Cabe valorizar
no noticiário o que se revelar como caminho válido de conhecimento da
realidade e reflexão, e rechaçar as mesmices de sempre: firmeza, rigor
penal, justiça mais expedita, só programas sociais e educação
resolvem. Cada refrão desses repetido há mais de vinte anos, apenas com os
sotaques diferentes de cada meio de comunicação. Dificilmente a mídia
brasileira revelará competência para cobrir e aprofundar um assunto como este,
para o qual se revelou despreparada ao longo de tanto tempo.
A
intolerável matança de policiais
Por: Victor Poubel
Um levantamento feito pelo EXTRA revela que, em
pouco mais de sete anos, 692 PMs e 77 policiais civis foram assassinados no
Estado do Rio de Janeiro.Cerca de uma morte a cada três dias desde 2010. São
números que não só geram indignação, mas que requerem uma resposta imediata do
Estado brasileiro, sem a qual muitas famílias continuarão chorando.
Sabemos que a profissão de policial é arriscada,
mas uma coisa é morrer no exercício de suas funções, em razão de confronto,
outra é serem alvos de emboscadas e atentados covardes dos bandidos. Eles estão
atrevidos por não encontrarem limites ou obstáculos institucionais por parte do
Estado, o que explica, em parte, a expansão dos casos de violência pela certeza
da impunidade, e penas brandas.
Uma pesquisa realizada pelo FBI mostra que 51
policiais morreram em 2014, nos Estado Unidos da América, e, 27 em 2013. Apesar
de serem o país mais rico do mundo, não vivem num paraíso, existindo violência,
principalmente, nas grandes cidades, tráfico de drogas, gangues, e terrorismo.
Todavia, não encaram isso como uma simples fatalidade. Os números estadunidenses são
menores, contudo também preocupam, a ponto da polícia investigar os
assassinatos com extremo afinco. O trabalho apenas termina quando tudo é
esclarecido. A Justiça também não dá refresco, com julgamentos céleres
e impondo severas penas, para desestimular futuras ações.Os americanos encaram
seus policiais como heróis nacionais, pois entendem a magnitude de alguém
escolher como profissão arriscar a sua vida em prol de outro que sequer
conhece. Assim, o assassinato de um policial é um golpe à pátria e à plena
liberdade, por serem o último anteparo do Estado capaz de conter os avanços da
desordem e do crime organizado.
No Brasil, há sinais claros de uma sociedade que
banaliza a violência, talvez pelos tantos casos. O sangue derramado de um
policial ferido, ou morto, choca num instante, e depois as pessoas retornam à
sua rotina com arranjos para preservar sua segurança.
Todavia, observamos que esses "jeitinhos"
estão ficando insuficientes, onde, daqui a pouco, não haverá mais liberdade de
dar um passo para fora de casa.
Fonte: Extra Globo
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