(AFONSO BENITES São
Paulo 30 AGO 2014)
Pressionada por
grupos conservadores e evangélicos, a candidata do Partido Socialista
Brasileiro (PSB) à presidência, Marina Silva, mudou o seu programa de governo
voltado para a comunidade homossexual.
Menos de 24 horas após lançar as diretrizes da campanha eleitoral, o
partido informou à imprensa que houve uma “falha processual na editoração” do
documento.
Conforme o comunicado
dos socialistas, o trecho do programa que trata das questões das lésbicas,
gays, bissexuais e transgêneros “não contempla a mediação entre
os diversos pensamentos que se dispuseram a contribuir para sua formulação e os
posicionamentos de Eduardo Campos e Marina Silva a respeito da definição de
políticas para a população LGBT”.
Marina é evangélica
da igreja Assembleia de Deus e, conforme a última pesquisa Datafolha divulgada
na sexta-feira, lidera entre os que têm essa preferência religiosa. O mesmo
levantamento mostra que ela seria eleita presidenta no segundo turno, se as
eleições fossem hoje.
Declarado apoiador do
Pastor Everaldo (PSC) para a presidência, o líder da igreja neopentecostal
Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia criticou veementemente a
proposta de Marina por meio de sua conta no Twitter, que tem 774.041
seguidores:
“O programa de governo de Marina é uma defesa vergonhosa da agenda gay”,
reclamou Malafaia.
Assim como ele, o
deputado federal Eduardo Cunha (PMDB do Rio de Janeiro), também reclamou das
propostas da ex-senadora dizendo, também na rede social, que:
“Os posicionamentos eram contrários à família”
Cunha é um dos
principais membros da bancada evangélica no Congresso Nacional. É um feroz
defensor de causas conservadoras.
Antes das alterações,
o programa de Marina havia sido elogiado por defensores de causas homossexuais,
como o deputado Jean Wyllys(PSOL do Rio de Janeiro). Em entrevista ao jornal O
Estado de S. Paulo, ele havia dito que as propostas davam “um chega para lá no
fundamentalismo religioso”. Depois das mudanças, ele reclamou pelos eu
Twitter dizendo que:
“A candidata havia brincado com a esperanças de milhões de pessoas.Tem
políticos que descumprem suas promessas de campanha depois de eleitos. Marina
já fez isso mais de um mês antes do primeiro turno.”
Em um ato de campanha na Rocinha, na zona sul do Rio,
Marina negou ter retificado o programa eleitoral:
"Não foi uma revisão. Na verdade nós tivemos dois problemas no
programa. Um em relação à questão nuclear, que era da parte Ciência e
Tecnologia, uma questão que não havia sido acordada com Eduardo [Campos]. Na
parte LGBT, o texto que foi para redação foi a parte apresentada pelos
movimentos sociais. Todos os movimentos sociais apresentaram propostas e se
contemplou tanto quanto possível as propostas", disse à imprensa.
Segundo a candidata,
algumas das diretrizes divulgadas na sexta-feira eram as pautas dos setores e não
tinham sido aprovadas pela candidatura.
Principais mudanças:
Em sua primeira
versão, o programa de Marina previa articular a votação de um projeto de lei
(de número 122/06) que equipara a discriminação baseada a orientação sexual ao
crime de racismo. Ou seja, criminaliza a homofobia. Com a mudança, a candidata
deixará de apoiar essa proposta.
Ela desistiu também
de distribuir material didático nas escolas públicas para educar as crianças e
adolescentes sobre as questões de gênero sexual. Em 2011, o governo de Dilma
Rousseff (PT) tentou distribuir um material com esse mesmo objetivo, mas após a
reação adversa das bancadas religiosas, retirou as publicações e as inserções
publicitárias de circulação. Na época, as peças produzidas pelo
Ministério da Educação foram batizadas de “kit gay”.
Um outro ponto
alterado no programa da socialista foi o incondicional apoio à adoção de
crianças por pessoas do mesmo sexo. Antes, assim pregava sua cartilha:
“Eliminar obstáculos à adoção de
crianças por casais homoafetivos”. Agora, ficou desta maneira: “Como nos
processos de adoção interessa o bem-estar da criança que será adotada, dar
tratamento igual aos casais adotantes, com todas as exigências e cuidados
iguais para ambas as modalidades de união, homo ou heterossexual”.
A questão ambiental
também foi alterada no programa. Ministra do Meio Ambiente no Governo Lula da
Silva (PT) e um dos principais nomes entre os ambientalistas brasileiros,
Marina propôs que a energia nuclear fosse usada como uma fonte energética para
o Brasil.
Também por meio de um comunicado, a campanha da candidata informou que
houve um erro de revisão e que ela é contra usinas nucleares e que defenderá,
caso eleita, o uso de fontes renováveis e sustentáveis, como “solar, eólica, de
biomassa, geotermal, das marés, dos biocombustíveis de segunda geração".
A versão que consta
do site da candidatura Marina Silva e Beto Albuquerque ainda será alterada
antes de ser reimpressa, segundo a assessoria.
FONTE:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/08/30/politica/1409428082_344003.html
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