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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Tudo que você queria saber sobre o "ano jublilar da esperança 2025"



 


 

O último Ano Jubilar Ordinário da Igreja Católica foi em 2000, durante o pontificado de João Paulo II. Na ocasião, o Papa São João Paulo II lançou a carta apostólica "Novo Millennio Ineunte" (O novo milênio que se abre), que abordou temas como: biotecnologia, devastação ambiental, o diálogo ecumênico (só entre Cristãos),  e inter-religioso (com as demais religiões não Cristãs).



EXISTEM DOIS TIPO DE JUBILEU: 



1)-Ano Jubilar "Ordinário"


-Ocorre ordinariamente a cada 25 anos. É também, conhecido como "Ano Santo"


-É proclamado oficialmente pelo Papa por meio de uma bula papal, e convida os fiéis à prática do perdão e da misericórdia.

         


2) Ano Jubilar "extraordinário"



-Podem ser convocados extraordinariamente pelos papas em ocasiões especiais e oportunas.


-O PENÚLTIMO  Jubileu Extraordinário foi em 1983, instituído por São João Paulo II. Foi o Jubileu da Redenção, que celebrou o 1950º aniversário da morte e ressurreição de Jesus Cristo. O tema do Jubileu foi a "Redenção do mundo". 



-O ÚLTIMO Jubileu Extraordinário, foi decratado pelo papa Francisco, e se realizou em 2015, dedicado à misericórdia, por meio da bula "Misericordiae Vultus", que significa "A Face da Misericórdia" em latim. 

 


-Palavras Chaves dos anos Jubilares (ordinários e extraordinários): Misericórdia, encarnação, porta santa, indulgências, peregrinação a lugares santos,confissão, estado de graça, santas intenções do papa, obras de misericórdia materiais e espirituais.



 

O que são as indulgências? Como obtê-las?




Imaginemos a seguinte cena, tão corriqueira numa casa de família: um dos filhos, mesmo conhecendo uma proibição formal do pai, desobedece-o travessamente. O pai, ao saber do ocorrido, vê-se na contingência de punir o infrator, ainda que isto lhe seja mais dilacerante do que para o próprio filho. 



Entretanto, ao ser informada, a mãe pede clemência pelo pequeno travesso. Dado às instâncias maternas, não é verdade que o pai cede, em atenção ao pedido da esposa? Neste caso, o pai de família concede uma indulgência ao filho, pelo respeito à interseção maternal.




A Indulgência de Deus



A mesma situação podemos aplicar ao gênero humano, que, na pessoa de Adão, desobedeceu ao Pai Celeste. Por causa desta transgressão as portas do Paraíso nos foram fechadas e nos tornamos réus de morte; imediatamente adiantou-se Nosso Senhor Jesus Cristo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, e conquistou para nós, na Cruz, a misericórdia que não merecíamos. Diante de tamanha intercessão, Deus Pai se dobra amorosamente à vontade do Filho, e poupa o gênero humano: Deus nos é indulgente, pelo valor da interseção de Cristo!



-Contudo, como é próprio a Deus de tudo fazer com a mais exímia e amorosa excelência, imolou-se Deus Filho num sacrifício perfeitíssimo, consumido no altar da Cruz, oferecendo seu Sangue para nos resgatar. Mesmo sabendo que apenas uma gota seria suficiente para remir toda a humanidade, Cristo bebeu até o fim o Cálice amargo da Paixão, e verteu todo o seu Sangue, “ele o derramou – ensina-nos o Papa Clemente VI – não como pequena gota de sangue, que todavia em virtude da união ao Verbo teria sido suficiente para a redenção de todo o gênero humano, mas de modo copioso[1]”, expiando assim em superabundância os pecados dos homens. 



-Esta exuberância no sacrifício da Cruz fez transbordar o tesouro dos méritos de Cristo em favor da humanidade. Tal tesouro foi dado à Igreja administrar, para consolo dos pecadores, “e, por razões piedosas e razoáveis, para ser ministrado misericordiosamente aos verdadeiramente penitentes e confessados, para total ou parcial remissão da pena temporal devida pelos pecados [2]”.



Notamos, deste modo, que há um tesouro inexaurível comprado por Cristo para ser distribuído aos pecadores, e a este montante devemos ainda acrescentar os méritos da Santíssima Virgem Maria e de todos os justos. Precisamente, quando nos é oferecido, chamamos a este tesouro de indulgência.



Por que é necessário buscar as indulgências mesmo após ter recebido o Sacramento da Reconciliação?  




Padre Paulo Ricardo: "Por que o perdão dos pecados não resolve o problema das nossas doenças espirituais, ou seja, uma vez que nós formos perdoados, nós precisamos ainda assim fazer práticas penitenciais. Por que é a penitência que irá, aos poucos, tornar o nosso coração um coração melhor. A indulgência é a Igreja que vem em socorro do fiel que faz penitência para, como mãe, aliviá-lo."







Indulgências da Igreja



Como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (1471), por indulgência se entende a “remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados, cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições pela ação da Igreja, a qual, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos”[3].




Notemos que é a Igreja quem, na pessoa de seu pastor, o Papa, nos dispensa este tesouro! 



Pois, com efeito, no poder que Nosso Senhor conferiu a São Pedro – e a seus sucessores – de abrir ou de fechar as portas do Céu aos homens (Mt 16,19), está contido o poder de retirar todos os obstáculos que impeçam o ingresso de uma alma no Céu. Ora, como sabemos, as penas temporais, que resta a uma alma pagar depois de ter seus pecados perdoados, são um obstáculo para seu ingresso na Morada Celeste.



De fato, precisamos estar cientes que o pecado acarreta uma dupla conseqüência:



-Quando é grave “priva-nos da comunhão com Deus e, portanto, nos torna incapazes da vida eterna; tal privação se chama ‘pena eterna’ do pecado”[4]; esta primeira conseqüência é o que comumente se chama de pecado mortal[5]. Mortal, pois mata em nossa alma a caridade, a vida da graça, ao se infringir gravemente a Lei de Deus. Este pecado desvia o homem de seu próprio Criador, fazendo-o preferir e amar mais um bem inferior do que a Deus mesmo.[6] A pena para a alma que morre neste estado, que não aceita o perdão divino, é a condenação eterna, o inferno, pois ela mesma não quererá voltar-se para Deus e pedir-lhe perdão, terá feito uma escolha irreversível de recusa a Deus.[7] 



-A segunda conseqüência é que, qualquer pecado, seja mortal ou venial “acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado ‘purgatório’. Esta purificação liberta da chamada ‘pena temporal’ do pecado”.[8] Recordemos que o pecado venial não mata a vida divina na alma, porém enfraquece a caridade e pré-dispõe para o mortal, além de se traduzir pelo apego desordenado às criaturas, que exigirá uma purificação.[9]








No sacramento da penitência, ao ser absolvido, o pecador é perdoado de suas faltas, não está mais privado da comunhão com Deus; porém resta-lhe ser purificado da pena temporal, deste apego prejudicial em relação às criaturas, que maculou sua alma. 



Esta purificação, como vimos, pode se dar após a morte, no Purgatório, ou por uma misericórdia de Deus, ela pode ser apagada ainda nesta vida pelas indulgências, que são o tesouro da satisfação de Cristo! 








A parcela do tesouro dos méritos de Cristo, nós a podemos receber de dois modos: 



-Parcial: quando apenas uma parte da pena temporal é apagada. 


-Ou de modo pleno: quando ela é apagada inteiramente[10]. 



É o que se chama de indulgência parcial e indulgência plenária.




Como lucrar indulgências?



Todo fiel pode, desde que cumpra os requisitos necessários, lucrar uma ou várias indulgências num mesmo dia, ou ao longo de sua vida. Contudo, Paulo VI, em sua Constituição Apostólica Indugentiarum Doctrina, sobre a revisão das indulgências, nos explica os requisitos a serem cumpridos para se receber uma indulgência plenária: “fazer uma obra enriquecida de indulgência e preencher as três seguintes condições: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice.[11] Requer-se além disso rejeitar todo o apego ao pecado, qualquer que seja, mesmo venial.”[12] Contudo, na falta de algum destes requisitos o fiel pode lucrar uma indulgencia parcial. Para se lucrar uma indulgência parcial requer-se ao fiel que cumpra a obra prescrita para tal.



No que tange à indulgência plenária, com seu maternal desvelo, a Santa Igreja prevê as dificuldades que poderiam ocorrer para se cumprir, num mesmo dia, todos os requisitos necessários a fim de lucrá-la; desta maneira, anima-nos Paulo VI: 




-“As três condições podem ser preenchidas em dias diversos, antes ou após a realização da obra prescrita; mas convém que a comunhão e a oração nas intenções do Soberano Pontífice se façam no mesmo dia em que se faz a obra.”[13] 



-Outra prova inequívoca da bondade de Nossa Mãe, a Santa Igreja, é o fato de que nós podemos aplicar as indulgências que lucramos, tanto as parciais, como as plenárias, em sufrágio pelas almas dos defuntos que estão no purgatório!




Antes mesmo de mostrar os modos concretos para se lucrar as indulgências, cumpre lembramos um fato que ocorreu com Santa Teresa de Jesus, para vermos a importância que se deve dar às indulgências.[14] Certo dia, extasiada e encantada, pôde a santa contemplar a alma de uma religiosa, falecida naquele instante, e que subia radiante, diretamente para o Céu. O curioso é que a bendita alma rumou para o Céu, sem sequer passar perto do purgatório, sendo que muitos achavam que a falecida era uma freira simples, sem maiores virtudes, e, por conseguinte, com suas falhas, como todos os homens. 



Lembremos o que escreveu São João: “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.”[15] 



O fato é que, mais tarde, em um dos colóquios da grande Santa Teresa com Nosso Senhor, o Divino Mestre explicou a ela o motivo do privilégio da freira defunta:



Contou o Senhor Jesus que aquela alma sempre teve grande confiança nas indulgências concedidas pela Igreja; e sempre se esforçou para ganhar o maior número delas. Como vemos, a freira soube usar do tesouro que a Igreja, maternalmente, põe à nossa disposição para, após a morte, irmos diretamente ao Céu.



Após termos visto o que são as indulgências, as disposições e as condições necessárias para recebê-las, concluiremos este artigo vendo quais obras devem ser observadas por um fiel a fim de lucrá-las tais indulgências.[16]



Indulgências parciais



– Se pode lucrar indulgência parcial quando se cumpre seus deveres e se tolera, à imitação de Cristo, as aflições de nossas vidas, elevando a Deus o espírito com alguma piedosa invocação, mesmo que seja apenas em pensamento. Ao alcance de todos, esta indulgência pode ser facilmente recebida. Com efeito, todos nós, em qualquer situação em que nos encontramos – seja o de religioso, casado, solteiro, ou ainda um trabalhador, um estudante, etc… – todos encontramos dificuldades e aflições, cada um em seu âmbito específico. O que é preciso é elevarmos nossos espírito e oferecer tudo a Deus, seja rezando (por exemplo: Ave-Maria, Pai-Nosso, Credo), seja pensando piedosamente n’Ele, para lucramos tantas indulgências quanto o número de oferecimentos que fizermos.



– Também quando, com espírito de fé e com misericórdia, um fiel dispõe de seus bens, ou ainda de si mesmo, em atenção e serviço aos mais necessitados. Quando excuta uma obra de caridade. Contudo, para que lucre a indulgencia parcial, é preciso que tal obra caritativa esteja mesmo voltada para o serviço dos irmãos mais carentes. Nisto percebemos que mais lucra quem dá do que quem recebe, pois, o que são os bens materiais em comparação com a libertação ou diminuição das penas temporais?



– Lucra ainda indulgência parcial o fiel que, espontaneamente, com espírito de penitência, se abstém de coisa que é inteiramente lícita e agradável. Com isto, o fiel é ajudado a refrear suas más inclinações, e, sujeitando seu corpo, se conforma mais estritamente a Cristo. Estes são os pequenos sacrifícios do dia-a-dia, que podemos oferecer a Deus e por amor a Ele nas mais variadas circunstâncias: sendo solícito para com um irmão que nos pede algo que é de si árduo, tendo paciência com os demais, sendo obedientes às autoridades competentes, sobretudo quando nos pedem algo de difícil – porém nunca para algo contrário à moral – não comendo uma deliciosa sobremesa, por exemplo.



– Recebe indulgência parcial, todo fiel que professa publicamente sua fé, quando dá livremente um testemunho de fé diante dos demais, nas circunstâncias particulares da vida no dia-a-dia.



– Também outros atos ou orações nos fazem lucrar indulgências parciais, como: a recitação de ladainhas (as devidamente aprovada pela autoridade eclesiástica), o Creio em Deus, o Magnificat (Minha alma engrandece o Senhor, Lc. 46-55), a Salve Rainha, o Lembrai-vos ó piíssima Virgem Maria, a oração ao Anjo da Guarda (Santo Anjo do Senhor), o Salmo 50 (Senhor tem piedade, segundo a vossa bondade), o sinal da Cruz, uma comunhão espiritual, visitas breves ao Santíssimo Sacramento para adorá-Lo, entre outras orações.



O mesmo para os fiéis que portam devota e religiosamente alguns objetos de piedade, como: crucifixo, cruz, terço, escapulário, medalha. Note-se que estes objetos devem estar validamente abençoado. Entretanto, se o objeto foi bento pelo Santo Padre, o Papa, ou por um bispo, o fiel que o porta devotamente obterá uma indulgência plenária, no dia da festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo (29 de junho), sendo preciso fazer uma profissão de fé sob forma legítima, como a recitação do Creio.



Indulgências plenárias



Há ainda as indulgência ditas plenárias, que, como vimos, apagam totalmente as penas temporais – daí seu valor intrínseco ser maior. Papa lucrá-las cumpre também observar os três requisitos que mencionamos acima, bem como desapegar-se de todo tipo de pecado. Ganha-se uma indulgência plenária quando:



– Se faz uma adoração ao Santíssimo Sacramento de ao menos meia hora.

– Se faz a leitura das Sagradas Escrituras ao menos por meia hora, com a devida veneração e à maneira de leitura espiritual. Note-se que deve ser um texto aprovado pela autoridade competente. Ao fiel impossibilitado de ler por si, poderá lucrar a indulgência quando outro ler para ele, ou quando ele acompanhar uma leitura da Bíblia em áudio ou em vídeo.

– Se reza o rosário de Nossa Senhora numa igreja, numa capela ou oratório, ou ainda em família ou numa comunidade religiosa.

– Quando se recebe com piedade e devoção a bênção dada pelo Papa, urbi et orbi, para Roma e o mundo, também é válida a bênção que for ouvida na rádio, acompanhada na televisão, ou ainda se for acompanhada mentalmente – outra faceta da maternal bondade da Santa Igreja.

– Ao fiel que se dedicar a aprender ou ensinar a reta doutrina cristã. Grande incentivo para crescermos nos conhecimentos divinos e no amor a Deus.

– Ao fiel que participar piedosamente de uma solene procissão eucarística.

– Ao fiel que, na Sexta-Feira Santa, participar da adoração da Santa Cruz, na solene celebração litúrgica.

– Aos fieis que fazem sua primeira comunhão, e ainda aos que assistem a uma cerimônia de primeira comunhão.

– Ao sacerdote que, no dia marcado, celebra sua primeira Santa Missa, bem como para os fiéis que a assistirem.



– Ao fiel que, na celebração da Vigília Pascal, ou no dia do aniversário de seu batismo, renovar suas promessas batismais por alguma forma legitimamente aprovada.[17]



– Há ainda as indulgências plenárias que qualquer um de nós pode receber, porém que são aplicáveis somente às almas do purgatório, quando: visitar devotamente um cemitério entre os dias primeiro e oito de novembro, e lá rezar pelos defuntos. Ou quando no dia dois de novembro (dia dos fiéis defuntos), visitar uma igreja ou um oratório e aí rezar um Creio e um Pai-Nosso.



Pe. Michel Six, EP



BIBLIOGRAFIA




– ANTONIO DE OLIVEIRA, Severiano. As indulgências. In: Revista Arautos do Evangelho. Ano 3, nº 33, setembro de 2004.

– CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 11ª ed. São Paulo: Loyola, 2001.

– DENZINGER, Heinrich. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e de moral. Trad. LUZ, José Marino; KONINGS, Johan. São Paulo: Paulinas, Loyola, 2007.

– Indulgências. Orientações litúrgico-prastorais. Trad. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. São Paulo: Paulus, 2005.

– PAULO VI. Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina. http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/apost_constitutions/documents/hf_p-vi_apc_01011967_indulgentiarum-doctrina_po.html, acessado em 05 de novembro de 2010.




REFERÊNCIAS:



[1] DENZINGER, Heinrich. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e de moral. Trad. LUZ, José Marino; KONINGS, Johan. São Paulo: Paulinas, Loyola, 2007. Dz 1025.

[2] Idem, Dz 1026.

[3] Cf. Paulo VI, Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina, norma nº 1. AAS 59 (1967) 21.

[4] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 11ª ed. São Paulo: Loyola, 2001. Nº 1472.

[5] Cf. Idem, Nº 1855.

[6] Cf. Idem.

[7] Cf. Idem, Nº 1861.

[8] Idem, 1472.

[9] Cf. Idem, Nº 1863.

[10] A indulgência plenária só se recebe uma vez ao dia, ao contrário da parcial, que se pode receber várias vezes num mesmo dia. Contudo, “in articulo mortis”, pode-se lucrar outra indulgência plenária, mesmo que já se tenha recebido uma no mesmo dia. Cf. Paulo VI, Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina, normas nos 6 e 18. AAS 59 (1967) 22 e 23.

[11] A oração pode ser um Pai-Nosso e uma Ave-Maria, porém o fiel pode escolher outra oração, conforme sua piedade. Cf. norma nº 10. AAS 59 (1967) 22.

[12]  Idem, norma nº 7.

[13] Idem, norma nº 8.

[14] Cf. Revista Arautos do Evangelho, nº 33, setembro de 2004. P. 36.

[15] Cf. 1 Jo 1,8.

[16] Tanto para as indulgências parciais, como para as plenárias, elegemos algumas que nos parecemos mais oportunas, numa obra ao alcance dos fiéis, o livro: Indulgências – Orientações litúrgico-pastorais. Trad. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. São Paulo: Paulus, 2005.

[17] A indulgência será parcial se o fiel utilizar outra forma.

 

 

 

Que são as Obras de Misericórdia?








-"As obras de misericórdia são as ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem nomeadamente em dar de comer a quem tem fome, albergar quem não tem teto, vestir os nus, visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos. Entre estes gestos, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna e também uma prática de justiça que agrada a Deus" (Catecismo da Igreja Católica, 2447).



-"É meu vivo desejo que o povo cristão reflita, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. A pregação de Jesus apresenta-nos estas obras de misericórdia, para podermos perceber se vivemos ou não como seus discípulos. Redescubramos as obras de misericórdia corporal: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos. E não esqueçamos as obras de misericórdia espiritual: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos." (Papa Francisco, Bula Misericordiae Vultus).




Há catorze Obras de misericórdia: sete corporais e sete espirituais




Obras de misericórdia corporais:







1) Dar de comer a que tem fome

2) Dar de beber a quem tem sede

3) Dar pousada aos peregrinos

4) Vestir os nus

5) Visitar os enfermos

6) Visitar os presos

7) Enterrar os mortos




Obras de misericórdia espirituais:







1)Ensinar os ignorantes

2) Dar bom conselho

3) Corrigir os que erram

4) Perdoar as injúrias

5) Consolar os tristes

6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo

7) Rezar a Deus por vivos e defuntos




As Obras de misericórdia corporais encontram-se, na sua maioria, numa lista enunciada pelo Senhor na descrição do Juízo Final.A lista das Obras de misericórdia espirituais tirou-a a Igreja de outros textos que se encontram ao longo da Bíblia e de atitudes e ensinamentos do próprio Cristo: o perdão, a correção fraterna, o consolo, suportar o sofrimento, etc.



Qual o efeito das Obras de misericórdia em quem as pratica?



O exercício das Obras de misericórdia comunica graças a quem as exerce. No evangelho de São Lucas Jesus diz: ‘Dai, e ser-vos-á dado’. Por isso, com as Obras de misericórdia fazemos a vontade de Deus, damos algo que é nosso aos outros e o Senhor promete que nos dará também a nós aquilo de que necessitamos.




Por outro lado, um modo de ir apagando a pena que fica na alma pelos nossos pecados já perdoados é mediante as boas obras. Boas obras são, obviamente as Obras de misericórdia. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7), é uma das Bem-Aventuranças.



As Obras de misericórdia também nos vão tornando mais parecidos com Jesus, nosso modelo, que nos ensinou como deve ser a nossa atitude para com os outros. No evangelho de São Mateus encontramos as seguintes palavras de Cristo: 




“Não entesoureis tesouros na terra, onde a traça os corrói, e onde os ladrões os roubam, mas amontoai tesouros no céu, onde a traça os não corrói, onde os ladrões não os roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mateus 6,19-21)



Seguindo este ensinamento do Senhor, trocamos os bens temporais pelos eternos, que são os que valem de verdade!




Fonte: Arautos do Evangelho




ANO JUBILAR (ordinário) 2025: "PEREGRINOS DA ESPERANÇA"



Por Dom Rodolfo Luís Weber - Arcebispo de Passo Fundo (RS)

 


Na última noite de Natal, o Papa Francisco abriu a “Porta Santa” da Basílica de São Pedro, no Vaticano, dando início o Jubileu Ordinário de 2025. 



A cada 25 anos a Igreja celebra um Jubileu Ordinário para "festejar o Mistério da Encarnação" (por isso júbilo), isto é, festejar a presença humana e divina de Jesus Cristo no mundo! Esta tradição começou no ano de 1300 e a iniciativa foi da espiritualidade popular. Como foi uma iniciativa frutuosa, ela se tornou uma tradição que conta com 725 anos. 







A inspiração de celebrar jubileus vem do mundo bíblico!



Lá está prescrito que deveria ser celebrado a cada 50 anos. Era um tempo propício para recordar o sonho cultivado durante o Êxodo, isto é, ter uma terra e construir uma sociedade com igualdade social, justiça econômica, fraternidade e de paz. Enfim, deveria ser um ano propício para provocar mudanças restabelecendo o bem comum, a justa convivência das pessoas e a comunhão com Deus. Os ideias e sonhos de todo Antigo Testamento foram vividos e confirmados nos ensinamentos de Jesus Cristo. 



O Ano Jubilar reafirma, com mais intensidade, que todos os que creem em Cristo nunca podem esquecer ou relativizar este grandioso plano de Deus de construir uma sociedade a partir do amor a Deus e ao próximo, pois o “amor é o vínculo da perfeição” (Colossenses 3,14). Todas as mudanças espirituais e sociais causam alegria e devem ser motivo de júbilo. 



Pois, jubileu significa extrema alegria, grande sensação de felicidade. Jubileu sempre se refere à alegria que brota a partir do bem feito por causa de Jesus Cristo.



Normalmente, o Ano Jubilar tem um lema! O lema escolhido foi "Peregrinos de Esperança". Na Bula de proclamação do Jubileu, o Papa Francisco explica porque foi escolhido o tema da "esperança":




"No coração de cada pessoa está presente o desejo e a expectativa do bem, mesmo diante de um futuro imprevisível. Quando olhamos para o mundo brotam sentimentos contrapostos: desde a confiança até o medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida...há pessoas desanimadas que olham para o futuro com ceticismo e pessimismo, como se nada lhes pudesse proporcionar felicidade (n.1). Considerando a realidade mundial, a Igreja propõe uma palavra de esperança fundamentada na Carta ao Romanos 5,1-2.5, que afirma: a esperança não decepciona! Ela nasce do amor e funda-se no amor que brota do coração de Jesus trespassado na Cruz" (n.3).






O Papa também deseja que o Jubileu “possa ser, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, “porta” de salvação (cf. Jo 10,7.9); com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como sendo a “nossa esperança” (1 Tm 1,1) (n.1).

 

 


Como viver o jubileu da esperança 2025








A celebração do jubileu é marcada por um período especial de perdão e reconciliação com Deus e renovação espiritual. Dom João Justino explica que os símbolos, as preces e os ritos jubilares “servem como prelúdio para uma rica experiência de graça, de misericórdia e de perdão”. Assim, vivenciar o jubileu é fazer parte de um tempo de graça“Ser um peregrino de esperança é assumir um caminho espiritual que envolve não apenas a busca de lugares sagrados, mas também uma atitude de renovação interior e compromisso com a transformação pessoal e social”, destaca dom João Justino. 



Esse caminho proposto pelo Papa Francisco começou com dois passos: 



-O estudo dos documentos do Concílio Vaticano II, em 2023.


-E a redescoberta da oração, em 2024. 





No ano jubilar, a peregrinação representa um elemento fundamental, como explicou o Papa Francisco: 




“Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do sentido da vida. A peregrinação a pé favorece muito a redescoberta do valor do silêncio, do esforço, da essencialidade. Também, no próximo ano, os peregrinos de esperança não deixarão de percorrer caminhos antigos e modernos para viver intensamente a experiência jubilar”.



-Em âmbito universal, as peregrinações a Roma, nas basílicas e às Portas Santas. 


-Em âmbito local, de acordo com a definição de cada diocese para os locais de peregrinação e obtenção de indulgências. 






Cada diocese contará com pelo menos uma Igreja de peregrinação jubilar, no caso a Igreja Catedral, mãe de todas as igrejas da diocese! 




“A igreja de peregrinação jubilar é um espaço sagrado destinado ao culto e à peregrinação durante o Ano Santo. Nela, os fiéis que as visitarem podem receber indulgências, desde que cumpram determinadas condições, como a confissão sacramental, a comunhão eucarística e a oração pelas intenções do Papa”, detalha dom João Justino.



Em todo o mundo, haverá a abertura da Porta Santa somente em cinco locais: 



-Na basílica de São Pedro, no Vaticano. 


-Na Catedral Basílica de São João do Latrão. 


-Na Basílica de Santa Maria Maior.


-Na Basílica de São Paulo Apóstolo Fora dos Muros. 


-E na penitenciária de Rebibbia, em Roma. 




Uma igreja com Porta Santa é aberta apenas durante o Ano Santo, simbolizando a entrada em um tempo de graça e perdão. 









“A característica central e maior graça do Jubileu são as indulgências, alcançadas segundo a Tradição da Igreja, e não na simples passagem na Porta Santa. Portanto, a Porta Santa do próximo Jubileu será o confessionário”, reforça dom João Justino.

 




Missionários da Misericórdia 









Instituídos no último jubileu extraordinário, o Jubileu da Misericórdia, em 2016, os Missionários da Misericórdia continuarão a desempenhar uma missão importante, exercendo seu ministério no Jubileu, restituindo esperança e perdoando todas as vezes que um pecador se dirija a eles de coração aberto e espírito arrependido. Até o momento, não há informação sobre instituição de novos missionários da misericórdia. Assim, permanecem os mesmos que foram instituídos no jubileu extraordinário.

 

 

 

Oração do Jubileu da Esperança 2025

 

 

"Pai que estás nos céus,  a fé que nos deste no  teu filho Jesus Cristo, nosso irmão,  e a chama de caridade  derramada nos nossos corações pelo Espírito Santo,  despertem em nós a bem-aventurada esperança  para a vinda do teu Reino!     A tua graça nos transforme  em cultivadores diligentes das sementes do Evangelho  que fermentem a humanidade e o cosmos,  na espera confiante  dos novos céus e da nova terra,  quando, vencidas as potências do Mal,  se manifestar para sempre a tua glória. A graça do Jubileu  reavive em nós, Peregrinos de Esperança,  o desejo dos bens celestes  e derrame sobre o mundo inteiro  a alegria e a paz  do nosso Redentor.  A ti, Deus bendito na eternidade,  louvor e glória pelos séculos dos séculos.  Amém!"

 


Fonte CNBB



"Spes non confundit" - BULA DE PROCLAMAÇÃO DO JUBILEU ORDINÁRIO DO ANO 2025






FRANCISCO - BISPO DE ROMA SERVO DOS SERVOS DE DEUS A QUANTOS LEREM ESTA CARTA QUE A ESPERANÇA LHES ENCHA O CORAÇÃO





1. «Spes non confundit – a esperança não engana» (Rm 5, 5). 




Sob o sinal da esperança, o apóstolo Paulo infunde coragem à comunidade cristã de Roma. A esperança é também a mensagem central do próximo Jubileu, que, segundo uma antiga tradição, o Papa proclama de vinte e cinco em vinte e cinco anos. Penso em todos os peregrinos de esperança, que chegarão a Roma para viver o Ano Santo e em quantos, não podendo vir à Cidade dos apóstolos Pedro e Paulo, vão celebrá-lo nas Igrejas particulares. Possa ser, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, «porta» de salvação (cf. Jo 10, 7.9); com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como sendo a «nossa esperança» (1 Tm 1, 1). Todos esperam. No coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expetativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã. Porém, esta imprevisibilidade do futuro faz surgir sentimentos por vezes contrapostos: desde a confiança ao medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida. Muitas vezes encontramos pessoas desanimadas que olham, com ceticismo e pessimismo, para o futuro como se nada lhes pudesse proporcionar felicidade. Que o Jubileu seja, para todos, ocasião de reanimar a esperança! A Palavra de Deus ajuda-nos a encontrar as razões para isso. Deixemo-nos guiar pelo que o apóstolo Paulo escreve precisamente aos cristãos de Roma.




Uma Palavra de esperança




2. «Uma vez que fomos justificados pela fé, estamos em paz com Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo. Por Ele tivemos acesso, na fé, a esta graça na qual nos encontramos firmemente e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus (…). Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 1-2.5). São Paulo oferece-nos aqui vários pontos de reflexão. Sabemos que a Carta aos Romanos assinala uma passagem decisiva na sua atividade evangelizadora. Até então, desenvolveu-a na zona oriental do Império; agora espera-o Roma com tudo o que esta representa aos olhos do mundo: um grande desafio, que há de enfrentar em nome do anúncio do Evangelho, que não conhece barreiras nem fronteiras. A Igreja de Roma não foi fundada por Paulo, mas este sente um vivo desejo de lá chegar logo que possível, para levar a todos o Evangelho de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, como anúncio da esperança que realiza as promessas, introduz na glória e não desilude porque está fundada no amor.




3. Com efeito, a esperança nasce do amor e funda-se no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na cruz: «Se de facto, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida» (Rm 5, 10). E a sua vida manifesta-se na nossa vida de fé, que começa com o Batismo, desenvolve-se na docilidade à graça de Deus e é por isso animada pela esperança, sempre renovada e tornada inabalável pela ação do Espírito Santo.Na verdade, é o Espírito Santo, com a sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nos crentes a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida. Com efeito a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino: «Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (…) Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores graças Àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Senhor nosso» ( Rm 8, 35.37-39). Por isso mesmo esta esperança não cede nas dificuldades: funda-se na fé e é alimentada pela caridade, permitindo assim avançar na vida. A propósito escreve Santo Agostinho: «Em qualquer modo de vida, não se pode passar sem estas três propensões da alma: crer, esperar, amar». [1]




4. São Paulo é muito realista. Sabe que a vida é feita de alegrias e sofrimentos, que o amor é posto à prova quando aumentam as dificuldades e a esperança parece desmoronar-se diante do sofrimento. E, no entanto, escreve: «Gloriamo-nos também das tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, a paciência a firmeza, e a firmeza a esperança» (Rm 5, 3-4). Para o Apóstolo, a tribulação e o sofrimento são as condições típicas de todos aqueles que anunciam o Evangelho em contextos de incompreensão e perseguição (cf. 2 Cor 6, 3-10). Mas em tais situações, através da escuridão, vislumbra-se uma luz: descobre-se que a evangelização é sustentada pela força que brota da cruz e da ressurreição de Cristo. Isto faz crescer uma virtude, que é parente próxima da esperança: a paciência. Habituamo-nos a querer tudo e agora, num mundo onde a pressa se tornou uma constante. Já não há tempo para nos encontrarmos e, com frequência, as próprias famílias sentem dificuldade para se reunir e falar calmamente. A paciência foi posta em fuga pela pressa, causando grave dano às pessoas; com efeito sobrevêm a intolerância, o nervosismo e, por vezes, a violência gratuita, gerando insatisfação e isolamento.Além disso, na era da internet, onde o espaço e o tempo são suplantados pelo «aqui e agora», a paciência deixou de ser de casa. Se ainda fôssemos capazes de admirar a criação, poderíamos compreender como é decisiva a paciência. Esperar a alternância das estações com os seus frutos; observar a vida dos animais e os ciclos do respetivo desenvolvimento; ter os olhos simples de São Francisco, que no seu Cântico das Criaturas, escrito precisamente há 800 anos, sentia a criação como uma grande família, chamando «irmão» ao sol e, à lua, «irmã». [2] Redescobrir a paciência faz bem a nós próprios e aos outros. Frequentemente São Paulo recorre à paciência para sublinhar a importância da perseverança e da confiança naquilo que nos foi prometido por Deus, mas sobretudo testemunha que Deus é paciente connosco: Ele, que é «o Deus da paciência e da consolação» ( Rm 15, 5). A paciência – fruto também ela do Espírito Santo – mantém viva a esperança e consolida-a como virtude e estilo de vida. Por isso, aprendamos a pedir muitas vezes a graça da paciência, que é filha da esperança e, ao mesmo tempo, seu suporte.




Um caminho de esperança




5. Deste entrelaçamento de esperança e paciência, resulta claro que a vida cristã é um caminho, que precisa também de momentos fortes para nutrir e robustecer a esperança, insubstituível companheira que permite vislumbrar a meta: o encontro com o Senhor Jesus. Apraz-me pensar que um percurso de graça, animado pela espiritualidade popular, tenha antecedido a proclamação do primeiro Jubileu em 1300. Com efeito, não podemos esquecer as diversas formas através das quais se derramou com abundância a graça do perdão sobre o santo Povo fiel de Deus. Recordemos, por exemplo, o grande «perdão» que São Celestino V quis conceder a quantos iam à Basílica de Santa Maria de Collemaggio, em Áquila, nos dias 28 e 29 de agosto de 1294, seis anos antes do Papa Bonifácio VIII instituir o Ano Santo. Por isso, a Igreja já tinha a experiência da graça jubilar da misericórdia.E antes ainda, em 1216, o Papa Honório III acolhera a súplica de São Francisco, que pedia a indulgência para quantos tivessem visitado a Porciúncula nos dois primeiros dias de agosto. O mesmo se pode dizer da peregrinação a Santiago de Compostela: de facto, o Papa Calisto II, em 1122, concedeu que se celebrasse o Jubileu naquele Santuário sempre que a festa do apóstolo Tiago calhasse num domingo. É bom que continue esta modalidade «generalizada» de celebrações jubilares, de modo que a força do perdão de Deus sustente e acompanhe o caminho das comunidades e das pessoas.Não é por acaso que a peregrinação representa um elemento fundamental de todo o evento jubilar. Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do sentido da vida. A peregrinação a pé favorece muito a redescoberta do valor do silêncio, do esforço, da essencialidade. Também no próximo ano, os peregrinos de esperança não deixarão de percorrer caminhos antigos e modernos para viver intensamente a experiência jubilar. Além disso, na própria cidade de Roma, haverá itinerários de fé que se juntarão aos tradicionais das catacumbas e das Sete Igrejas. Deslocar-se dum país ao outro como se as fronteiras estivessem superadas, passar duma cidade a outra contemplando a criação e as obras de arte, permitirá acumular experiências e culturas diferentes e levar dentro de si, harmonizada pela oração, a beleza que faz agradecer a Deus as maravilhas que Ele realizou.As igrejas jubilares, ao longo dos percursos e em Roma, poderão ser oásis de espiritualidade onde é possível restaurar o caminho da fé e dessedentar-se nas fontes da esperança, a começar pelo sacramento da Reconciliação, ponto de partida insubstituível dum verdadeiro caminho de conversão. Nas Igrejas particulares, deve ser dada uma atenção especial à preparação dos sacerdotes e dos fiéis para as Confissões e para o acesso a este sacramento na sua forma individual. Aos fiéis das Igrejas Orientais, sobretudo àqueles que já estão em plena comunhão com o Sucessor de Pedro, quero dirigir um convite particular a cumprir esta peregrinação. Eles que tanto sofreram, muitas vezes até à morte, pela sua fidelidade a Cristo e à Igreja, hão de sentir-se particularmente bem-vindos a Roma, que também é Mãe para eles e conserva tantas memórias da sua presença. A Igreja Católica, que está enriquecida pelas suas liturgias muito antigas e pela teologia e espiritualidade dos Padres, monges e teólogos, quer exprimir simbolicamente o acolhimento deles e dos irmãos e irmãs ortodoxos, num tempo em que vivem já a peregrinação da Via-Sacra, sendo muitas vezes obrigados a deixar as suas terras de origem, as suas terras santas, donde a violência e a instabilidade os expulsam rumo a países mais seguros. Para eles, a experiência de ser amados pela Igreja, que não os abandonará mas há de acompanhá-los para onde quer que forem, torna ainda mais forte o sinal do Jubileu.


6. O Ano Santo de 2025 está em continuidade com os anteriores eventos de graça. No último Jubileu ordinário, atravessou-se o limiar dos dois mil anos do nascimento de Jesus Cristo. Em seguida, no dia 13 de março de 2015, proclamei um Jubileu extraordinário com o objetivo de manifestar e permitir encontrar o «Rosto da misericórdia» de Deus, [3] anúncio central do Evangelho para toda a pessoa e em cada época. Agora chegou o momento dum novo Jubileu, em que se abre novamente de par em par a Porta Santa para oferecer a experiência viva do amor de Deus, que desperta no coração a esperança segura da salvação em Cristo. Ao mesmo tempo, este Ano Santo orientará o caminho rumo a outra data fundamental para todos os cristãos: de facto, em 2033, celebrar-se-ão os dois mil anos da Redenção, realizada por meio da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Abre-se, assim, diante de nós um percurso marcado por grandes etapas, nas quais a graça de Deus precede e acompanha o povo que caminha zeloso na fé, diligente na caridade e perseverante na esperança (cf. 1 Ts 1, 3). Sustentado por tão longa tradição e certo de que este Ano Jubilar poderá ser, para toda a Igreja, uma intensa experiência de graça e de esperança, estabeleço que a Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, seja aberta a 24 de dezembro do corrente ano de 2024, iniciando-se assim o Jubileu Ordinário. No domingo seguinte, 29 de dezembro de 2024, abrirei a Porta Santa da minha catedral de São João de Latrão, que celebrará, no dia 9 de novembro deste ano, 1700 anos da sua dedicação. Posteriormente, no dia 1 de janeiro de 2025, Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, será aberta a Porta Santa da Basílica Papal de Santa Maria Maior. Por fim, no domingo 5 de janeiro de 2025, será aberta a Porta Santa da Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros. Estas últimas três Portas Santas serão fechadas no domingo 28 de dezembro do mesmo ano. Estabeleço ainda que, no domingo 29 de dezembro de 2024, em todas as catedrais e concatedrais, os Bispos diocesanos celebrem a Santa Missa como abertura solene do Ano Jubilar, segundo o Ritual que será preparado para a ocasião. Quanto à celebração na igreja concatedral, o Bispo poderá ser substituído por um Delegado, propositadamente designado. A peregrinação, desde a igreja escolhida para a concentração até à catedral, seja o sinal do caminho de esperança que, iluminado pela Palavra de Deus, une os crentes. Durante o percurso, leiam-se algumas passagens deste Documento e anuncie-se ao povo a Indulgência Jubilar, que poderá ser obtida segundo as prescrições contidas no mesmo Ritual para a celebração do Jubileu nas Igrejas particulares. Durante o Ano Santo, que terminará nas Igrejas particulares no domingo 28 de dezembro de 2025, zele-se para que o Povo de Deus possa acolher, com plena participação, tanto o anúncio de esperança da graça de Deus, como os sinais que atestam a sua eficácia.




O Jubileu Ordinário terminará com o encerramento da Porta Santa da Basílica Papal de São Pedro, no Vaticano, na solenidade da Epifania do Senhor, dia 6 de janeiro de 2026. Que a luz da esperança cristã chegue a cada pessoa, como mensagem do amor de Deus dirigida a todos. E que a Igreja seja testemunha fiel deste anúncio em todas as partes do mundo.




Sinais de esperança




7. Além de beber a esperança na graça de Deus, somos também chamados a descobri-la nos sinais dos tempos, que o Senhor oferece. Como afirma o Concílio Vaticano II, «é dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas». [4] Por isso, para não cair na tentação de nos considerarmos subjugados pelo mal e pela violência, é necessário prestar atenção a tanto bem que existe no mundo. Porém, os sinais dos tempos, que contêm o anélito do coração humano, carecido da presença salvífica de Deus, pedem para ser transformados em sinais de esperança.




8. Que o primeiro sinal de esperança se traduza em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra. Esquecida dos dramas do passado, a humanidade encontra-se de novo submetida a uma difícil prova que vê muitas populações oprimidas pela brutalidade da violência. Faltará ainda a esses povos algo que não tenham já sofrido? Como é possível que o seu desesperado grito de ajuda não impulsione os responsáveis das Nações a querer pôr fim aos demasiados conflitos regionais, cientes das consequências que daí podem derivar a nível mundial? Será excessivo sonhar que as armas se calem e deixem de difundir destruição e morte? O Jubileu recorde que serão «chamados filhos de Deus» todos aqueles que se fazem «obreiros de paz» (Mt 5, 9). A necessidade da paz interpela a todos e impõe a prossecução de projetos concretos. Que não falte o empenho da diplomacia para se construírem, de forma corajosa e criativa, espaços de negociação em vista duma paz duradoura.




9. Olhar para o futuro com esperança equivale a ter também uma visão da vida carregada de entusiasmo para transmitir. Infelizmente, em muitas situações, temos de constatar que falta esta perspetiva. A primeira consequência é a perda do desejo de transmitir a vida. Por causa dos ritmos frenéticos da vida, dos receios face ao futuro, da falta de garantias laborais e de adequada proteção social, de modelos sociais ditados mais pela procura do lucro do que pelo cuidado das relações humanas, assiste-se em vários países a uma preocupante queda da natalidade. Já noutros contextos, «culpar o incremento demográfico em vez do consumismo exacerbado e seletivo de alguns é uma forma de não enfrentar os problemas». [5] A abertura à vida, com uma maternidade e uma paternidade responsáveis, é o projeto que o Criador inscreveu no coração e no corpo dos homens e das mulheres, uma missão que o Senhor confia aos cônjuges e ao seu amor. Além do empenho legislativo dos Estados, é urgente que não lhes falte o apoio convicto das comunidades crentes e da inteira comunidade civil em todas as suas componentes, porque o desejo dos jovens de gerar novos filhos e filhas, como fruto da fecundidade do seu amor, dá futuro a toda a sociedade e é uma questão de esperança: depende da esperança e gera esperança.Por isso, a comunidade cristã não pode ficar atrás de ninguém no apoio à necessidade duma aliança social em prol da esperança, que seja inclusiva e não ideológica, e trabalhe por um futuro marcado pelo sorriso de tantos meninos e meninas que, em muitas partes do mundo, venham encher os demasiados berços vazios. Todos, na realidade, sentem a necessidade de recuperar a alegria de viver, porque o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26), não pode contentar-se com sobreviver ou ir vivendo nem conformar-se com o tempo presente, satisfazendo-se com realidades apenas materiais. Isto fecha-nos no individualismo e corrói a esperança, gerando uma tristeza que se aninha no coração, tornando-nos amargos e impacientes.




10. No Ano Jubilar, seremos chamados a ser sinais palpáveis de esperança para muitos irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldade. Penso nos presos que, privados de liberdade, além da dureza da reclusão, experimentam dia a dia o vazio afetivo, as restrições impostas e, em não poucos casos, a falta de respeito. Proponho aos Governos que, no Ano Jubilar, tomem iniciativas que lhes restituam esperança: formas de amnistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade; percursos de reinserção na comunidade, aos quais corresponda um compromisso concreto de cumprir as leis.Trata-se de um apelo antigo que, provindo da Palavra de Deus, permanece com todo o seu valor sapiencial ao invocar atos de clemência e libertação que permitam recomeçar: «Santificareis o quinquagésimo ano, proclamando na vossa terra a libertação de todos os que a habitam» ( Lv 25, 10). O que está estabelecido na Lei mosaica é retomado pelo profeta Isaías: «O Senhor (…) enviou-me para levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros, para proclamar um ano da graça do Senhor» ( Is 61, 1-2). São palavras que Jesus fez suas no início do seu ministério, declarando em Si mesmo o cumprimento do «ano favorável da parte do Senhor» ( Lc 4, 19). Em todos os cantos da terra, os crentes, especialmente os Pastores, façam-se intérpretes destes pedidos, formando uma só voz que peça corajosamente condições dignas para quem está recluso, respeito pelos direitos humanos e sobretudo a abolição da pena de morte, uma medida inadmissível para a fé cristã que aniquila qualquer esperança de perdão e renovação. [6] A fim de oferecer aos presos um sinal concreto de proximidade, eu mesmo desejo abrir uma Porta Santa numa prisão, para que seja para eles um símbolo que os convida a olhar o futuro com esperança e renovado compromisso de vida.




11. Sinais de esperança hão de ser oferecidos aos doentes, que se encontram em casa ou no hospital. Que os seus sofrimentos encontrem alívio na proximidade de pessoas que os visitem e no carinho que recebem! As obras de misericórdia são também obras de esperança, que despertam nos corações sentimentos de gratidão. E que a gratidão chegue a todos os profissionais de saúde que, em condições tantas vezes difíceis, desempenham a sua missão com solícito cuidado pelas pessoas doentes e mais frágeis.Oxalá não falte a atenção inclusiva por todos aqueles que, encontrando-se em condições de vida particularmente extenuantes, experimentam a sua própria fragilidade, de modo especial se sofrem de patologias ou deficiências que limitam fortemente a autonomia pessoal. O cuidado para com eles é um hino à dignidade humana, um canto de esperança que exige a sincronização de toda a sociedade.



12. E de sinais de esperança também têm necessidade aqueles que, em si mesmos, a representam: os jovens. Muitas vezes, infelizmente, veem desmoronar-se os seus sonhos. Não os podemos dececionar: o futuro funda-se no seu entusiasmo. Como é belo vê-los irradiar energia, por exemplo, quando voluntariamente arregaçam as mangas e se comprometem nas situações de calamidade e mal-estar social! Já é triste ver jovens sem esperança; se bem que se torna inevitável viver o presente na melancolia e no tédio quando o futuro é incerto e impermeável aos sonhos, o estudo não oferece saídas e a falta de emprego ou dum trabalho suficientemente estável corre o risco de suprimir os desejos. A ilusão das drogas, o risco da transgressão e a busca do efémero criam nos jovens, mais do que nos outros, confusão e escondem-lhes a beleza e o sentido da vida, fazendo-os escorregar para abismos escuros e impelindo-os a gestos autodestrutivos. Por isso, que o Jubileu seja, na Igreja, ocasião para um impulso a favor deles: com renovada paixão, cuidemos dos adolescentes, dos estudantes, dos namorados, das gerações jovens! Mantenhamo-nos próximo dos jovens, alegria e esperança da Igreja e do mundo!




13. Não poderão faltar sinais de esperança em relação aos migrantes, que deixam a sua terra à procura duma vida melhor para si próprios e suas famílias. Que as suas expetativas não sejam frustradas por preconceitos e isolamentos! Ao acolhimento, que no respeito pela sua dignidade abre os braços a cada um deles, junte-se a responsabilidade, de modo que a ninguém seja negado o direito de construir um futuro melhor. A tantos exilados, deslocados e refugiados que, por acontecimentos internacionais controversos, são forçados a fugir para evitar guerras, violência e discriminação, sejam garantidos a segurança e o acesso ao trabalho e à instrução, instrumentos necessários para a sua inserção no novo contexto social.Possa a comunidade cristã estar sempre pronta a defender os direitos dos mais débeis. Generosamente abra de par em par as portas do acolhimento, para que nunca falte a ninguém a esperança duma vida melhor. Ressoe nos corações a Palavra do Senhor que, na grande parábola do juízo final, disse: «Era estrangeiro e acolhestes-me», porque «sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 35.40).




14. Sinais de esperança merecem-nos os idosos, que muitas vezes experimentam a solidão e o sentimento de abandono. Valorizar o tesouro que eles são, a sua experiência de vida, a sabedoria que trazem consigo e o contributo que podem dar, é um empenho da comunidade cristã e da sociedade civil, chamadas a trabalhar em conjunto em prol da aliança entre as gerações.Dirijo um pensamento particular aos avôs e às avós, que representam a transmissão da fé e da sabedoria de vida às gerações mais jovens. Sejam amparados pela gratidão dos filhos e pelo amor dos netos, que neles encontram as suas raízes, compreensão e estímulo.




15. E sentidamente, invoco a esperança para os milhares de milhões de pobres, a quem muitas vezes falta o necessário para viver. Face à sucessão de renovadas vagas de empobrecimento, corre-se o risco de nos habituarmos e resignarmos. Mas não podemos desviar o olhar de situações tão dramáticas, que se veem já por todo o lado, e não apenas em certas zonas do mundo. Todos os dias encontramos pessoas pobres ou empobrecidas e, por vezes, podem ser nossas vizinhas de casa. Frequentemente, não têm uma habitação nem alimentação suficiente para o dia. Sofrem a exclusão e a indiferença de muitos. É escandaloso que, num mundo dotado de enormes recursos destinados em grande parte para armas, os pobres sejam «a maioria (…), milhares de milhões de pessoas. Hoje são mencionados nos debates políticos e económicos internacionais, mas com frequência parece que os seus problemas se coloquem como um apêndice, como uma questão que se acrescenta quase por obrigação ou perifericamente, quando não são considerados meros danos colaterais. Com efeito, na hora da implementação concreta, permanecem frequentemente no último lugar». [7] Não esqueçamos: os pobres são quase sempre vítimas, não os culpados.




Apelos em favor da esperança




16. Fazendo ecoar a palavra antiga dos profetas, o Jubileu lembra que os bens da terra se destinam a todos, e não a poucos privilegiados. É preciso que seja generoso quem possui riquezas, reconhecendo o rosto dos irmãos em necessidade. Penso de modo particular naqueles que carecem de água e alimentação: a fome é uma chaga escandalosa no corpo da nossa humanidade, e convida todos a um rebate de consciência. Renovo o apelo para que, «com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares, constituamos um Fundo global para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres, a fim de que os seus habitantes não recorram a soluções violentas ou enganadoras, nem precisem de abandonar os seus países à procura duma vida mais digna». [8] Outro convite premente que desejo fazer, tendo em vista o Ano Jubilar, destina-se às nações mais ricas, para que reconheçam a gravidade de muitas decisões tomadas e estabeleçam o perdão das dívidas dos países que nunca poderão pagá-las. Mais do que magnanimidade, é uma questão de justiça, agravada hoje por uma nova forma de desigualdade de que se vai tomando consciência: «Com efeito, há uma verdadeira “dívida ecológica”, particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso desproporcionado dos recursos naturais efetuado historicamente por alguns países». [9] Como ensina a Sagrada Escritura, a terra pertence a Deus e todos nós vivemos nela como «estrangeiros e hóspedes» ( Lv 25, 23). Se queremos verdadeiramente preparar no mundo a senda da paz, empenhemo-nos em remediar as causas remotas das injustiças, reformulemos as dívidas injustas e insolventes, saciemos os famintos.




17. Durante o próximo Jubileu, ocorrerá um aniversário muito significativo para todos os cristãos: completar-se-ão 1700 anos da celebração do primeiro grande Concílio ecuménico, o de Niceia. É bom lembrar que já em diversas ocasiões, desde os tempos apostólicos, os Pastores se reuniram em assembleia com a finalidade de tratar temáticas doutrinais e questões disciplinares. Nos primeiros séculos da fé, multiplicaram-se os Sínodos tanto no Oriente como no Ocidente cristão, mostrando como era importante guardar a unidade do Povo de Deus e o anúncio fiel do Evangelho. O Ano Jubilar poderá ser uma importante oportunidade para tornar concreto este modo sinodal, que hoje a comunidade cristã sente como expressão cada vez mais necessária para melhor corresponder à urgência da evangelização: todos os batizados, cada qual com o próprio carisma e ministério, se sintam corresponsáveis pela mesma a fim de que muitos sinais de esperança deem testemunho da presença de Deus no mundo. O Concílio de Niceia teve a missão de preservar a unidade, então seriamente ameaçada pela negação da plena divindade de Jesus Cristo e da sua igualdade com o Pai. Estiveram presentes cerca de trezentos Bispos que, convocados sob impulso do imperador Constantino em 20 de maio de 325, se reuniram no palácio imperial. Depois de vários debates, todos, com a graça do Espírito, se reconheceram no Símbolo de fé que ainda hoje professamos na Celebração Eucarística dominical. Os Padres conciliares quiseram iniciar aquele Símbolo empregando pela primeira vez a expressão «Nós cremos», [10] testemunhando que, naquele «Nós», todas as Igrejas se encontravam em comunhão e todos os cristãos professavam a mesma fé. O Concílio de Niceia é um marco miliário na história da Igreja. O aniversário da sua realização convida os cristãos a unirem-se no louvor e agradecimento à Santíssima Trindade e, em particular, a Jesus Cristo, o Filho de Deus, «consubstancial ao Pai», [11] que nos revelou este mistério de amor. Mas Niceia constitui também um convite a todas as Igrejas e Comunidades eclesiais para avançarem rumo à unidade visível, não se cansando de procurar formas apropriadas para corresponder plenamente à oração de Jesus: «Que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste» ( Jo 17, 21).No Concílio de Niceia, tratou-se também da data da Páscoa. A este respeito, ainda hoje existem posições diferentes, que impedem de celebrar, no mesmo dia, o evento fundante da fé. Por uma circunstância providencial, isso acontecerá precisamente no ano de 2025. Seja isto um apelo a todos os cristãos do Oriente e do Ocidente para darem resolutamente um passo rumo à unidade em torno duma data comum para a Páscoa. Vale a pena recordar que muitos desconhecem as diatribes do passado e não entendem como possam subsistir divisões a tal propósito.




Ancorados na esperança




18. A esperança forma, juntamente com a fé e a caridade, o tríptico das «virtudes teologais», que exprimem a essência da vida cristã (cf. 1 Cor 13, 13; 1 Ts 1, 3). No dinamismo indivisível das três, a esperança é a virtude que imprime, por assim dizer, a orientação, indicando a direção e a finalidade da existência crente. Por isso, o apóstolo Paulo convida-nos a ser «alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração» (Rm 12, 12). Assim deve ser; precisamos de transbordar de esperança (cf. Rm 15, 13) para testemunhar de modo credível e atraente a fé e o amor que trazemos no coração; para que a fé seja jubilosa, a caridade entusiasta; para que cada um seja capaz de oferecer ao menos um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito, sabendo que, no Espírito de Jesus, isso pode tornar-se uma semente fecunda de esperança para quem o recebe. Mas qual é o fundamento da nossa esperança? Para o compreender, é bom deter-nos nas razões da nossa esperança (cf. 1 Ped 3, 15).




19. «Creio na vida eterna»: [12] assim professa a nossa fé, e a esperança cristã encontra nestas palavras um ponto fundamental de apoio. De facto, «é a virtude teologal pela qual desejamos (…) a vida eterna como nossa felicidade». [13] O Concílio Ecuménico Vaticano II afirma: «Se faltam o fundamento divino e a esperança da vida eterna, a dignidade humana é gravemente lesada, como tantas vezes se verifica nos nossos dias, e os enigmas da vida e da morte, do pecado e da dor ficam sem solução, o que frequentemente leva os homens ao desespero». [14] Enquanto, em virtude da esperança na qual fomos salvos, vendo passar o tempo, temos a certeza que a história da humanidade e a de cada um de nós não correm para uma meta sem saída nem para um abismo escuro, mas estão orientadas para o encontro com o Senhor da glória. Por isso vivemos na expetativa do seu regresso e na esperança de vivermos n’Ele para sempre: é com este espírito que fazemos nossa aquela comovente invocação dos primeiros cristãos com que termina a Sagrada Escritura: «Vem, Senhor Jesus!» ( Ap 22, 20).








20. Jesus morto e ressuscitado é o coração da nossa fé. São Paulo, ao enunciar este conteúdo em poucas palavras (usa só quatro verbos), transmite-nos o «núcleo» da nossa esperança. «Transmiti-vos, em primeiro lugar, o que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Cefas e depois aos Doze» ( 1 Cor 15, 3-5). Cristo morreu, foi sepultado, ressuscitou, apareceu. Por nós, passou através do drama da morte. O amor do Pai ressuscitou-O na força do Espírito, fazendo da sua humanidade as primícias da eternidade para a nossa salvação. A esperança cristã consiste precisamente nisto: face à morte onde tudo parece acabar, através de Cristo e da sua graça que nos foi comunicadano Batismo, recebe-se a certeza de que «a vida não acaba, apenas se transforma», [15] para sempre. Com efeito, sepultados juntamente com Cristo no Batismo, recebemos n’Ele, ressuscitado, o dom duma vida nova, que derruba o muro da morte, fazendo dela uma passagem para a eternidade.E se diante da morte, dolorosa separação que nos obriga a deixar os nossos entes queridos, não é possível qualquer retórica, o Jubileu oferecer-nos-á a oportunidade de descobrir, com imensa gratidão, o dom daquela vida nova recebida no Batismo, capaz de transfigurar o seu drama. É significativo repensar, no contexto jubilar, como este mistério foi compreendido desde os primeiros séculos da fé. Durante muito tempo, por exemplo, os cristãos construíram a pia batismal em forma octogonal, e ainda hoje podemos admirar muitos batistérios antigos que mantêm esta forma, como em São João de Latrão na cidade de Roma. Indica que, na fonte batismal, se inaugura o oitavo dia, isto é o da ressurreição, o dia que ultrapassa o ritmo habitual, marcado pela cadência semanal, abrindo assim o ciclo do tempo à dimensão da eternidade, à vida que dura para sempre: esta é a meta para a qual tendemos na nossa peregrinação terrena (cf. Rm 6, 22).




O testemunho mais convincente desta esperança é-nos oferecido pelos mártires que, firmes na fé em Cristo ressuscitado, foram capazes de renunciar à própria vida da terra para não trair o seu Senhor. Temo-los em todas as épocas e são numerosos – e talvez mais do que nunca nos nossos dias – como confessores da vida que não tem fim. Precisamos de conservar o seu testemunho para tornar fecunda a nossa esperança.Estes mártires, pertencentes às diferentes tradições cristãs, são também sementes de unidade, porque exprimem o ecumenismo do sangue. Durante o Jubileu desejo ardentemente que não falte uma celebração ecuménica para evidenciar a riqueza do testemunho destes Mártires.



21. Então, que será de nós depois da morte? Com Jesus, além deste limiar, há a vida eterna, que consiste na plena comunhão com Deus, na contemplação e participação do seu amor infinito. Tudo o que agora vivemos na esperança, vê-lo-emos então na realidade. A propósito, escreveu Santo Agostinho: «Quando me unir a Vós com todo o meu ser, não existirá para mim em lado algum dor e tristeza. A minha vida será uma vida verdadeira, totalmente cheia de Vós». [16] Então, o que caraterizará tal plenitude de comunhão? O ser feliz. A felicidade é a vocação do ser humano, uma meta que diz respeito a todos.



Mas, o que é a felicidade? Que felicidade esperamos e desejamos? Não uma alegria passageira, uma satisfação efémera que, uma vez alcançada, volta sempre a pedir mais, numa espiral de avidez em que o espírito humano nunca se encontra saciado, antes sente-se cada vez mais vazio. Precisamos duma felicidade que se cumpra definitivamente naquilo que nos realiza, ou seja, no amor, para se poder dizer já agora: sou amado, logo existo; e existirei para sempre no Amor que não desilude e do qual nada e ninguém me poderá separar. Recordemos ainda as palavras do Apóstolo: «Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Senhor nosso» (Rm 8, 38-39).




22. Outra realidade ligada à vida eterna é o juízo de Deus, quer no termo da nossa existência quer no fim dos tempos. Muitas vezes a arte tentou representá-lo – pensemos na obra-prima de Michelangelo, na Capela Sistina –, atendo-se à conceção teológica da época e transmitindo um sentimento de temor a quem o observa. Se é justo preparar-se com viva consciência e seriedade para o momento que recapitula a existência, ao mesmo tempo é necessário fazê-lo sempre na dimensão da esperança, virtude teologal que sustenta a vida e nos permite não cair no medo. O juízo de Deus, que é amor (cf. 1 Jo 4, 8.16), só poderá basear-se no amor, especialmente naquele que tivermos, ou não, praticado para com os mais necessitados, nos quais Cristo, o próprio Juiz, está presente (cf. Mt 25, 31-46). Trata-se, portanto, dum juízo diferente do juízo dos homens e dos tribunais terrenos; deve ser entendido como uma relação de verdade com Deus-amor e consigo mesmo dentro do mistério insondável da misericórdia divina. A Sagrada Escritura afirma a este respeito: «Tu ensinaste o teu povo que o justo deve ser amigo dos homens, e deste a teus filhos uma boa esperança, porque, após o pecado, dás a conversão (…), para que, ao sermos julgados, esperemos misericórdia» ( Sab 12, 19.22). Como escreveu Bento XVI, «no momento do Juízo, experimentamos e acolhemos este prevalecer do seu amor sobre todo o mal no mundo e em nós. A dor do amor torna-se a nossa salvação e a nossa alegria». [17]Por conseguinte, o juízo diz respeito à salvação na qual esperamos e que Jesus nos obteve com a sua morte e ressurreição. Visa abrir ao encontro definitivo com Ele. E, como em tal contexto não se pode pensar que o mal cometido permaneça oculto, o mesmo precisa de ser purificado, para nos permitir a passagem definitiva ao amor de Deus. Compreende-se, neste sentido, a necessidade de rezar por aqueles que concluíram o caminho terreno: uma solidariedade na intercessão orante que encontra a sua eficácia na comunhão dos santos, no vínculo comum que nos une em Cristo, primogénito da criação. Assim, a Indulgência Jubilar, em virtude da oração, destina-se de modo particular a todos aqueles que nos precederam, para que obtenham plena misericórdia.




23. De facto, a indulgência permite-nos descobrir como é ilimitada a misericórdia de Deus. Não é por acaso que, na antiguidade, o termo «misericórdia» era cambiável com o de «indulgência», precisamente porque pretende exprimir a plenitude do perdão de Deus que não conhece limites.O sacramento da Penitência assegura-nos que Deus apaga os nossos pecados. Vêm à mente, com toda a sua carga de consolação, estas palavras do Salmo: «É Ele quem perdoa as tuas culpas e cura todas as tuas enfermidades. É Ele quem resgata a tua vida do túmulo e te enche de graça e de ternura. (…) O Senhor é misericordioso e compassivo, é paciente e cheio de amor. (…) Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos castigou segundo as nossas culpas. Como é grande a distância dos céus à terra, assim são grandes os seus favores para os que O temem. Como o Oriente está afastado do Ocidente, assim Ele afasta de nós os nossos pecados» (Sal 103, 3-4.8.10-12). A Reconciliação sacramental não é apenas uma estupenda oportunidade espiritual, mas representa um passo decisivo, essencial e indispensável no caminho de fé de cada um. Ali permitimos ao Senhor que destrua os nossos pecados, sare o nosso coração, nos levante e abrace, nos faça conhecer o seu rosto terno e compassivo. Na verdade, não há modo melhor de conhecer a Deus do que deixar-se reconciliar por Ele (cf. 2 Cor 5, 20), saboreando o seu perdão. Por isso, não renunciemos à Confissão, mas descubramos a beleza do Sacramento da cura e da alegria, a beleza do perdão dos pecados.Todavia o pecado, como sabemos por experiência pessoal, «deixa a sua marca», traz consigo consequências: não só exteriores, como consequências do mal cometido, mas também interiores, pois «todo o pecado, mesmo venial, traz consigo um apego desordenado às criaturas, o qual precisa de ser purificado, quer nesta vida quer depois da morte, no estado que se chama Purgatório». [18] Assim, na nossa débil humanidade atraída pelo mal, permanecem «efeitos residuais do pecado». São tirados pela indulgência, sempre por graça de Cristo, o Qual, como escreveu São Paulo VI, é «a nossa “indulgência”». [19] A Penitenciaria Apostólica providenciará à emanação das disposições necessárias para poder obter e tornar efetiva a prática da Indulgência Jubilar.




Uma tal experiência repleta de perdão não pode deixar de abrir o coração e a mente para perdoar. Perdoar não muda o passado, não pode modificar o que já aconteceu; no entanto, o perdão pode-nos permitir mudar o futuro e viver de forma diferente, sem rancor, ódio e vingança. O futuro iluminado pelo perdão permite ler o passado com olhos diversos, mais serenos, mesmo que ainda banhados de lágrimas.




No passado Jubileu extraordinário, instituí os Missionários da Misericórdia, que continuam a desempenhar uma missão importante. Que eles exerçam o seu ministério também durante o próximo Jubileu, restituindo esperança e perdoando todas as vezes que um pecador se dirija a eles de coração aberto e espírito arrependido. Continuem a ser instrumentos de reconciliação, e ajudem a olhar para o futuro com a esperança do coração que provém da misericórdia do Pai. Espero que os Bispos possam valer-se do seu precioso serviço, sobretudo enviando-os onde a esperança está posta a dura prova, como nas prisões, nos hospitais e nos lugares onde a dignidade da pessoa é espezinhada, nas situações mais desfavorecidas e nos contextos de maior degradação, para que ninguém fique privado da possibilidade de receber o perdão e a consolação de Deus.




24. A esperança encontra, na Mãe de Deus, a sua testemunha mais elevada. N’Ela vemos como a esperança não seja um efémero otimismo, mas dom de graça no realismo da vida. Como todas as mães, cada vez que olhava para o Filho pensava no seu futuro, e certamente no coração trazia gravadas aquelas palavras que Simeão Lhe dirigira no templo: «Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição; uma espada trespassará a tua alma» (Lc 2, 34-35). E aos pés da cruz, enquanto via Jesus inocente sofrer e morrer, embora atravessada por terrível angústia, repetia o seu «sim», sem perder a esperança e a confiança no Senhor. Desta forma, cooperava em nosso favor no cumprimento do que dissera seu Filho ao anunciar que Ele teria de «sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, e ser morto e ressuscitar depois de três dias» (Mc 8, 31), e no parto daquela dor oferecida por amor tornava-Se nossa Mãe, Mãe da esperança. Não é por acaso que a piedade popular continua a invocar a Virgem Santa como Stella Maris, um título expressivo da esperança segura de que, nas tempestuosas vicissitudes da vida, a Mãe de Deus vem em nosso auxílio, apoia-nos e convida-nos a ter fé e a continuar a esperar. A propósito, apraz-me recordar que o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México, está a preparar-se para celebrar, em 2031, os 500 anos da primeira aparição da Virgem. Através do jovem Juan Diego, a Mãe de Deus fazia-nos chegar uma revolucionária mensagem de esperança que, ainda hoje, repete a todos os peregrinos e fiéis: «Porventura não estou aqui Eu, que sou tua Mãe?» [20] Uma mensagem semelhante é impressa nos corações, em tantos Santuários Marianos espalhados pelo mundo, metas de inúmeros peregrinos que confiam à Mãe de Deus preocupações, sofrimentos e anseios. Neste Ano Jubilar, que os Santuários sejam lugares sagrados de acolhimento e espaços privilegiados para gerar esperança. Aos peregrinos que vierem a Roma, convido-os a fazerem uma paragem orante nos Santuários Marianos da cidade a fim de venerar a Virgem Maria e invocar a sua proteção. Estou confiante de que todos, especialmente aqueles que sofrem e estão atribulados, poderão experimentar a proximidade da mais afetuosa das mães, que nunca abandona os seus filhos; Ela que é, para o santo Povo de Deus, «sinal de esperança segura e de consolação». [21]




25. No caminho rumo ao Jubileu, voltemos à Sagrada Escritura e sintamos, dirigidas a nós, estas palavras: «Nós que procuramos refúgio n’Ele, encontramos grande estímulo agarrando-nos à esperança proposta. Nessa esperança, temos como que uma âncora segura e firme da alma, que penetra até ao interior do véu, onde Jesus entrou como nosso precursor» (Heb 6, 18-20). É um forte convite a nunca perder a esperança que nos foi dada, a mantê-la firme, encontrando refúgio em Deus.




A imagem da âncora é sugestiva para compreender a estabilidade e a segurança que possuímos no meio das águas agitadas da vida, se nos confiarmos ao Senhor Jesus. As tempestades nunca poderão prevalecer, porque estamos ancorados na esperança da graça, capaz de nos fazer viver em Cristo, superando o pecado, o medo e a morte. Esta esperança, muito maior do que as satisfações quotidianas e as melhorias nas condições de vida, transporta-nos para além das provações e exorta-nos a caminhar sem perder de vista a grandeza da meta a que somos chamados: o Céu.









Portanto, o próximo Jubileu há de ser um Ano Santo caraterizado pela esperança que não conhece ocaso, a esperança em Deus. Que nos ajude também a reencontrar a confiança necessária, tanto na Igreja como na sociedade, no relacionamento interpessoal, nas relações internacionais, na promoção da dignidade de cada pessoa e no respeito pela criação. Que o testemunho crente seja fermento de esperança genuína no mundo, anúncio de novos céus e nova terra (cf. 2 Ped 3, 13), onde habite a justiça e a harmonia entre os povos, visando a realização da promessa do Senhor.




Deixemo-nos, desde já, atrair pela esperança, consentindo-lhe que, por nosso intermédio, se torne contagiosa para quantos a desejam. Possa a nossa vida dizer-lhes: «Confia no Senhor! Sê forte e corajoso, e confia no Senhor» (Sal 27, 14). Que a força da esperança encha o nosso presente, aguardando com confiança o regresso do Senhor Jesus Cristo, a Quem é devido o louvor e a glória agora e nos séculos futuros.




Dado em Roma, junto de São João de Latrão, na Solenidade da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, 9 de maio do ano 2024, décimo segundo de Pontificado.


 


FRANCISCO



 

REFERÊNCIAS



[1]  Discursos, 198 augm., 2.


[2] Cf. Fonti Francescane, n. 263, 6.10.


[3] Cf. Misericordiae Vultus, Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, nn. 1-3.


[4] Const. past. Gaudium et spes, n. 4.


[5] Francisco, Carta enc. Laudato si’, n. 50.


[6] Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2267.


[7] Carta enc. Laudato si’, n. 49.


[8] Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, n. 262.


[9] Carta enc. Laudato si’, n. 51.


[10]  Símbolo Niceno: H. Denzinger – A. Schönmetzer, Enchiridion Symbolorum definitionum et declarationum de rebus fidei et morum, n. 125.


[11]  Ibidem.


[12]  Símbolo dos Apóstolos: H. Denzinger – A. Schönmetzer, Enchiridion Symbolorum definitionum et declarationum de rebus fidei et morum, n. 30.


[13]  Catecismo da Igreja Católica, n. 1817.


[14] Const. past. Gaudium et spes, n. 21.


[15] Missal Romano, Prefácio dos defuntos I.


[16]  Confissões, X, 28.


[17] Carta enc. Spe salvi, n. 47.


[18]  Catecismo da Igreja Católica, 1472.


[19] Carta ap. Apostolorum limina, 23.05.1974, II.


[20]  Nican Mopohua, n. 119.


[21] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 68.

 

 

Fonte: Vatican.va





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Um comentário:

  1. 1 Pedro 3,15: "Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês!"

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