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quinta-feira, 13 de julho de 2023

A diferença entre a "sadia cultura popular" e a alienante "cultura de massas" progressista

(foto reprodução meramente ilustrativa)


 

por Francisco Porfírio

 


O termo cultura de massa foi cunhado pelos filósofos e sociólogos da Escola de Frankfurt (considerados pensadores da teoria crítica): Theodor Adorno e Max Horkheimer. A ideia de cultura de massa perfaz uma noção de que existe um tipo de produção cultural industrial para satisfazer as necessidades de uma indústria capitalista, que vende os seus produtos culturais como se fossem algo que se compra em um supermercado. Nesse sentido, a indústria cultural apropria-se da arte e faz dela um subproduto produzido em massa para render lucros a uma indústria, que pode ser cinematográfica, televisiva, musical ou das artes plásticas.










Características da cultura de massa





A cultura de massa é um objeto da indústria cultural. O conceito de cultura de massa diz respeito a uma cultura que não é autêntica. Segundo Walter Benjamin, filósofo e teórico literário alemão do século XX, a cultura tornou-se um elemento de manipulação. Para Benjamin, o cinema e a fotografia representaram o ápice do desenvolvimento tecnológico que levou à cultura de massa. Benjamin entendia que a arte, quando reproduzida por alguma técnica, tende a perder a sua autenticidade. Se pensarmos que até o século XIX qualquer forma de arte era reproduzida na hora (a música era tocada na hora, a pintura era feita na hora e a atuação teatral era feita ao vivo), no início do século XX, a reprodução da obra de arte pela tecnologia era uma novidade. 










A cultura de massa tornou-se, no vocabulário da teoria crítica, uma manifestação cultural inautêntica, pois é fruto de um movimento de massificação da cultura, ou seja, de produção de elementos culturais para satisfazer os anseios de um mercado capitalista de vender tais produtos e utilizá-los para a propagação de um ideal de vida capitalista e consumista.Para funcionar corretamente, a indústria cultural criou uma fórmula específica: pegar elementos da cultura erudita (a cultura de elite) e misturá-los à cultura popular (a cultura produzida pelo povo, nas periferias e fora da elite). Quando tal mistura reproduz-se com as técnicas de reprodutibilidade, temos os elementos da indústria cultural.A cultura de massa atende à lógica mercadológica capitalista. Por isso, ela não faz distinção da individualidade e do gosto estético de cada pessoa e de cada cultura. A ideia é, para a indústria cultural, tornar todos os cidadãos uma única massa, que não tem rosto e nem individualidade e anseia o simples consumo do que a mídia lhe impõe.




Cultura de massa e consumo desordenado (sem critérios morais)




A cultura de massa está estreitamente ligada ao consumo. As propagandas que são veiculadas na televisão e na internet têm o propósito de levar o espectador a consumir os produtos propagados. Não obstante, às propagandas também são veiculados ideais de vida. Do mesmo modo que as propagandas passam tais ideais, a cultura de massa também é utilizada com tal objetivo. Filmes, novelas, músicas, séries e estampas comerciais são exemplos desse tipo de cultura. A indústria de bens de consumo aliou-se à indústria cultural para propagar os seus ideais. Nesse sentido, a indústria cultural virou uma maneira vender os produtos do mercado, além de propagar os ideais de vida burgueses do capitalismo meramente comercial. Nesse sentido, a cultura de massa é uma espécie de propaganda daquilo que é vendido como padrão de vida, além de ser uma espécie de produto autônomo, que sustenta a lógica do consumo capitalista.





Cultura de massa e cultura popular (não são sinônimos)!









Ao contrário do que o senso comum pensa, a cultura de massa e a cultura popular não são sinônimos. Cultura popular é uma manifestação autêntica de um povo, sem interferências externas e sem qualquer lógica de mercado e venda. Como exemplos de cultura popular brasileiras, podemos elencar o samba, a música sertaneja de raiz, a literatura de cordel, o axé e o funk carioca. Todos esses elementos são frutos de uma cultura popular autêntica e representam as pessoas que os originaram.










A cultura popular é autêntica por representar a vida, os hábitos e os costumes de uma população. Ela não é reprodução e não é uma tentativa de massificação das pessoas. A cultura popular, ao contrário da cultura de massa, visa atender a simples criação e não a busca dos padrões de venda de um mercado meramente de interesses capitalistas.





Cultura de massa e filosofia












Os filósofos e sociólogos alemães da Escola de Frankfurt (representantes da teoria crítica) Theodor Adorno e Max Horkheimer foram os primeiros a falar de uma cultura de massa. Para os teóricos, a indústria cultural foi um meio de propagar-se o capitalismo e os seus ideais via arte e cultura.











A influência marxista dos teóricos da Escola de Frankfurt fê-los enxergar as armadilhas do capitalismo liberal da primeira metade do século XX como um todo capaz de utilizar-se de vários subterfúgios para manter a população magnetizada pelos domínios consumistas. Nesse sentido, várias distorções sociais foram provocadas concomitantemente à indústria cultural, e esta fez com que tais distorções fossem normalizadas. Um exemplo dessas distorções foi o holocausto judeu.Como alemães judeus, Adorno e Horkheimer analisaram o ideal de esclarecimento iluminista à luz do que aconteceu na Alemanha nazista. Para os filósofos, não havia qualquer traço de emancipação numa sociedade que evoluiu muito tecnologicamente, mas usou essa evolução apenas para a promoção do capitalismo e a serviço de governos sanguinários, como o governo nazista.Para criticar o ideal iluminista não concretizado e questionar a lógica capitalista e as aberrações produzidas por essa no século XX, Adorno e Horkheimer escreveram o livro Dialética do esclarecimento. Nesse escrito, os filósofos tentaram compreender o que falhou para que a lógica iluminista de emancipação e melhoramento social da humanidade não fosse comprovada no século XX.A resposta, segundo os teóricos da Escola de Frankfurt, estava na utilização da razão como instrumento para algo (no caso o capitalismo) sem reflexão e pensando apenas no lucro. Como meio de propagar as ideologias desse sistema, a indústria cultural surgiu para levar à população as ideias de consumo importantes para a manutenção da ordem vigente.




 


 



A esquerda progressista acredita que cabe ao governo determinar o sucesso de diferentes empreendimentos culturais porque é necessário priorizar o vanguardismo, mesmo que este não tenha apelo comercial










Artistas querem que a produção de arte não seja influenciada pelos consumidores, mas por um comitê central. Com efeito, toda a gritaria da classe artística brasileira quando se aventou o fim do Ministério da Cultura era uma admissão explícita de que sua "arte", sem subsídios, é inviável.  E é inviável porque o público consumidor simplesmente não se interessa por consumi-la.  E esse desprezo do público fere os brios da classe, que então recorre ao governo para se manter. Uma regra econômica básica diz que, se algo só se mantém se receber dinheiro do governo, então é porque o povo está demonstrando, de forma clara e voluntária, que não quer sustentar espontaneamente essa atividade. Se algo é realmente bom e é demandado, não precisa de subsídios. Se algo só se sustenta com subsídios, então é porque ou é ruim ou não é demandado. E se é ruim ou não é demandado, então não merece subsídios.Ademais, é difícil imaginar algo mais conservador e reacionário do que um comitê de burocratas comandando a produção cultural, como se fosse um mecenas atualizado. O interessante é que grandes gênios costumam não ser reconhecidos como tais enquanto ativos. 











Alfred Hitchcock, por exemplo, caso a cultura fosse controlada pelo governo, não teria atingido o mesmo sucesso e volume de produção. Seria provavelmente desprezado por um comitê das artes por ser popular e comercial demais. Se Van Gogh houvesse vivido em um país socialista, lembrava Mises, o tirariam do ateliê para colocá-lo num hospício.Já a direita conservadora equipara cultura popular a insalubridade cultural. Os mitos e símbolos clássicos são superiores às suas imitações contemporâneas e, portanto, a cultura popular moderna deve ser rejeitada em favor do bem de nossa civilização. Mas pense nos grandes inimigos da nossa civilização. Tanto o comunismo quanto o nazismo prezavam pela arte clássica. Era a cultura popular que eles detestavam. Como lembra  Tyler Cowen, "Bach, Mozart e Beethoven eram permitidos na União Soviética. Jazz, swing e blues eram proibidos". O Rock and Roll e o cinema hollywoodiano foram aliados civilizacionais na derrota dos totalitarismos do século XX. A peça de Tom Stoppard Rock'n'Roll ilustra essa insurreição artística.






(foto reprodução)




A arte como mercadoria, portanto, enriquece nossa vida com mais acesso às culturas do passado e do presente, dá aos artistas mais independência, diversifica e amplia as criações culturais e, last but not least, é uma arma contra aqueles que querem destruir as instituições que permitem o florescimento do espírito humano. Deixe que ela seja livremente demandada pelos consumidores e financiada espontaneamente por esses consumidores desejosos. O instrumento para isso se chama livre mercado.

 




CONCLUSÃO:

 





(foto reprodução)





Aristóteles prevenia que "pelo ritmo e pela melodia nasce uma grande variedade de sentimentos" e que "a música pode ajudar na formação do caráter" e que "se pode distinguir os gêneros musicais por sua repercussão sobre o caráter. Tal gênero, por exemplo, leva à melancolia, tais outros sugerem o desânimo ou domínio de si mesmo, o entusiasmo ou alguma outra disposição já mencionada.(Citação de Aristóteles - apud W. Matt - Le Rock'n Roll, instrument de Revolution et de subversion culturelle - Ed St. Raphael Sherbrooke, Quebec, 1981 pag. 6) Platão é ainda mais claro sobre a música: No diálogo "República", ele adverte que a música forma ou deforma os, caracteres de modo tanto mais profundo e perigoso quanto mais inadvertido. A maior parte das pessoas não percebe que a música tem o poder de mudar o coração dos homens, e que assim, pouco a pouco, molda a sua mentalidade. Mudando as mentalidades, a música termina por transformar os costumes, o que determina a mudança das leis e das próprias instituições. Por isto dizia Platão que: "É possível conquistar ou revolucionar uma cidade pela mudança de sua música. Toda inovação musical é prenhe de perigos para a cidade inteira... não se pode alterar os modos musicais sem alterar, ao mesmo tempo, as leis fundamentais do Estado". (Platão, República, Livro III) - Para Platão, a educação musical é a mais poderosa, porque permite introduzir na alma da criança, desde a mais tenra infância, o amor à beleza e à virtude.A pessoa bem educada musicalmente mais facilmente perceberia a beleza e a harmonia. E como não há amor sem ódio, ela também odiaria o feio e o mal. E pergunta Platão: "Não saberá (tal pessoa) louvar o que é bom, receber o bem com deleite e, acolhendo-o na alma, nutrir-se dele e fazer-se um homem de bem, ao mesmo tempo que detesta e repele o feio desde criança, mesmo antes de poder raciocinar? E assim quando chegar a razão, a pessoa educada por essa forma a reconhecerá e acolherá como uma velha amiga". (Platão, República, Livro III). - Bem educados musicalmente, continua Platão, os jovens crescerão numa terra salubre, sem perder um só dos eflúvios de beleza que cheguem aos seus olhos e ouvidos, procedentes de todas as partes, como se uma aura vivificadora os trouxesse de regiões mais puras, induzindo nossos cidadãos, desde a infância a imitar a idéia do belo, a amá-la e a sintonizar com ela. (Platão, idem, ibidem.)





(foto reprodução)




Por isso, conclui Platão, não se deveria permitir que os artistas exibam "as formas do vício, da intemperança, da vileza ou da indecência, na escultura, na edificação e nas outras artes criadoras... "Não admitiremos que nossos guardiães cresçam rodeados de imagens de depravação moral, alimentando-se, por assim dizer, de uma erva má que houvesse nascido aqui e ali, em pequenas quantidades, mas dia após dia, de modo a introduzirem, sem se aperceber disso, uma enorme fonte de corrupção em suas almas". (Platão, idem, ibidem) Platão insiste no "poder insinuante da música de agir sem ser percebida", a ponto de conseguir destruir ou revolucionar uma sociedade: "pois é aí que a ilegalidade se insinua mais facilmente, sem ser percebida... sob forma de recreação, à primeira vista inofensiva". Nem, a princípio, causa dano algum, mas esse espírito de licença depois de encontrar um abrigo, vai-se introduzindo imperceptivelmente nos usos e costumes; e daí passa, já fortalecido, para os contratos entre os cidadãos, e após os contratos, invade as leis e constituições, com maior impudência, até que, ó Sócrates, transforma toda, a vida privada e pública". (Platão, República, Livro III).



 







BIBLIOGRAFIA:

 


 

-https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/cultura-de-massa.htm

 


-https://mises.org.br/article/2418/a-arte-e-a-cultura-sao-mercadorias-como-quaisquer-outros-bens-de-consumo











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Um comentário:

  1. A grande verdade é que a cultura de massas atende tanto à lógica socialista alienante e totalitarista do pensamento único, como a logica mercadológica capitalista. Por isso, a cultura de massas não faz distinção da individualidade e do gosto estético de cada pessoa e de cada cultura. A ideia é, para a indústria cultural, tornar todos os cidadãos uma única massa, que não tem rosto e nem individualidade e anseia o simples desejo do ditador, ou que a indústria de consumo através da mídia lhe impõe. Simples assim!

    Silveira - Mossoró-RN

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