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domingo, 29 de dezembro de 2013

A "divina tragédia" de Belchior

(foto reprodução: Edna Prometheu e Belchior)



Procurado pela polícia e hospedado de favor na casa de fãs, o compositor de clássicos como “Divina comédia humana” protagoniza uma história de amor e decadência!



Divina Comédia Humana

 

*(Belchior)

 

“Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol

Quando você entrou em mim como um Sol no quintal

Aí um analista amigo meu disse que desse jeito

Não vou ser feliz direito

Porque o amor é uma coisa mais profunda que um encontro casual

 

 

Deixando a profundidade de lado

Eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia

Fazendo tudo e de novo dizendo sim à paixão, morando na filosofia

 

 

Eu quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno

Viver a divina comédia humana onde nada é eterno

 

 

Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso

Eu vos direi no entanto

Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não...Eu canto!




 




Capítulo 1 - “No trevo, a 100 por hora”




Paralelas

 

(Belchior)

 

 

Dentro do carro, sobre o trevo a 100 por hora

Oh, meu amor!

Só tens agora os carinhos do motor

 

 

E no escritório em que eu trabalho e fico rico

Quanto mais eu multiplico, diminui o meu amor

 

 

 

Em cada luz de mercúrio vejo a luz do teu olhar

Passas praças, viaduto, nem te lembras de voltar

De voltar, de voltar

 

 

No Corcovado quem abre os braços sou eu

Copacabana, esta semana o mar sou eu

 

 

Como é perversa a juventude do meu coração

Que só entende o que é cruel, o que é paixão

 

 

E as paralelas dos pneus nq água das ruas

São duas estradas nuas em que foges do que é teu

 

 

No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça e grito

Grito quando o carro passa: teu infinito sou eu...





Edna Prometheu é o pseudônimo da produtora cultural Edna Assunção de Araújo, de 46 anos. Morena, de cabelos encaracolados e baixa estatura, não é uma mulher de beleza estonteante.
Militante de organizações de extrema-esquerda, é definida por seus amigos como “idealista utópica”.No começo de 2005, ela estava em São Paulo, no ateliê do artista plástico cearense Aldemir Martins, já morto, quando entrou pela porta o músico Belchior. O cantor de “Paralelas” também pinta quadros e frequenta o ambiente artístico. Edna queria organizar uma exposição de Aldemir no Ceará. Belchior disse que tinha amigos por lá, poderia ajudar. Trocaram telefones.Os dois acabaram organizando juntos a exposição em Fortaleza, naquele mesmo ano. Na volta, Edna ligou para um amigo e contou a novidade: “Estamos namorando”. A partir daí, a vida plácida de Belchior derrapou no trevo a 100 por hora, como diz a letra de “Paralelas”. Para ficar com Edna, ele abandonou a então mulher, Ângela, com quem estava casado havia 35 anos, mãe de dois dos quatro filhos que tem. Afastou-se dos amigos e foi gradativamente deixando de fazer shows, até sumir sem dar explicações, em 2009. “Essa figura nefasta está fazendo uma lavagem cerebral nele”, afirma Jackson Martins, ex-empresário de Belchior. “Depois dela, sua vida só andou para trás”, diz o artista plástico cearense Tota, amigo de Belchior.



 

“A FELICIDADE É UMA ARMA QUENTE”

 



Comentários a Respeito de John

 

(Belchior)

 

Saia do meu caminho

Eu prefiro andar sozinho

Deixem que eu decida a minha vida

 

 

Não preciso que me digam

De que lado nasce o Sol

Porque bate lá meu coração

 

 

Sonho e escrevo em letras grandes de novo

Pelos muros do país

João, o tempo andou mexendo com a gente, sim

John, eu não esqueço

A felicidade é uma arma quente

 

Sob a luz do teu cigarro na cama

Teu rosto rouge, teu batom me diz

 

 

João, o tempo andou mexendo com a gente, sim

John, eu não esqueço

A felicidade é uma arma quente!




“Eles juntaram suas utopias”, diz o amigo José Roberto Aguilar.O desaparecimento de Belchior, há cinco anos, surpreendeu a todos, família e amigos. Ninguém poderia esperar tal atitude. Ele deixou para trás a agenda de shows e todo o patrimônio, incluindo roupas, documentos, quadros, automóveis e apartamento.O sumiço transformou Belchior  em figura cult. A pergunta “onde está Belchior?”Ecoou na internet e teve até repercussão internacional. Surgiram blogs sobre o tema. Campanhas nas redes sociais pediram  a volta do músico. E apareceram montagens cômicas – “memes” – em que Belchior aparece em locais inusitados como a ilha do seriado Lost. Suas músicas no YouTube, que antes tinham 5 mil acessos diários, hoje batem 500 mil.





O sucesso no mundo virtual não trouxe nenhum benefício para o Belchior de carne e osso. Aos 67 anos, ele vive escondido com Edna em Porto Alegre. Não pode sair em público, pois é procurado pela polícia!






1)- Pesam contra Belchior dois mandados de prisão pelo não pagamento de pensões alimentícias. Uma devida à ex-mulher Ângela, com quem tem dois filhos já maiores de idade, e outra à mãe de uma filha de 19 anos que teve fora do casamento.


2)- Além das pensões, Belchior abandonou todos os demais compromissos e é cobrado na Justiça em processos que correm à revelia.


3)- O ex-secretário particular de Belchior, Célio Silva, ganhou um processo trabalhista contra ele no valor de R$ 1 milhão. Não há mais como recorrer.


4)- As contas de Belchior estão bloqueadas, e os imóveis que tinha comprometidos.





Sem dinheiro, ele já se abrigou numa instituição de caridade no Rio Grande do Sul e morou de favor na casa de fãs que nem conhecia.O mais intrigante na espantosa história de Belchior é que ele aparentemente não agiu movido por depressão, dívidas ou golpe publicitário, como se pensou no princípio.A influência da mulher é apontada pela maioria dos amigos como o motivo do seu comportamento. Ainda assim, não há unanimidade.“Edna não conseguiria sozinha virar a cabeça de alguém inteligente como Belchior. São dois sonhadores, juntaram suas utopias. Deixaram de acreditar neste mundo materialista, objetivo e mesquinho e partiram para um caminho de desapego”, diz o artista plástico José Roberto Aguilar, de 72 anos, amigo do casal.Belchior nasceu numa família simples no interior do Ceará. Foi o mais bem-sucedido entre 23 irmãos. Estudou medicina na capital. Abandonou o curso depois de quatro anos, para ingressar na carreira artística. Estourou nos festivais na década de 1970 e compôs músicas com letras poderosas, como “A palo seco”.Seus sucessos foram gravados por Elis Regina, Jair Rodrigues e Roberto Carlos.Belchior é um artista com vasta cultura, domina cinco idiomas, conhece filosofia e gosta de física quântica. Até os anos 2000, lançava em média um disco por ano. “Ele era uma máquina, chegava a fazer três shows por noite. Era uma pessoa completamente dedicada à carreira”, diz o parceiro e ex-sócio Jorge Mello.Tudo isso ficou para trás. O sumiço de Belchior lembra o caso do escritor russo Liev Tolstói:Aos 82 anos, ele abandonou tudo para viver como camponês. Tolstói teve um fim trágico, morreu de pneumonia depois de viajar na terceira classe de um trem durante o inverno soviético. Belchior, quanto mais se afasta da vida em sociedade, mais se afunda em dificuldades mundanas.





Capítulo 2:  “Onde nada é eterno”

 





Depois que conheceu Edna, Belchior percorreu uma trajetória descendente em que, aos poucos, se despojou de todos os bens e obrigações. No final de 2006, ainda com a carreira aquecida, pediu que o empresário Jackson Martins parasse de agendar novos shows. Pretendia passar um tempo se dedicando à pintura e à tradução do poema Divina comédia, de Dante Alighieri, para uma linguagem popular. 
No início do ano seguinte, deixou o apartamento em que vivia com Ângela, mas continuou morando em São Paulo com Edna, num flat alugado. Desde então, a família diz não ter mais notícias dele. Belchior não era um marido muito presente, ficava até dois meses sem aparecer em casa. Teve duas filhas fora do casamento. Uma delas com uma fã que morava em São Carlos, no interior de São Paulo, com quem saiu uma única vez. A outra era fruto de um caso com uma estudante de psicologia no Ceará. Belchior pagava pensão alimentícia para a primeira. A família da segunda menina, hoje com 16 anos, não o acionou na Justiça.As complicações começaram a aparecer em 2008:Ângela cobrava na Justiça uma pensão mensal de R$ 7 mil. Belchior se recusou a pagar. Na época, deixou de pagar também a outra pensão. Seus amigos notaram uma diferença de comportamento. “Ele parecia estranho. Me ligou perguntando sobre amigos que não vemos há 30 anos, num tom de voz que não era o seu”, diz Jorge Mello. Em outubro daquele ano, abandonou um carro no estacionamento do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Belchior continuou em São Paulo até março de 2009, quando deixou o flat sem quitar os últimos meses de aluguel. Na garagem, ele largou um segundo carro, e em seu apartamento ficaram roupas, rascunhos de música, cartões de crédito e o passaporte. Belchior também abandonou tudo na casa alugada onde funcionava seu escritório: coleção de quadros, discos, documentos e o computador onde estava parte da tradução da Divina comédia, projeto que lhe consumira três anos. Seu secretário, Célio Silva, continuou abrindo o escritório, na esperança de que retornasse.



 

RASTROS...





Belchior viajara com Edna para o Uruguai, onde descansava num vilarejo. Foi processado por Célio e por todos os credores que ficaram em São Paulo. Não se defendeu.Foi representado por defensores públicos até nos processos de pensão alimentícia. Como consequência, suas contas foram bloqueadas, e apareceram dois mandados de prisão contra ele, já que não pagar pensão é um crime passível de cadeia. “Como não tive contato com ele, a defesa ficou restrita a questões formais”, diz a defensora Claudia Tannuri, escolhida para defendê-lo no processo movido pela ex-mulher Ângela.Belchior nem sequer se importou com o destino de seus pertences. As roupas que estavam no flat foram doadas à caridade. A filha mais velha recolheu os documentos. Os carros foram levados para depósitos públicos. A dívida com os estacionamentos já ultrapassava seu valor. O proprietário do imóvel onde funcionava o escritório lacrou o lugar e recolheu os pertences. Seus quadros se perderam com a umidade.Como na música “Divina comédia humana”, “em que nada é eterno”, Belchior e Edna perambularam durante todo esse período de hotel em hotel,várias vezes, sem pagar a conta.Amigos culpam Edna pela iniciativa. O primeiro hotel em que isso aconteceu foi o Gran Marquise, em Fortaleza. Os dois ficaram hospedados ali ainda em 2006. Saíram sem pagar dois meses de estadia, no valor de R$ 8 mil. Depois, repetiram a prática em pelo menos quatro locais. No Icaraí Praia Hotel, em Niterói, deixaram uma conta de R$ 4 mil. “Alguns funcionários tiveram de arcar com parte da dívida, já que permitiram que ele ficasse hospedado mais de uma semana sem pagar a conta”, diz o atual gerente, Germano Lopes. No Royal Jardins Boutique, em São Paulo, a conta pendurada foi de R$ 12 mil. “Eles deixaram um cheque caução, mas não tinha fundos”, diz Elly Shimasaki, gerente na ocasião.O caso mais recente foi no hotel Cassino, na cidade de Artigas, no Uruguai, onde o casal se hospedou entre julho de 2011 e novembro de 2012. Os últimos meses ficaram sem pagamento, restando uma dívida de R$ 35 mil. Lá, Belchior deixou para trás roupas e um laptop. “É uma lástima que um artista brasileiro dessa importância tenha agido assim”, diz o gerente uruguaio Ricardo Rodrigues. O hotel entrou com uma queixa criminal contra o casal.







Capítulo 3: “Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco...”






Apenas Um Rapaz Latino Americano

 

(Belchior)

 

 

Eu sou apenas um rapaz latino-americano

Sem dinheiro no banco sem parentes importantes

E vindo do interior

 

 

Mas trago de cabeça uma canção do rádio

Em que um antigo compositor baiano me dizia

Tudo é divino tudo é maravilhoso!

 

 

 

Tenho ouvido muitos discos conversado com pessoas

Caminhado meu caminho

Papo, som, dentro da noite

E não tenho um amigo sequer

Que ainda acredite nisso não

Tudo muda

E com toda razão

 

 

Mas sei que tudo é proibido

Aliás, eu queria dizer

Que tudo é permitido até beijar você no escuro do cinema

Quando ninguém nos vê



Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve

Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve

Sons, palavras, são navalhas

E eu não posso cantar como convém

Sem querer ferir ninguém

Mas não se preocupe meu amigo

Com os horrores que eu lhe digo

Isso é somente uma canção

A vida realmente é diferente

Quer dizer

Ao vivo é muito pior

 

  

Por favor não saque a arma no "saloon"

Eu sou apenas o cantor

Mas se depois de cantar

Você ainda quiser me atirar

Mate-me logo à tarde, às três

Que à noite tenho um compromisso e não posso faltar

Por causa de vocês

 

 

Mas sei que nada é divino

Nada, nada é maravilhoso

Nada, nada é secreto

Nada, nada é misterioso, não...




Nos últimos anos, Belchior se manteve à distância de qualquer atividade remunerada. Em 2009, quando o desaparecimento ganhou repercussão nacional, a montadora General Motors ofereceu um cachê milionário para ele aparecer num comercial. Belchior deveria dizer que, com o novo carro da GM, até ele voltava.
Belchior recusou o convite e ficou bastante chateado com o teor da proposta. O empresário Jackson Martins diz que recebe constantes pedidos para shows, mas não consegue localizá-lo desde 2007.“Pago as dívidas dele se ele voltar”, diz.Outro empresário que trabalhou com Belchior por quase 30 anos, Hélio Rodrigues, diz que o desaparecimento fez aumentar o interesse do público.“Depois do escândalo, ele consegue lotar qualquer casa de espetáculo. Com dois shows em São Paulo, eliminaria as dívidas”, diz.Hoje, a maior pendência de Belchior é o processo trabalhista ganho pelo secretário Célio, no valor de R$ 1 milhão. A causa está julgada. Um apartamento de propriedade do músico em São Paulo está em execução. A dívida da pensão para a ex-mulher Ângela soma cerca de R$ 300 mil. Mas cresce a cada dia, já que Belchior continua obrigado a pagar R$ 7 mil por mês. “O sumiço só agravou a situação dele. Se não tem dinheiro, deveria enfrentar juridicamente o processo, argumentando que não pode pagar”, diz Paulo Sato, advogado de Ângela.A pensão atrasada da filha que mora em São Carlos gira em torno de R$ 90 mil. As dívidas com hotéis cobradas na Justiça somam R$ 47 mil. Não são impagáveis, desde que Belchior volte a se apresentar.A derradeira fonte de renda de Belchior eram os direitos autorais de suas músicas. Segundo o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), nos últimos cinco anos foram depositados R$ 367 mil referentes à execução pública de suas obras.Parte do dinheiro ficou retida quando as contas bancárias foram bloqueadas. Desde então, Belchior não contou com nenhum outro tipo de renda.





Capítulo 4: “Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho...”







Em janeiro deste ano, Edna e Belchior procuraram a Defensoria Pública em Porto Alegre. A história ganhou ingredientes ainda mais estranhos. Os dois alegavam que o bloqueio das contas e os mandados de prisão impediam que ele trabalhasse e voltasse a ganhar dinheiro para pagar as dívidas. Belchior aparentemente estava disposto a voltar. Mas o comportamento do casal era confuso. Edna falava desbragadamente, enquanto Belchior ficava quase sempre calado
. “Durante um mês, me informei sobre os processos que tramitam em São Paulo. Fizemos um pedido judicial para a suspensão da execução, até que ele conseguisse se restabelecer. Nesse meio-tempo, Belchior sumiu”, diz a defensora pública Luciana Kern, que o atendeu.Nesse mesmo período, Edna ligou para o jornalista gaúcho Juremir Machado, que não conhecia. Disse que Belchior estava escondido na cidade e precisava de ajuda. Ela queria que Juremir os levasse à sede regional da TV Record para fazer uma denúncia delirante. Juremir notou algo de incomum no casal. Eles se escondiam atrás de pilastras e ficavam olhando a movimentação nas ruas antes de entrar em algum lugar, como se fossem seguidos.Na retransmissora da TV, Edna afirmou ter um dossiê contra a TV Globo. O programa Fantástico noticiara o desaparecimento de Belchior em 2009 e a fuga do hotel uruguaio, em 2012. “Ela dizia que Belchior era difamado pela Globo e queria justiça. Falou até que havia uma tentativa de matá-lo”, diz a jornalista Vânia Lain, que recebeu os dois. Eles disseram que voltariam na semana seguinte trazendo os documentos, mas desapareceram.




 

CANTOR EM FUGA



Velha Roupa Colorida

 

(Belchior)

 



Você não sente nem vê

Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo

Que uma nova mudança em breve vai acontecer

 

 

E o que há algum tempo era jovem novo

Hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer

Nunca mais meu pai falou "she's leaving home"

E meteu o pé na estrada, like a Rolling Stone

 

 

Nunca mais eu convidei minha menina

Para correr no meu carro (loucura, chiclete e som)

Nunca mais você saiu à rua em grupo reunido

O dedo em V, cabelo ao vento, amor e flor, vejo cartaz

 

 

No presente a mente, o corpo é diferente

E o passado é uma roupa que não nos serve mais

No presente a mente, o corpo é diferente

E o passado é uma roupa que não nos serve mais

Você não sente nem vê

Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo

Que uma nova mudança em breve vai acontecer

 

E o que há algum tempo era jovem novo

Hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer

Como põe, poeta louco americano

Eu pergunto ao passarinho

Pássaro preto, black bird

Pássaro preto o que se faz?

Heaven never

 

Pássaro preto, black bird

Pássaro preto, me responde

Tudo já ficou atrás

Heaven never

 

Pássaro preto, black bird

Pássaro preto, me responde

O passado nunca mais

Você não sente não vê

Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo

Que uma nova mudança em breve vai acontecer

E o que há algum tempo era jovem novo

Hoje é antigo

E precisamos todos rejuvenescer...









(Foto: À esq., com o advogado Jorge Cabral, que hospedou Belchior em seu sítio em Guaíba, Rio Grande do Sul. Acima, à direita, na União Brasileira de Compositores, abaixo, em um hotel no Uruguai, de onde saiu sem pagar a conta - Foto: Reprodução e arq. pessoal)





Em Porto Alegre, Belchior e Edna ficaram inicialmente hospedados num hotel simples no centro, pago com ajuda dos funcionários do Tribunal de Justiça, primeira porta em que o casal bateu quando chegou à capital gaúcha. Depois, foram abrigados no Centro Infanto juvenil Luiz Itamar, instituição de caridade na região metropolitana.Dali, foram levados ao advogado Aramis Nacif, ex-desembargador do Estado, que poderia ajudar Belchior com os processos. “Ele dizia que um agente apareceria, mas nunca apareceu”, diz Nacif. Durante um mês, o casal ficou abrigado na casa de praia do filho dele. “Eles não tinham dinheiro algum. Edna apresentava um sentimento de perseguição muito grande, parecia ter algum distúrbio psicológico”, diz. Foi nesse momento que Belchior conheceu o advogado Jorge Cabral, na casa de quem se hospedou por quatro meses. Cabral tomou um susto ao perceber que um músico importante como Belchior estava ali. E os convidou para ir a um sítio de sua propriedade, em Guaíba, local mais agradável. Belchior e Edna continuavam sem dinheiro. Nesse período, o advogado levou mantimentos, roupas, itens de higiene pessoal e até tintura para Belchior pintar os bigodes de preto.No sítio de Cabral, Belchior não bebia nem comia carne vermelha. Passava os dias tomando chá, caminhando e cuidando das ovelhas. Fazia muitas anotações em papéis, que escondia numa pasta. Durante esse período, gastou duas canetas inteiras. Leu cerca de 40 livros. Não apresentava sinais de depressão. Parecia, segundo Cabral, alheio aos problemas que o cercavam. “Eu imaginava que ele era apenas um compositor nordestino, mas encontrei um artista plástico, um pensador, um filósofo”, diz Cabral. Ele pretende escrever um livro sobre a experiência. Belchior só não gostava de falar sobre sua situação. Recusava-se a tocar violão e cantar. Edna impedia que ele fosse fotografado. O casal também não tomava nenhuma providência para resolver os problemas jurídicos. “A gente esperava que a situação se resolvesse, mas não acontecia nada. E aquilo não condizia com um homem lúcido, com memória fantástica, que fala várias línguas e tem uma quantidade enorme de músicas gravadas”, diz Jorge Cabral.“Esse tempo que ele falou que daria na carreira já está longo demais. Só queremos notícias dele”, diz a irmã, Ângela Belchior.Belchior não apareceu nem no enterro da mãe, que morreu em 2011. Por telefone, a ex-mulher Ângela soa reticente. Não gosta de falar sobre um assunto tão delicado com a imprensa. Ela conta que, desde 2007, Belchior não entra em contato nem com os filhos. “Não entendo. Os empresários dele não entendem”, diz.Em julho deste ano, Cabral pediu que o casal saísse, dado que Belchior e Edna não davam sinal de acabar com aquela situação de total dependência. Ele os deixou na porta da sede regional da União Brasileira de Compositores, com R$ 50 no bolso. Na União, Belchior tentou desbloquear o pagamento de seus direitos autorais, comprometido pelos processos na Justiça. Não conseguiu. Belchior foi visto pela última vez na entrada do prédio, um edifício moderno num bairro de classe média de Porto Alegre, em frente a uma avenida bastante movimentada. Carregava uma pequena mala nas mãos e material de pintura debaixo do braço. Belchior  na belíssima letra de “Comentário a respeito de John”, ele cantava “eu prefiro andar sozinho”... mas estava como sempre, ao lado de Edna.  







Fonte:http://epoca.globo.com/vida/noticia/2013/12/divina-tragedia-de-bbelchiorb.html








*Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, mais conhecido como Belchior (Sobral-CE. 26 de outubro de 1946 — Falecido em Santa Cruz do Sul-RS, em 30 de abril de 2017, aos 70 anos).  Sua  ex-mulher diz que artista teve um infarto; o corpo foi levado à cidade de Sobral, onde foi enterrado. Ícone enigmático, o músico compôs clássicos como 'Velha roupa colorida' e 'Como nossos pais'. A polícia informou que o artista morreu de causas naturais. Foi um dos ícones mais enigmáticos da música popular no Brasil, com quase 40 anos de carreira.  Teve o primeiro sucesso nos anos 70 ao lado do também cearense Fagner, com a faixa "Mucuripe". Com o disco "Alucinação" (1976), lançou clássicos como as faixas "Apenas um rapaz latino-americano", "Velha roupa colorida" e "Como nossos pais", essa última que se tornou conhecida na voz da cantora Elis Regina. Segundo o colunista do G1, Mauro Ferreira, o cantor não tinha paradeiro certo desde 2008.





Confira as 11 melhores músicas da carreira de Belchior




Por Renata Arruda

 



 





Após abandonar a carreira em 2008 e desaparecer dos holofotes, Belchior conquistou os corações de uma nova geração de admiradores, que devolveu ao cantor o reconhecimento que ele merecia! 





As 11 melhores músicas de Belchior





1)-Alucinação




"Eu não estou interessado em nenhuma teoria,

Em nenhuma fantasia, nem no algo mais

Nem em tinta pro meu rosto ou oba oba, ou melodia

Para acompanhar bocejos, sonhos matinais

Eu não estou interessado em nenhuma teoria,

Nem nessas coisas do oriente, romances astrais

A minha alucinação é suportar o dia-a-dia,

E meu delírio é a experiência com coisas reais..."




Alucinação reflete a visão de uma pessoa vinda de fora, que observa a rotina caótica de uma capital como São Paulo, onde Belchior escreveu a canção: pessoas marginalizadas, solidão, violência, tráfego, a efervescência da juventude. Presente no álbum de mesmo nome, a canção traz o célebre verso "Amar e mudar as coisas me interessa mais".

 



 

2)-Sujeito de Sorte



"Tenho sangrado demais

Tenho chorado pra cachorro

Ano passado eu morri

Mas esse ano eu não morro"



Mais uma faixa do álbum Alucinação! Sujeito de Sorte não foi um grande sucesso na época do seu lançamento. Ainda assim, ela foi ressignificada pelas redes sociais, e a frase "Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro" foi transformada em um slogan de esperança e de resistência. O rapper Emicida, por exemplo, incluiu um sample da música na forte AmarElo. O que muita gente não sabe é que esses versos foram escritos pelo repentista paraibano Zé Limeira, conhecido como o "poeta do absurdo".

 


 

3)-Tudo Outra Vez




"Minha rede branca

Meu cachorro ligeiro

Sertão, olha o Concorde

Que vem vindo do estrangeiro

O fim do termo saudade

Como o charme brasileiro

De alguém sozinho a cismar"




Presente no álbum "Era Uma Vez Um Homem e Seu Tempo", Tudo Outra Vez foi lançada em 1979, mesmo ano em que foi promulgada a Lei da Anistia. Por isso, foi adotada como uma expressão do "sentimento dos exilados" pela ditadura.

 

 

 

4)-Apenas Um Rapaz Latino-Americano




"Eu sou apenas um rapaz latino-americano

Sem dinheiro no banco sem parentes importantes

E vindo do interior

Mas trago de cabeça uma canção do rádio

Em que um antigo compositor baiano me dizia

Tudo é divino tudo é maravilhoso!"




Apenas Um Rapaz Latino-Americano é o maior sucesso de Belchior! Composta durante a ditadura, a faixa faz um contraponto à canção Divino Maravilhoso, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, para criticar o autoritarismo do regime militar.





"Mas não se preocupe, meu amigo

Com os horrores que eu lhe digo

Isto é somente uma canção

A vida realmente é diferente

Quer dizer, ao vivo é muito pior"




5)-Coração Selvagem





Meu bem, vem viver comigo, 

Vem correr perigo, vem morrer comigo...




Quem resiste a um verso assim? Lançada no álbum homônimo, Coração Selvagem é uma intensa música de amor.

 

 

 

6)-Comentários a Respeito de John (Saia do Meu Caminho)



"Saia do meu caminho

Eu prefiro andar sozinho

Deixem que eu decida a minha vida

Não preciso que me digam

De que lado nasce o Sol

Porque bate lá meu coração"




Popularmente "conhecida como Saia do Meu Caminho", Comentários a Respeito de John é uma parceria entre o compositor José Luiz Penna e Belchior, que reformou a letra original. Segundo declaração do cantor, a música é um comentário a respeito de John Lennon e a ideia de felicidade presente na canção "Happiness Is a Warm Gun", dos Beatles.

 

 

 

7)-Divina Comédia Humana




"Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso

Eu vos direi no entanto:

Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não

Eu canto..." 




Com citação do poema "Ouvir Estrelas", de Olavo Bilac, e referência ao livro A Divina Comédia, de Dante Alighieri, Divina Comédia Humana é uma música que fala sobre o amor sensual, que pode levar a gente tanto ao céu quanto ao inferno.

 

 



8)-A Palo Seco




"Tenho vinte e cinco anos

De sonho e de sangue

E de América do Sul

Por força deste destino

Ah você sabe e eu tambem sei

Um tango argentino

Me vai bem melhor que um blues"




"Cante a palo seco" é um termo espanhol para se referir a um "tipo de flamenco cantado a capella, sem acompanhamento de música".Foi utilizado por João Cabral de Melo Neto em seu poema A Palo Seco e acredita-se que esta tenha sido a inspiração de Belchior. Assim, A Palo Seco já avisa logo no título a que veio: uma música que fala do desespero de uma juventude oprimida pelo regime militar e que ainda procura exaltar a cultura latino-americana, tema sempre presente na obra de Belchior.

 



 

9)-Medo de Avião




"Foi por medo de avião

Que eu segurei pela primeira vez a tua mão

Agora ficou fácil, todo mundo compreende

Aquele toque Beatle, I wanna hold your hand"




Quando se pensa em medo de voar, Medo de Avião é uma música que logo vem à cabeça. No entanto, Belchior declarou que nunca teve medo de avião na vida! Em uma entrevista, o músico declarou que fez a canção simplesmente porque via vários artistas sofrerem com este problema, como Vinícius de Moraes, que gritava nomes de santos desconhecidos ao pisar em uma aeronave.

 

 

 

10)- Velha Roupa Colorida




"Você não sente nem vê

Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo

Que uma nova mudança em breve vai acontecer

E o que há algum tempo era jovem e novo, hoje é antigo

E precisamos todos rejuvenescer"




Velha Roupa Colorida trata da "necessidade de se deixar o passado para trás e abrir espaço para o novo": no caso, a superação dos ideais do movimento hippie. Aqui Belchior faz inúmeras referências a ícones estrangeiros, como os Beatles, os Rolling Stones e o poeta Edgar Allan Poe, como exemplos de uma cultura importada que deveria ser superada.

 



 




 

11)- Como Nossos Pais



"Quero lhe contar como eu vivi

E tudo o que aconteceu comigo

Viver é melhor que sonhar!

Eu sei que o amor

É uma coisa boa

Mas também sei

Que qualquer canto

É menor do que a vida

De qualquer pessoa"




Um grande clássico da música brasileira, Como Nossos Pais está presente no álbum Alucinação, mas ficou famosa mesmo na voz de Elis Regina. Como outras canções do disco, a letra foi composta durante o regime militar e fala sobre o conservadorismo e a desilusão da juventude. Foi considerada pela revista Rolling Stone Brasil como uma das 100 Maiores Músicas Brasileiras de todos os tempos. A música Como Nossos Pais, que fala sobre o conflito de gerações acentuado pela repressão da ditadura militar, foi composta na década de 70 por Belchior e imortalizada na voz da musa Elis Regina. A canção foi lançada no álbum Alucinação, tornou-se um dos maiores clássicos da música popular brasileira e aparece na revista Rolling Stone entre as 100 melhores músicas brasileiras da história. Recentemente, Como Nossos Pais voltou a chamar a atenção do público ao ser utilizada na campanha publicitária que celebra os 70 anos da Volkswagen. Nela, foram utilizados recursos de inteligência artificial para recriar Elis Regina, que aparece cantando a canção com sua filha, Maria Rita: A música foi escrita num período conturbado da história brasileira, bem no meio da ditadura civil-militar, e isso influenciou bastante na composição de Belchior, assim como em várias outras canções da época.




Entenda o verdadeiro significado de cada verso de Como Nossos Pais

 



Como dissemos, Como Nossos Pais fala sobre um problema muito comum em qualquer época da história: o conflito de gerações. Só que, com toda a repressão na ditadura, esse conflito foi acentuado e gerou um incômodo muito maior. É justamente essa a palavra que Belchior usou para descrever a sensação trazida pela canção: incômodo. Ele descrevia Como Nossos Pais como uma música amarga, que questiona a acomodação. Confira a seguir a análise verso por verso e entenda direitinho o significado de Como Nossos Pais:




 

Primeira parte: conselhos





Não quero lhe falar

Meu grande amor

Das coisas que aprendi

Nos discos

Quero lhe contar como eu vivi

E tudo o que aconteceu comigo




Belchior começa a música nos dizendo que quer contar algo com base em sua experiência pessoal, e não no que estudou. Sabemos que, às vezes, valorizamos muito mais o conhecimento escrito do que o oral, e talvez o autor tenha tentado fazer uma crítica a isso.A música tem um tom de conselho: a princípio, é como se alguém mais velho — talvez um pai — falasse com alguém mais jovem.




Viver é melhor que sonhar!

Eu sei que o amor

É uma coisa boa




Aqui temos dois conselhos de Belchior que podemos adotar pra vida: apesar de tudo, viver a realidade é melhor do que fantasiar, e o amor é, sim, uma coisa boa.




Mas também sei

Que qualquer canto

É menor do que a vida

De qualquer pessoa




No entanto, o compositor também lembra poeticamente, que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa. Não sabemos se esse canto se refere à música ou a um lugar, mas o significado é o mesmo: independente do que seja, a vida das pessoas importa mais.




Por isso, cuidado, meu bem

Há perigo na esquina




Aqui temos uma referência à violência na época da ditadura: se a vida vale mais que o canto, é preciso ter cautela para preservá-la, porque o perigo está por todos os lados.



 

Parte 2: crítica à juventude




Eles venceram e o sinal

Está fechado pra nós

Que somos jovens




Afinal, quem são “eles”? Pode ser uma referência aos militares...Algo aconteceu e fechou a porta para a juventude. É aqui que entendemos que, na verdade, se trata de um jovem falando para outros da mesma geração.




Para abraçar seu irmão

E beijar sua menina na rua

É que se fez o seu braço

O seu lábio e a sua voz




Falando sobre Como Nossos Pais, Belchior comentou que a música é uma crítica à inércia da juventude, que se acomodou quando não devia e parou de questionar.Esse trecho da letra pode ser percebido como uma provocação, tentando instigar o ouvinte a ir atrás do que é dele por direito. Ao mesmo tempo, pode ser entendido como uma crítica à censura das coisas mais banais, como as reuniões na rua.



 

 

Você me pergunta

Pela minha paixão

Digo que estou encantado

Como uma nova invenção

Eu vou ficar nesta cidade

Não vou voltar pro sertão

Pois vejo vir vindo no vento

Cheiro de nova estação

Eu sinto tudo na ferida viva

Do meu coração

 

 

Belchior nasceu em Sobral, no Ceará, e se mudou para o sudeste em busca de melhores oportunidades de carreira. Sabemos que a repressão durante a ditadura era mais forte nas grandes cidades, e talvez alguns considerassem uma boa ideia voltar para o interior. No entanto, Belchior, que era amante da arte e estava sempre trabalhando em algo novo, mostra na música sua crença na mudança e esperança por dias melhores.

 

 

Já faz tempo

Eu vi você na rua

Cabelo ao vento

Gente jovem reunida

Na parede da memória

Essa lembrança

É o quadro que dói mais

 

 

Voltamos ao questionamento com a juventude: resumindo em poucas palavras, o cantor nos diz que faz muito tempo que ninguém faz nada, que todos estão acomodados e que lembrar dos tempos em que a juventude se reunia é o que mais dói nele.

 

 


Parte 3: repetição do comportamento dos “pais”





Minha dor é perceber

Que apesar de termos

Feito tudo o que fizemos

Ainda somos os mesmos

E vivemos

Ainda somos os mesmos

E vivemos

Como os nossos pais

 


 

Aqui chegamos à conclusão da música. Depois de tudo o que já foi dito e questionado, ele conclui que a juventude se tornou justamente aquilo que criticava. Esse parágrafo precisa do anterior para ser entendido: os jovens se reuniam, lutavam nas ruas, mas hoje já não lutam mais. Depois de tudo o que fizeram, acabaram se acomodando e cedendo ao conformismo da geração anterior.




Nossos ídolos

Ainda são os mesmos

E as aparências

Não enganam não

Você diz que depois deles

Não apareceu mais ninguém

 

 

 

Apesar de os jovens afirmarem que algo mudou, na verdade são só as mesmas coisas que aparecem disfarçadas de novidade.




Você pode até dizer

Que eu tô por fora

Ou então

Que eu tô inventando

 

Mas é você

Que ama o passado

E que não vê

É você

Que ama o passado

E que não vê

Que o novo sempre vem





Mais uma vez o tom de conselho fica claro. O compositor reforça suas ideias, contra-argumenta e ressalta a necessidade de esperança.

 

 

Hoje eu sei

Que quem me deu a ideia

De uma nova consciência

E juventude

Tá em casa

Guardado por Deus

Contando o vil metal

 



 






Quem quer que seja que inspirou a consciência crítica no autor, hoje está parado em casa, talvez tenha se conformado com a situação atual ou até aprendido a gostar dela. Vil metal é uma forma poética de se referir ao dinheiro. De certa forma, a música é um pedido para que a juventude dê continuidade a seu papel de contestar e buscar renovação, seguindo a consciência que foi despertada e não se deixando levar pelo comodismo de se contentar com o que foi feito e estabelecido pela geração passada.

 

 

 

 

 

Fonte: https://www.letras.mus.br/blog/as-melhores-de-belchior/









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