Êxodo e da Aliança do Sinai, que se
tomou a revelação fundamental para a Antiga e a Nova Aliança.
§209 Por respeito à santidade de Deus, o
povo de Israel não pronuncia seu nome. Na leitura da Sagrada Escritura, o nome
revelado é substituído pelo título divino "Senhor"
("Adonai", em grego "Kýrios"). É com este título que ser
aclamada a divindade de Jesus: "Jesus é Senhor".
§214 Deus, "AQUELE QUE É", é Verdade e Amor. Deus, "Aquele que é", revelou-se a Israel como Aquele que e rico em amor e em fidelidade" (Ex 34,6). Esses dois termos exprimem de forma condensada as riquezas do nome divino. Em todas as suas obras Deus mostra sua benevolência, bondade, graça, amor, mas também sua confiabilidade, constância, fidelidade, verdade. "Celebro teu nome por teu amor e verdade" (Sl 138,2). Ele é a Verdade, pois "Deus é Luz, nele não há trevas" (1Jo 1,5), e "Amor", como ensina o apóstolo João (1Jo 4,8).
Rito de expiação dos pecados em Israel
§433 O nome do Deus Salvador era invocado
uma só vez por ano pelo sumo sacerdote para a expiação dos pecados de Israel,
depois de ele aspergir o propiciatório do Santo dos Santos com o sangue do
sacrifício. O propiciatório era o lugar da presença de Deus. Quando São Paulo
diz de Jesus que "Deus o destinou como instrumento de propiciação, por seu
próprio Sangue" (Rm 3,25), quer afirmar que na humanidade deste último
"era Deus que em Cristo reconciliava consigo o mundo" (2Cor 5,19).
DECLARAÇÃO do concílio vaticano ii "NOSTRA AETATE" SOBRE A
IGREJA E AS RELIGIÕES NÃO-CRISTÃS
Laços comuns da humanidade e
inquietação religiosa do homem; a resposta das diversas religiões não-cristãs e
sua relação com a Igreja
A religião judaica
4. Sondando o mistério da Igreja, este sagrado Concílio recorda o vínculo com que o povo do Novo Testamento está espiritualmente ligado à descendência de Abraão.Com efeito, a Igreja de Cristo reconhece que os primórdios da sua fé e eleição já se encontram, segundo o mistério divino da salvação, nos patriarcas, em Moisés e nos profetas. Professa que todos os cristãos, filhos de Abraão segundo a fé (6), estão incluídos na vocação deste patriarca e que a salvação da Igreja foi misticamente prefigurada no êxodo do povo escolhido da terra da escravidão. A Igreja não pode, por isso, esquecer que foi por meio desse povo, com o qual Deus se dignou, na sua inefável misericórdia, estabelecer a antiga Aliança, que ela recebeu a revelação do Antigo Testamento e se alimenta da raiz da oliveira mansa, na qual foram enxertados os ramos da oliveira brava, os gentios (7). Com efeito, a Igreja acredita que Cristo, nossa paz, reconciliou pela cruz os judeus e os gentios, de ambos fazendo um só, em Si mesmo (8).
Também
tem sempre diante dos olhos as palavras do Apóstolo Paulo a respeito dos seus
compatriotas: «deles é a adopção filial e a glória, a aliança e a legislação, o
culto e as promessas; deles os patriarcas, e deles nasceu, segundo a carne,
Cristo» (Rom. 9, 4-5), filho da Virgem Maria. Recorda ainda a Igreja que os
Apóstolos, fundamentos e colunas da Igreja, nasceram do povo judaico, bem como
muitos daqueles primeiros discípulos, que anunciaram ao mundo o Evangelho de
Cristo.
Segundo
o testemunho da Sagrada Escritura, Jerusalém não conheceu o tempo em que foi
visitada (9); e os judeus, em grande parte, não receberam o Evangelho; antes,
não poucos se opuseram à sua difusão (10). No entanto, segundo o Apóstolo, os
judeus continuam ainda, por causa dos patriarcas, a ser muito amados de Deus,
cujos dons e vocação não conhecem arrependimento (11). Com os profetas e o
mesmo Apóstolo, a Igreja espera por aquele dia. só de Deus conhecido, em que
todos os povos invocarão a Deus com uma só voz e «o servirão debaixo dum mesmo
jugo» (Sof. 3,9) (12).
Sendo
assim tão grande o património espiritual comum aos cristãos e aos judeus, este
sagrado Concílio quer fomentar e recomendar entre eles o mútuo conhecimento e
estima, os quais se alcançarão sobretudo por meio dos estudos bíblicos e
teológicos e com os diálogos fraternos.
Ainda
que as autoridades dos judeus e os seus sequazes urgiram a condenação de Cristo
à morte (13) não se pode, todavia, imputar indistintamente a todos os judeus
que então viviam, nem aos judeus do nosso tempo, o que na Sua paixão se
perpetrou. E embora a Igreja seja o novo Povo de Deus, nem por isso os judeus
devem ser apresentados como reprovados por Deus e malditos, como se tal coisa
se concluísse da Sagrada Escritura. Procurem todos, por isso, evitar que, tanto
na catequese como na pregação da palavra de Deus, se ensine seja o que for que
não esteja conforme com a verdade evangélica e com o espírito de Cristo.
Além
disso, a Igreja, que reprova quaisquer perseguições contra quaisquer homens,
lembrada do seu comum património com os judeus, e levada não por razões
políticas mas pela religiosa caridade evangélica, deplora todos os ódios,
perseguições e manifestações de anti-semitismo, seja qual for o tempo em que
isso sucedeu e seja quem for a pessoa que isso promoveu contra os judeus.
De
resto, como a Igreja sempre ensinou e ensina, Cristo sofreu, voluntariamente e
com imenso amor, a Sua paixão e morte, pelos pecados de todos os homens, para
que todos alcancem a salvação. O dever da Igreja, ao pregar, é portanto,
anunciar a cruz de Cristo como sinal do amor universal de Deus e como fonte de
toda a graça.
A fraternidade universal e a
reprovação de toda a discriminação racial ou religiosa
5. Não
podemos, porém, invocar Deus como Pai comum de todos, se nos recusamos a tratar
como irmãos alguns homens, criados à Sua imagem. De tal maneira estão ligadas a
relação do homem a Deus Pai e a sua relação aos outros homens seus irmãos, que
a Escritura afirma: «quem não ama, não conhece a Deus» (1 Jo. 4,8).
Carece,
portanto, de fundamento toda a teoria ou modo de proceder que introduza entre
homem e homem ou entre povo e povo qualquer discriminação quanto à dignidade
humana e aos direitos que dela derivam.
A Igreja
reprova, por isso, como contrária ao espírito de Cristo, toda e qualquer
discriminação ou violência praticada por motivos de raça ou cor, condição ou
religião. Consequentemente, o sagrado Concílio, seguindo os exemplos dos santos
Apóstolos Pedro e Paulo, pede ardentemente aos cristãos que, «observando uma
boa conduta no meio dos homens. (1 Ped. 2,12), se ‚ possível, tenham paz com
todos os homens (14), quanto deles depende, de modo que sejam na verdade filhos
do Pai que está nos céus (15).
Roma, 28 de Outubro de 1965
PAPA
PAULO VI
NOTAS:
6. Cfr. Gál. 3,7.
7. Cfr. Rom. 11, 17-24.
8. Cfr. Ef. 2, 14-16.
9. Cfr. Lc. 19,44.
10. Cfr. Rom. 11,28.
11. Cfr. Rom. 11, 28-29; Cfr. Conc. Vat. II, Const. dogm.
De Ecclesia., Lumen gentium:
AAS 57, (1965), p. 20.
12. Cfr. Is. 66,23; Salm. 65,4; Rom. 11, 11-32.
13. Cfr. Jo. 19,6.
14. Cfr. Rom. 12,18.
15. Cfr. Mt. 5,45.
Fonte: Vatican.va
CONCLUSÃO
Sem querer também, colocar um ponto final, pois não tenho competência e nem autoridade para tanto, e assim com o
padre Fábio Marinho pede-nos para termos cuidado com um certo "Sionismo Cristão", tenhamos
muito cuidado também, com esse "antisionismo" que está voltando, pois acaba descambando
em antissemitismo, e a história já nos mostrou as consequências disso na
segunda guerra mundial, refletida neste povo escolhido por Deus para revelar
suas promessas e a lei, que não foi mudada em um J sequer por Jesus, mas elevada a plenitude. Prudência
e canja de galinha não faz mal a ninguém padre, fica a dica, e não polarize
essa temática, as consequências são as piores possíveis.
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O pe. Fábio Marinho está absolutamente correto e você, o Concílio Vaticano II e o CIC errados aos olhos de Deus.
ResponderExcluir
ResponderExcluirBom, o padre como teólogo tem todo direito de dar sua opinião teológica sobre um tema considerado "em aberto" pela igreja, ou seja, não existe um posicionamento definitivo sobre o israel bíblico e atual. Mas, uma simples passagem bíblica coloca por terra toda argumentação favorável a essa ruptura proposta pelo padre:
Romanos 11,24-26: “Porque, se tu foste cortado da natural oliveira brava e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira! ²⁵ Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não sejais sábios em vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. ²⁶ E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades.”
Por fim, fico com a posição OFICAL da igreja sobre o tema, expresso no documento Nostra Aetete:
4. Sondando o mistério da Igreja, este sagrado Concílio recorda o vínculo com que o povo do Novo Testamento está espiritualmente ligado à descendência de Abraão.Com efeito, a Igreja de Cristo reconhece que os primórdios da sua fé e eleição já se encontram, segundo o mistério divino da salvação, nos patriarcas, em Moisés e nos profetas. Professa que todos os cristãos, filhos de Abraão segundo a fé (6), estão incluídos na vocação deste patriarca e que a salvação da Igreja foi misticamente prefigurada no êxodo do povo escolhido da terra da escravidão. A Igreja não pode, por isso, esquecer que foi por meio desse povo, com o qual Deus se dignou, na sua inefável misericórdia, estabelecer a antiga Aliança, que ela recebeu a revelação do Antigo Testamento e se alimenta da raiz da oliveira mansa, na qual foram enxertados os ramos da oliveira brava, os gentios (7). Com efeito, a Igreja acredita que Cristo, nossa paz, reconciliou pela cruz os judeus e os gentios, de ambos fazendo um só, em Si mesmo (8). Também tem sempre diante dos olhos as palavras do Apóstolo Paulo a respeito dos seus compatriotas: «deles é a adopção filial e a glória, a aliança e a legislação, o culto e as promessas; deles os patriarcas, e deles nasceu, segundo a carne, Cristo» (Rom. 9, 4-5), filho da Virgem Maria. Recorda ainda a Igreja que os Apóstolos, fundamentos e colunas da Igreja, nasceram do povo judaico, bem como muitos daqueles primeiros discípulos, que anunciaram ao mundo o Evangelho de Cristo. Segundo o testemunho da Sagrada Escritura, Jerusalém não conheceu o tempo em que foi visitada (9); e os judeus, em grande parte, não receberam o Evangelho; antes, não poucos se opuseram à sua difusão (10). No entanto, segundo o Apóstolo, os judeus continuam ainda, por causa dos patriarcas, a ser muito amados de Deus, cujos dons e vocação não conhecem arrependimento (11). Com os profetas e o mesmo Apóstolo, a Igreja espera por aquele dia. só de Deus conhecido, em que todos os povos invocarão a Deus com uma só voz e «o servirão debaixo dum mesmo jugo» (Sof. 3,9) (12). Sendo assim tão grande o património espiritual comum aos cristãos e aos judeus, este sagrado Concílio quer fomentar e recomendar entre eles o mútuo conhecimento e estima, os quais se alcançarão sobretudo por meio dos estudos bíblicos e teológicos e com os diálogos fraternos.
Zé Carlos – Natal RN
As três atuais versões, ou visões para Israel
ResponderExcluir1)-Profética: Há diferentes interpretações sobre a relação entre o Israel bíblico e o atual, com algumas correntes religiosas considerando o Estado moderno como um cumprimento de profecias bíblicas, enquanto outras enfatizam as diferenças e os desafios relacionados à ocupação da terra e aos conflitos com os palestinos.
2)-Política: A conexão entre o Israel bíblico e o atual tem sido usada por diferentes grupos para justificar suas posições políticas e territoriais, o que tem gerado tensões e debates.
3)-Espiritual: Algumas interpretações cristãs referem-se ao "Israel espiritual" como o conjunto de pessoas que creem em Jesus, independentemente da sua origem étnica, e que receberão as bênçãos prometidas a Abraão.
A igreja católica, até esta data, ainda não deu nenhum veredito formal e oficial para essas três visões sobre Israel, permanecendo portanto, uma questão teológica "em aberto".
Francinaldo