REDAÇÃO CENTRAL - (ACI/EWTN Noticias) - Embora o encontro não estivesse na lista oficial de
audiências privadas do Papa Francisco, o Vaticano confirmou que a pedido do
Arcebispo Gerhard Muller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Papa
Francisco recebeu na quinta-feira o Padre Gustavo Gutiérrez, o teólogo peruano
considerado como um dos pais da controvertida teologia da libertação. A amizade pessoal do Arcebispo Muller com o teólogo de 85
anos, que entrou para a ordem dos dominicanos ao final dos anos 90, para evitar
estar sob a jurisdição do atual Arcebispo de Lima, Cardeal Juan Luis Cipriani,
gerou uma série de especulações sobre o suposto apoio "oficial" à
teologia da libertação no Vaticano. As especulações dos vaticanistas se geraram logo depois da
difusão pelo jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano (LOR), de um ensaio do
Padre Gutiérrez originalmente publicado como parte de um livro escrito com o
Arcebispo Muller, publicado em alemão faz 9 anos, e traduzido recentemente ao
italiano. O sacerdote peruano apresentou em Roma esta edição. Entretanto, faz alguns meses o sacerdote jesuíta argentino
Juan Carlos Scannone, um dos mais conhecidos representantes da teologia da
libertação na América Latina, explicou que o Papa Francisco, como sacerdote e
arcebispo, nunca apoiou os postulados polêmicos do Padre Gutiérrez!
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(Juan Carlos Scannone) |
Em uma extensa entrevista que aparece no livro publicado
recentemente "Francis Our Brother Our Friend" (Francisco Nosso Irmão
Nosso Amigo" (Ignatius Press, 2013) do diretor do Grupo ACI,
Alejandro Bermúdez, o Padre Scannone, que foi um dos professores do Papa
Francisco em seu processo de formação, explicou que "na
teologia da libertação há distintas correntes, e há uma que é a corrente
argentina".No texto que dentro de pouco será publicado em sua versão
original em espanhol, o Padre Scannone recorda que "o Cardeal Quarracino
(antecessor do Cardeal Bergoglio como Arcebispo de Buenos Aires) apresentou ao
L’Osservatore Romano o primeiro documento da Congregação para a Doutrina da Fé
sobre a teologia da libertação, e ele distinguiu quatro correntes, citando sem
nomear um artigo que eu tinha escrito dois anos antes" - "E há uma corrente argentina, que o mesmo Gustavo
Gutiérrez diz que é uma "corrente com características próprias da teologia da
libertação", que nunca usou categorias do tipo marxista ou a análise marxista da
sociedade, mas sem desprezar a análise social, privilegia uma análise histórica
cultural", explicou.
O perito jesuíta adicionou que:
"Na teologia argentina da libertação, não se usa
a análise social marxista, mas se usa preferentemente uma análise
histórica-cultural, sem desprezar o sócio-estrutural e sem ter como base a luta
de classes como princípio determinante de
interpretação da sociedade e da história".
Segundo Scannone:
"A
linha argentina da teologia da libertação, que
alguns chamam ‘teologia do povo’, ajuda a compreender a pastoral de Bergoglio
como bispo; assim como muitas de suas afirmações e ensinamentos".
Para o Padre Scannone:
"há coisas que
acredito que marcaram de maneira especial o Cardeal Bergoglio, sobretudo o tema
da evangelização da cultura, o tema da piedade popular. Uma coisa muito de
Bergoglio é falar do povo fiel. Quando saiu à sacada (de São Pedro, quando foi
eleito Papa), o primeiro que fez foi pedir que o povo rezasse por ele para que
Deus lhe abençoe, antes de abençoar o povo. Isso é muito dele"!
Scannone acrescenta que:
"Este tipo de teologia sem categorias marxistas, fez parte do ambiente no qual ele
exerceu a sua pastoral. De fato, a
problemática da piedade popular e da evangelização da cultura, e enculturação
do Evangelho, é chave nesta linha
teológica".
FONTE: ACI digital
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